quarta-feira, 30 de setembro de 2015

As 5 melhores atuações de Marion Cottilard

Nascida em Paris no dia 30 de setembro de 1975, Marion Cottilard é considerada, com méritos, uma das melhores atrizes do cinema atual. Filha de um casal de atores e dramaturgos, Cottilard sempre conviveu com o mundo das artes participando de peças de teatro desde criança, mas foi somente em 1994 que ela apareceu pela primeira vez no cinema, na comédia romântica A História do Garoto que Queria ser Beijado.

De lá para cá a atriz já participou de mais de 50 produções, entre longas e curta-metragens. Sua estreia como protagonista foi em Chloé, lançado em 1996, onde contracenou com a veterana Anna Karina. Ainda na década de 90 ela participou do seu primeiro grande sucesso: Táxi, de Gérard Pirès, onde chegou a ser indicada ao César na categoria de melhor atriz revelação. Em 2001, Cottilard recebeu sua segunda indicação ao César pelo filme Les Jolies Choses, e no mesmo ano protagonizou o suspense Une Femme Piégée, onde também recebeu inúmeros elogios. 

O ano de 2003 ficou marcado por ser o ano em que o nome da atriz finalmente viajou para além da fronteira francesa. Ao estrelar os filmes Amor ou Consequência, de Yann Samuell, e Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas, de Tim Burton, o nome de Cottilard começou a ganhar notoriedade ao redor do mundo. Um ano depois ela foi agraciada em Cannes com o troféu de atriz revelação, além de receber o prêmio César de melhor atriz coadjuvante por seu papel em Eterno Amor, de Jean-Pierre Jeunet.

Com o nome reconhecido mundo a fora, a atriz começou a fazer filmes de diretores famosos como Abel Ferrara (Mary) e Ridley Scott (Um Ano Bom), mas foi com Piaf - Um Hino ao Amor, de Olivier Dahan, que ela finalmente conseguiu a consagração mais importante de sua carreira até então. Ao dar vida à cantora Édith Piaf, Cottilard faturou todos os principais prêmios ao redor do mundo em 2008, como o Óscar, o Globo de Ouro, o BAFTA e o César de melhor atriz.

Nos anos seguintes Cottilard trabalhou com outros grandes diretores como Michael Mann, em Inimigos Públicos, Rob Marshall em Nine, Christopher Nolan em A Origem e Batman - O Cavaleiro das Trevas, Steve Soderbergh em Contágio e Woody Allen em Meia Noite em Paris. Seus últimos três filmes memoráveis são Ferrugem e Osso, excelente drama pelo qual ela também recebeu diversos prêmios, Era Uma Vez em Nova York, do diretor James Gray, e Dois Dias, Uma Noite, dos irmãos Dardenne.

Por fim, entre tantos trabalhos honrosos da atriz fica extremamente difícil escolher os melhores, mas para homenageá-la na data do seu aniversário, resolvi fazer uma lista especial com as cinco melhores atuações de sua carreira até então. Confira:

1. Piaf - Um Hino ao Amor (2007)

Em Piaf- Um Hino ao Amor (La Môme), a atriz interpreta de maneira sublime a icônica cantora Édith Piaf. Dona de uma personalidade difícil, Piaf se tornou um símbolo da música francesa e fez sucesso numa época em que a Europa vivia os horrores e medos da Guerra. Cottilard ganhou diversos prêmios por sua atuação, incluindo o Óscar, o Globo de Ouro e o BAFTA de melhor atriz.

2. Ferrugem e Osso (2012)

Na trama de Ferrugem e Osso (De Rouille et d'os), ela interpreta uma treinadora de baleias que mantém um relacionamento amoroso com um boxeador. Após um acidente com um dos seus animais, ela acaba perdendo as duas pernas, e precisa lutar contra as dificuldades físicas e mentais para continuar vivendo. O filme concorreu à Palma de Ouro em Cannes, e após sua exibição foi ovacionado por uma salva de palmas de 10 minutos. Não precisa nem dizer que um dos principais motivos disso foi justamente a participação da atriz.

3. Dois Dias, Uma Noite (2014)

Nas mãos dos competentes irmãos Dardenne, Cottilard deu vida à Sandra, uma mulher que acabou de perder o emprego na fábrica onde trabalhava há anos. Depois de descobrir que ela pode reaver a posição na empresa, desde que os colegas aceitem perder um direito para isso, ela começa a ir atrás de cada um deles para convencê-los a aceitar a proposta. A atuação dela no filme é brilhante, o que rendeu inúmeros elogios após a exibição na 67ª edição do Festival de Cannes.

