sexta-feira, 15 de abril de 2022

Crítica: X (2022)


O termo "Slasher" surgiu em meados da década de 1970 para designar filmes de terror que geralmente consistem em um assassino psicopata matando de forma aleatória, e alguns exemplos clássicos são O Massacre da Serra Elétrica (1974), Halloween (1978) e Pânico (1996). Dirigido por Ti West e produzido pela A24, "X" revisita o subgênero e já chega dividindo opiniões, ou em outras palavras, dividindo o sentimento do público entre "ame ou odeie".


Com uma apaixonante atmosfera setentista, uma ótima trilha sonora e uma fotografia impecável, o filme me surpreendeu bastante do início ao fim, e mesmo não sendo um grande apreciador de filmes de terror, já o considero um dos trabalhos mais diferenciados do ano até então, seja pela sua originalidade, ou pela simples coragem do diretor de fazer um filme totalmente despido de pudores numa época em que isso tem sido raro de ver.

A história se passa nos anos 1970 e acompanha um grupo que está viajando de Houston para uma cidade no interior do Texas a fim de gravar um filme pornográfico em uma fazenda. Entre eles estão o produtor Martin (Wayne Gilroy) o diretor iniciante RJ (Owen Campbell) com sua namorada Lorraine (Jenna Ortega), e os atores do filme Jackson (Kid Cudi), Bobby-Lynne (Brittany Show) e Maxine (Mia Goth). Quem os recebe é o dono do lugar, um senhor de idade já avançada e que é bem pouco amistoso, mas ainda assim aceita alugar um espaço da fazenda por uns dias, sem fazer ideia dos verdadeiros planos do grupo. Aos poucos, porém, tanto o senhor como a sua esposa começam a ter interesses um tanto curiosos em relação a estes hóspedes.

A direção acerta em cheio ao criar o suspense do filme de forma lenta e gradativa. Quem espera um filme com ação e mortes desde o começo pode ficar um pouco decepcionado, mas eu gostei do desenvolvimento dos personagens e da maneira como as mortes começam a acontecer. Aliás, sobre os personagens, é bom dizer que, diferente de outros filmes do mesmo estilo, eles não têm atitudes burras que fazem a gente pensar "poxa, por que ele fez isso?", e até certo ponto agem de acordo como qualquer um de nós agiria, o que achei bem verossímil.

 

Quando o filme atinge o seu ápice, o diretor não economiza no sangue e nas cenas "gore", assim como também não economiza nas cenas de erotismo, porém sem utilizar nada disso de forma gratuita. Ele inclusive traz questões até mesmo profundas sobre a liberdade sexual, numa época em que isso ainda era um grande tabu, principalmente em relação às mulheres. Desejo e morte de certa forma se conectam nesta estranha história, por mais medonho que isso possa parecer, e o final acaba sendo bem satisfatório.


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