sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Crítica: Corsage (2022)


Representante da Áustria no Óscar de melhor filme internacional, Corsage se passa na Viena dos anos 1880, quando o país era comandado pelo imperador Francisco José I e sua esposa, a Imperatriz consorte Elizabeth. Sissi, como também era conhecida, nunca quis estar no lugar onde estava, e vivia uma vida triste e solitária, ainda que passasse a imagem de imponência quando estava diante das responsabilidades do cargo. E é sobre essa personalidade desconhecida da monarca que se trata o filme de Marie Kreutzer.


Ao completar 40 anos de idade, Elizabeth (Vicky Krieps) vive uma série de conflitos internos, sobretudo quando envolve sua aparência. Ela passa a se sentir muito velha para o cargo, e isso se dá muito mais pela pressão externa do que pelos seus próprios pensamentos, já que na época existia esta visão de envelhecimento precoce por conta da baixa expectativa de vida. Ela se vê cada vez mais forçada a entrar nos padrões que a sociedade impunha, e isso afeta não apenas sua saúde física como também sua saúde mental. Os únicos momentos em que a imperatriz se sente bem é quando está fazendo coisas fora desta realidade sufocante, como quando anda a cavalo ou quando mantém um caso com seu jovem instrutor.

 

O roteiro poderia facilmente seguir a linha de outros filmes biográficos de época que acabam caindo na mesmice e no tédio, porém a direção consegue incluir elementos que não deixam isso acontecer. Dentre os pontos que mais me chamaram a atenção, eu destaco os pequenos alívios cômicos que surgem principalmente por conta da personalidade conflitante da protagonista, e que acabam deixando o filme muito mais leve do que era de esperar. Também gostei muito da fotografia do filme e da representação da época, tanto nos cenários como nos figurinos. Há ainda um momento muito especial que me marcou, onde um dos personagens fala para a Imperatriz que está criando uma máquina capaz de fazer com que fotos ganhem movimentos, remetendo desta forma aos primórdios do cinema e contextualizando uma época onde esta tecnologia estava recém engatinhando.

 


A atriz luxemburguense Vicky Krieps está muito bem no papel de Elizabeth, e consegue passar com muita veracidade o sentimento de melancolia que a personagem carregou durante quase toda sua vida. Aliás, o próprio nome do filme deriva do espartilho que ela usava para reduzir cada vez mais a sua cintura, e serve como metáfora à maneira que ela foi ficando cada vez mais presa dentro do seu próprio casulo e da sua própria realidade sufocante.

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