4. Amor ou Consequência (2003)

Amor ou Consequência (Jeux d'enfants) é uma verdadeira fábula moderna a respeito do amor. Julien e Sophie se conheceram quando crianças e acabaram crescendo juntos. Quando menores, Julien deu uma lata em forma de carrossel para Sophie, e a partir de então, toda vez que eles se reencontravam eles eram obrigados a entregar a lata ao outro e cumprir uma tarefa. Isso acabou fazendo com que eles ficassem eternamente unidos e responsáveis um pelo outro. Uma atuação competente de Cottilard junto a Guillaume Canet, que viria a ser seu marido na vida real anos depois.

5. Inimigos Públicos (2009)

Dirigido por Michael Mann, Inimigos Públicos (Public Enemies) se passa na época da Grande Depressão e conta a história de um agente do FBI que tenta capturar lendários criminosos da época, como John Dillinger (Johnny Depp). Na trama, Cottilard interpreta Billie, a mulher de Dillinger, que com muito sangue frio acompanha o marido em todos os momentos tensos de sua vida.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Crítica: O Conto dos Contos (2015)


Bastante conhecido no circuito europeu, principalmente no Festival de Cannes depois de Gomorra (2008) e Reality (2012), o italiano Matteo Garrone volta às telas em 2015 com um filme completamente diferente de tudo que ele já havia realizado até então. Se nos dois filmes anteriores ele abusou da realidade nua e crua, em O Conto dos Contos (Il Racconto dei Racconti) ele flerta com o lúdico e o fantasioso ao mostrar três "contos de fadas" bizarros que se passam há alguns séculos atrás.


A primeira narrativa acompanha o casal real formado por John C. Reilly e Salma Hayek. O Rei e a Rainha de Longtrellis querem um filho a qualquer custo, mas por algum motivo ela nunca consegue engravidar. A última alternativa é apelar para uma simpatia prescrita por um mago, onde a Rainha deve comer o coração de um monstro marinho, morto pelas mãos do Rei e cozinhado por uma virgem. Porém, ele alerta: toda vida criada exige uma perda, para que o equilíbrio na Terra seja mantido, e isso pode custar caro no fim das contas.

Depois de conseguir finalmente dar a luz, ela precisa lidar com outro problema: o crescimento precoce e a independência do filho (Christian Lees), que faz a Rainha se tornar uma mãe super protetora ao extremo. Ela não aceita sua amizade com o filho da criada, e isso acaba causando um desconforto enorme na relação familiar, que se transforma em um barril de pólvora pronto a explodir.


A segunda estória acompanha o Rei de Strongcliff (Vincent Cassel), dado a orgias e excessos, que se apaixona por uma mulher que ele ouve cantar através da janela de seu palácio. Apaixonado por sua voz, ele acredita se tratar de uma jovem e bela moça e passa a seguir seus passos, mas nem imagina que na verdade ela é Dora (Hayley Carmichael), uma idosa que vive trancafiada dentro de casa com sua irmã Imma (Shirley Henderson).

Inexplicavelmente, de um dia para o outro Dora volta a ter a aparência jovial de décadas atrás, e graças a isso, acaba conquistando definitivamente o coração do Rei que pede sua mão em casamento. Porém, novamente o filme mostra que tudo tem seu preço, e Dora precisa deixar de lado a irmã que faz de tudo para voltar a ter sua companhia.


A terceira e última trama é talvez a mais estranha e bizarra de todas (se é que isso é possível), e conta a estória do Rei de Highhillsque (Toby Jones) que cria uma fixação por uma pulga e passa a criá-la e alimentá-la como seu animal doméstico até que ela alcance um tamanho descomunal. 

Enquanto isso, sua filha Violet (Bebe Cave) sonha casar e sair de casa, e o Rei promete fazer uma aposta com todos os homens do reino para que um deles seja seu genro. Porém, quem ganha a aposta é um homem incrivelmente selvagem e boçal, que acaba levando a jovem princesa para morar em uma caverna no meio das montanhas. Com a ajuda de Circus Owner (Alba Rohrwacher) e seus filhos, Violet tenta escapar, mas a tarefa é muito mais difícil do que ela imaginava.


Reza a lenda que todos os contos de fadas famosos advém de histórias reais e trágicas, e o que Garrone faz aqui é simplesmente mostrar os contos como eles realmente deveriam ser, com muito sangue e passagens sombrias sim, mas principalmente muita ambição e ganância. Todos tinham desejos, mas para estes serem concedidos o custo foi alto, e cada um fez sua escolha e arcou com suas próprias consequências.

