Sempre que vejo alguma notícia sobre um novo robô de inteligência artificial criado pelo homem, me vem o questionamento: e se esse robô simplesmente parasse de obedecer os comandos e começasse a agir descontroladamente matando ou ferindo pessoas? A ficção científica também já pensou nisso, é claro, e temos alguns bons exemplos no cinema sobre isso. E se a vida muitas vezes imita a arte, não posso deixar de mencionar o quanto algumas criações do homem nos últimos anos tem se aproximado cada vez mais de uma linha perigosa, e uma rápida pesquisa no Google não me deixa mentir.
No filme dirigido por Gerard Johnstone, M3gan, ou mais
precisamente "Modelo 3 de Android Generativo", é uma boneca concebida
para ser uma grande revolução no mundo dos brinquedos. Se há muito tempo
atrás as bonecas eram feitas de panos, agora, com a competição dos
eletrônicos, elas precisam ser muito mais do que isso para chamar a
atenção das crianças. E no caso de M3GAN, ela fala, interage com reações
e expressões espontâneas, e até mesmo ensina a criança que estiver em
posse dela, sendo sua maior companheira.
A responsável pela
criação do projeto é Gemma (Allison Williams), que vinha sofrendo
pressão da empresa onde trabalha para criar algo que revolucionasse o
mercado dos brinquedos e batesse qualquer concorrência. E com a boneca,
ela aparentemente conseguiu. Gemma também acaba ficando responsável por
cuidar da sobrinha Cady (Violet McGraw), após os pais morrerem em um
acidente de carro, e a menina se torna uma espécie de "cobaia" do
protótipo, de quem ela não desgruda um minuto sequer.
A boneca
acaba sendo uma metáfora em relação ao vício que as crianças de hoje em
dia têm com a tecnologia, onde ficam completamente dependentes e acabam,
muitas vezes, não desenvolvendo partes importantes do crescimento como a
sociabilidade, justamente por não ter tanto convívio com outras
crianças. Hoje o que mais vemos são crianças presas em tablets e
celulares, e que parecem não saber mais o que é se divertir sem isso. E
mais do que isso, com total aval dos pais, que vêem nisso uma forma de
prender a atenção dos filhos enquanto fazem outras coisas.
Neste ponto, o filme acerta em cheio na crítica. Porém, por mais que levante essa discussão importante em relação a criação das crianças, M3GAN é um filme que não tem a mínima intenção de ser levado a sério, e não esconde isso. Algumas cenas são realmente bizarras, mas estranhamente acabam sendo boas e engraçadas em um contexto geral. Fica bem nítido que temos aqui uma tentativa de criar um novo personagem icônico, ao estilo "Chucky" ou "Anabelle", e só o tempo dirá se isso deu certo ou não.
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