domingo, 8 de janeiro de 2023

Crítica: O Menu (2022)


Conhecido por dirigir episódios de séries de sucesso como Game of Thrones, Shameless e Sucession, Mark Mylod volta ao cinema depois de onze anos com O Menu (The Menu), um filme que mistura elementos de comédia e terror, e apresenta uma sátira inteligente e perspicaz sobre a burguesia e a sociedade das aparências.


O filme começa com um grupo de pessoas da alta sociedade embarcando em um iate rumo a uma ilha distante, onde fica localizado o conceituado restaurante do chef Slowik (Ralph Fiennes). Só o ingresso para a experiência gastronômica custa mais de mil dólares por pessoa, o que já demonstra ser uma realidade muito distante e restrita apenas às pessoas com muito dinheiro. Entre elas está Tyler (Nicholas Hoult), que sonha se tornar um chef de renome um dia e vê na figura de Slowik quase um Deus, apesar de sua personalidade excêntrica. Quem acompanha ele é Margot (Anya Taylor-Joy), que aparentemente foi levada junto às pressas só porque é proibido ir sozinho ao local.

Junto deles ainda tem outros clientes que esbanjam "prestígio", como um ator de cinema e sua assistente, funcionários do mercado financeiro e uma das principais críticas gastronômicas do país. De forma teatral, Slowik e sua equipe iniciam a degustação dos pratos, e a partir de então o filme segue em forma de capítulos, cada um recebendo o nome do prato ofertado aos clientes na ocasião. Pouco a pouco eles vão ficando incomodados com os atos que acompanham os pratos, que vão ficando cada vez mais violentos e estranhos até atingir níveis bizarros de escatologia.

No meio do ricos, a personagem de Anya Taylor-Joy acaba sendo o ponto fora da curva. Enquanto todos ficam extasiados, ela não sente a mínima vontade de comer aquelas comidas elaboradas, até por ser a única que não faz parte da elite e não está acostumada com toda essa ostentação. O que ela queria mesmo era um bom e velho "xis burguer", e a gastronomia acaba sendo usada como ponto central para a crítica social que o filme pretende trazer. A maioria está ali apenas pelo status, em um claro retrato da sociedade de hoje em dia que parece querer fazer coisas apenas para poder postar na internet.


Infelizmente, na medida em que o roteiro ia evoluindo, eu ia ficando cada vez mais incomodado com a complacência dos personagens diante dos atos que vão acontecendo, e isso me desprendeu um pouco da história. Entendo que talvez seja uma crítica ao culto cego que as pessoas tem por celebridades, que as fazem não recriminar suas ações erradas por mais repugnantes que sejam, mas ainda assim foi bem difícil de engolir certas omissões. O destaque mesmo fica por conta da atuação brilhante de Ralph Fiennes na pele de um homem misterioso e extremamente controverso, e que acaba rendendo ótimos momentos isolados.
 

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