As histórias não se cruzam, apesar de serem contadas paralelamente, mas isso não faz o filme perder sua graça. A beleza visual é sem dúvida o que mais chama a atenção, mas todo o roteiro é construído com minúcia, e as atuações também são bastante competentes.


Por fim, só posso dizer que O Conto dos Contos é uma experiência única no cinema atual. Há muito tempo não sentia algo tão poderoso vindo de um filme, e fiquei bastante emocionado com o resultado final. Vale muito a pena dar uma conferida.


sábado, 19 de setembro de 2015

Crítica: Que Horas Ela Volta? (2015)


Eleito melhor filme pelo júri popular no festival de Berlim deste ano e aplaudido de pé no festival de Sundance, Que Horas Ela Volta? é a representação do cinema nacional em sua melhor forma, e já pode ser considerado um dos melhores filmes brasileiros da década. Com um olhar crítico sobre a sociedade e seus preconceitos velados, o longa estrelado por Regina Casé foge de qualquer esteriótipo do gênero e nos mostra uma história emocionante e extremamente humana.


Val (Casé) é uma pernambucana carismática que deixou sua terra natal para tentar a sorte em São Paulo. Há anos ela trabalha como empregada de uma família rica do Morumbi, onde mora no local e divide o tempo entre os afazeres domésticos e o cuidado com o filho da família, Fabinho (Michel Joelsas).

Certo dia, Val recebe o telefonema de sua filha Jéssica (Camila Márdila) que ela não vê há 10 anos, informando que está vindo para São Paulo para prestar o vestibular em uma importante faculdade e precisa de um lugar para ficar. Com o consentimento dos patrões, Val traz a filha para a casa deles até ela arrumar um lugar para alugar.

De forma espontânea, Jéssica vai adentrando na família questionando tudo que vê, desde valores e conceitos até o lugar de cada um. Ela é a figura que chega para desconstruir tudo o que Val achava certo, pois diferentemente da mãe, ela não aceita ser tratada como "inferior", e busca seu espaço de pescoço erguido e personalidade forte.


O filme aborda com muito bom humor essa relação que existe entre patrões e empregados, e foge de qualquer tipo de clichê que se poderia imaginar. Com extrema simplicidade, o enredo nos mostra que, mesmo que implícito, o preconceito entre classes sociais ainda é latente, e isso fica evidente por exemplo, quando Jéssica entra na piscina da casa e no dia seguinte a dona chama alguém para "desinfectar" a água com a desculpa de que teria entrado um rato.

Outro ponto interessante do filme é que grande parte das cenas se passam na cozinha da casa, com a câmera estática, deixando apenas uma fresta da porta para vermos o que acontece do lado de fora. Uma excelente perspectiva da visão que a empregada tem e do seu lugar na família, que gosta muito dela mas impõe os limites de onde ela pode ou não ir.



Tem ainda a questão entre Val e Fabinho. Como a mãe vivia para o trabalho, o menino acabou passando muito mais tempo da sua vida com a empregada do que com ela, e o nome do filme é justamente a pergunta que o garoto fazia quando era pequeno, sobre o horário que sua mãe voltaria para casa. Além disso, o nome em inglês também não poderia ser mais pertinente: The Second Mother (A Segunda Mãe), já que Val acabou sendo uma mãe para Fabinho, o que por motivos de sobrevivência, ela não conseguiu ser para Jéssica.

A escolha de Regina Casé não poderia ter sido mais acertada. Ela desempenha maravilhosamente o papel e transforma Val, com sua ingenuidade e coração grande, em uma das personagens mais incríveis do cinema nacional. Camila Márdila também está muito bem no papel de Jéssica, e o prêmio para as atuações das duas em Sundance foi mais do que merecido.


Por fim, Que Horas ela Volta? é um filme tão sincero que parece até um documentário. Muitos não vão gostar, mas uma das maiores riquezas do filme é mostrar o quanto o Brasil avançou na questão da desigualdade nestes últimos anos, principalmente ao mostrar a filha da empregada, nordestina e oriunda de escola pública, que com esforço conseguiu entrar para uma das melhores faculdades do país. Brilhante trabalho de Anna Muylaert.


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Crítica: Mais Perto da Lua (2014)


Exibido na 38ª mostra de cinema de São Paulo, mas ainda sem data de estreia comercial por aqui, Mais Perto da Lua (Closer to the Moon) do romeno Nae Caranfil mostra com extrema competência um caso real e bizarro que ocorreu na Romênia no final dos anos 1950, e já é para mim um dos melhores filmes do ano.



