terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Crítica: M3GAN (2022)


Sempre que vejo alguma notícia sobre um novo robô de inteligência artificial criado pelo homem, me vem o questionamento: e se esse robô simplesmente parasse de obedecer os comandos e começasse a agir descontroladamente matando ou ferindo pessoas? A ficção científica também já pensou nisso, é claro, e temos alguns bons exemplos no cinema sobre isso. E se a vida muitas vezes imita a arte, não posso deixar de mencionar o quanto algumas criações do homem nos últimos anos tem se aproximado cada vez mais de uma linha perigosa, e uma rápida pesquisa no Google não me deixa mentir.



No filme dirigido por Gerard Johnstone, M3gan, ou mais precisamente "Modelo 3 de Android Generativo", é uma boneca concebida para ser uma grande revolução no mundo dos brinquedos. Se há muito tempo atrás as bonecas eram feitas de panos, agora, com a competição dos eletrônicos, elas precisam ser muito mais do que isso para chamar a atenção das crianças. E no caso de M3GAN, ela fala, interage com reações e expressões espontâneas, e até mesmo ensina a criança que estiver em posse dela, sendo sua maior companheira.

A responsável pela criação do projeto é Gemma (Allison Williams), que vinha sofrendo pressão da empresa onde trabalha para criar algo que revolucionasse o mercado dos brinquedos e batesse qualquer concorrência. E com a boneca, ela aparentemente conseguiu. Gemma também acaba ficando responsável por cuidar da sobrinha Cady (Violet McGraw), após os pais morrerem em um acidente de carro, e a menina se torna uma espécie de "cobaia" do protótipo, de quem ela não desgruda um minuto sequer.

A boneca acaba sendo uma metáfora em relação ao vício que as crianças de hoje em dia têm com a tecnologia, onde ficam completamente dependentes e acabam, muitas vezes, não desenvolvendo partes importantes do crescimento como a sociabilidade, justamente por não ter tanto convívio com outras crianças. Hoje o que mais vemos são crianças presas em tablets e celulares, e que parecem não saber mais o que é se divertir sem isso. E mais do que isso, com total aval dos pais, que vêem nisso uma forma de prender a atenção dos filhos enquanto fazem outras coisas.


Neste ponto, o filme acerta em cheio na crítica. Porém, por mais que levante essa discussão importante em relação a criação das crianças, M3GAN é um filme que não tem a mínima intenção de ser levado a sério, e não esconde isso. Algumas cenas são realmente bizarras, mas estranhamente acabam sendo boas e engraçadas em um contexto geral. Fica bem nítido que temos aqui uma tentativa de criar um novo personagem icônico, ao estilo "Chucky" ou "Anabelle", e só o tempo dirá se isso deu certo ou não.


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