Estamos em Bucareste, capital da Romênia, e o ano é 1959. Um grupo de cinco judeus, que faziam parte da resistência comunista do país na época da Segunda Guerra Mundial, se reúnem após anos para realizar um ousado roubo a banco. A estratégia é genial: render os funcionários enquanto fingem para a população que tudo não passa da gravação de um filme de ação, em alta na época com a chegada do cinema americano na Europa.

Um ano depois do assalto, todos são presos pelo governo e condenados à morte. No entanto, antes de serem fuzilados, os cinco são forçados a reencenar o ato em frente às câmeras, em um falso filme de propaganda governamental. Quem fica responsável pelas filmagens é Virgil (Harry Lloyd), que na época do crime trabalhava como garçom em um restaurante local e partiu para a carreira do cinema justamente por se encantar com a falsa gravação de um ano antes, que ele imaginava ser real.



Sem mais nada a perder, os cinco resolvem encarar tudo com muito bom humor, e situações cômicas começam a acontecer. Enquanto o enredo nos mostra a gravação da reconstituição, aborda também, através de flashbacks, a vida dos membros do grupo antes dos acontecimentos. A personagem mais interessante é Alice (Vera Farmiga), uma mulher misteriosa que sempre foi a voz ativa do grupo apesar de Max (Mark Strong) ser o líder.

O mais legal do filme são as referências da época. O sonho de ver o homem chegar ao espaço é algo que passa pela cabeça de todos, e isso no final explica o porque do nome do filme. Os filmes famosos da época e os astros de hollywood que os europeus tratavam com admiração também são muito bem abordados na história. Tudo isso unido com a esperança de um mundo melhor, poucos anos depois da pior guerra da história.



Por fim, Mais Perto da Lua é uma comédia de humor negro com uma crítica sagaz sobre a situação européia pós-guerra. Com um roteiro super original, excelentes atuações e uma fotografia que encanta os olhos, é sem dúvida um grande achado do cinema neste ano.


Crítica: Nocaute (2015)


O cinema americano tem adoração por histórias de superação que envolvem algum tipo de esporte, e o boxe é uma das modalidades que mais ganharam espaço nas telas em todos estes anos. Como não lembrar por exemplo de Touro Indomável, clássico absoluto de Scorsese, da franquia de Rocky Balboa ou do oscarizado Menina de Ouro, do Clint Eastwood? Pois em 2015 o boxe volta aos cinemas em Nocaute (Southpaw), novo filme do diretor Antoine Fuqua (Dia de Treinamento / Lágrimas do Sol), roteirizado por Kurt Sutter (criador da série de televisão Sons of Anarchy).



Billy "The Great" Hope (Jake Gyllenhaal) é um boxeador de sucesso que vive em Nova Iorque com a esposa Maureen (Raquel McAdams) e a filha pequena Leila (Oona Laurence). Preocupada com a intensidade das lutas, que estão ficando cada vez mais violentas, Maureen consegue convencer Billy a se aposentar enquanto está no topo, e ele larga tudo para se dedicar em tempo integral à família.

Quando o casal vai participar de um evento beneficiente numa entidade pela qual eles tem um grande carinho, uma enorme tragédia acaba acontecendo após se encontrarem com Miguel "Magic" Escobar (Miguel Gomez), um famoso boxeador que tem um forte ressentimento com Billy por nunca ter sido aceito para uma luta.



A partir desta fatídica noite, a vida de Billy desaba. Desesperado e se sentindo culpado pelos acontecimentos, ele chega literalmente ao fundo do poço, passando a viver de aluguel após vender a casa, além de trabalhar como faxineiro numa academia gerenciada por Titus "Tick" Wills (Forest Whitaker). 

Aos poucos, Titus vai convencendo Billy a retornar ao ringue, e a grande chance surge quando seu antigo agente, Jordan Mains (50 Cent), consegue uma luta justamente contra o algoz Escobar. Enquanto luta para se reerguer profissionalmente, Billy ainda precisa brigar na justiça pela guarda de sua filha, que ele perdeu após se envolver em inúmeras confusões. 



Apesar das qualidades técnicas, o enredo segue um clichê básico dos filmes do gênero, e essa falta de ousadia acaba deixando o resultado final previsível e abaixo do esperado. O que salva o filme é a atuação extremamente competente de Jake Gyllenhaal, que mais uma vez prova ser um dos melhores atores desta nova geração. A trilha sonora de James Horner, que faleceu antes de ver o filme pronto e recebeu uma homenagem no crédito final, também é um dos pontos altos do filme.

Por fim, Nocaute peca justamente por não trazer nenhuma novidade, mas para quem gosta do gênero, não deixa de ser uma boa pedida. Principalmente pela veracidade impressionante das cenas em cima do ringue, que deve deixar os amantes do boxe hipnotizados.


domingo, 13 de setembro de 2015

Os Vencedores do Festival de Veneza 2015


Terminou neste sábado (12) a 72ª edição do Festival de Veneza, o mais antigo do mundo, e quem se saiu bem desta vez foi o cinema da América Latina. O grande vencedor do Leão de Ouro foi o venezuelano Desde Allá, do diretor Lorenzo Vigas, que conta a história de um homem de meia-idade, homossexual, que vaga pelas ruas de Caracas em busca de jovens amantes. Outro latino premiado foi o diretor argentino Pablo Trapero, por seu trabalho em El Clan. 

O outro prêmio importante da noite foi para a animação Anomalisa, de Charlie Kaufman e Duke Johnson, que recebeu o Grande Prêmio do Júri, presidido este ano pelo mexicano Alfonso Cuarón. O Brasil também marcou presença na premiação. Boi Neón, de Gabriel Mascaro, foi eleito melhor filme na Mostra Orizzonti, paralela à mostra principal. Enfim, confira a lista dos vencedores abaixo:


Diretor Lorenzo Vigas recebendo o Leão de Ouro pelo filme Desde Allá.

Leão de Ouro
Desde Allá (Venezuela)

Grande Prêmio do Júri
Anomalisa (EUA)

Melhor Diretor
Pablo Trapero, por El Clan

Melhor Ator
Fabrice Luchini, por L'Hermine

Melhor Atriz
Valeria Golino, por Per Amor Vostro

Prêmio Especial do Júri
Abluka (Turquia)

Melhor Filme - Mostra Orizzonti
Free in Deed, de Jake Mahaffy


Prêmio do Júri - Mostra Orizzonti
Boi Neón, de Gabriel Mascaro

Melhor Diretor - Mostra Orizzonti
Jake Mahaffy, por Free in Deed


Prêmio Marcello Mastroianni de Revelação
Abraham Attah, por Beasts of no Nation

terça-feira, 8 de setembro de 2015

As primeiras apostas para o Óscar 2016

Falta um pouco menos de seis meses para a 88ª edição do Óscar, mas desde já começam a surgir os primeiros rumores sobre os possíveis indicados e suas chances na premiação. Para a disputa principal por exemplo, já existem cinco franco-favoritos que largam na frente: Carol (Todd Haynes), The Revenant (Alejandro González Iñarritú), The Danish Girl (Tom Hooper), Suffragette (Sarah Gravon) e Ponte de Espiões (Steven Spielberg), todos muito elogiados nos festivais de cinema deste ano.

Na parte de direção, alguns nomes conhecidos tem chances de estar novamente na lista de indicados, como o campeão de indicações Steven Spielberg (Ponte de Espiões), os veteranos Quentin Tarantino (Os Oito Odiados), Todd Haynes (Carol) e Tom Hooper (The Danish Girl) e o atual vencedor Alejandro González Iñarritú (The Revenant). Porém, nomes pouco conhecidos como Sarah Gravon (Suffragette) e John Crowley (Brooklyn) podem surpreender, assim como o novo queridinho de Hollywood, David O. Russell (Joy).

Nas atuações, grandes nomes também prometem estar na disputa. Para a categoria de melhor ator, os favoritos são o atual vencedor Eddie Redmayne (The Danish Girl), o sempre indicado (mas nunca vencedor) Leonardo DiCaprio (The Revenant), os veteranos Michael Caine (A Juventude) e Tom Hanks (Ponte de Espiões) e o sempre excelente Michael Fassbender (Steve Jobs). No entanto, há que ficar de olho em Ian McKeller (Mr. Holmes), Jane Gyllenhaal (Nocaute) e até mesmo em Johnny Depp, que está irreconhecível em Aliança do Crime.

Na categoria de melhor atriz, existe uma boa chance de Julianne Moore repetir a vitória do ano passado graças a sua atuação em Freeheld, mas a grande favorita é mesmo Cate Blanchett (Carol), que tem tudo para levar seu terceiro Óscar para casa. Há ainda que se destacar os nomes de Carey Mulligan (Suffragette) e Jennifer Lawrence (Joy), a queridinha da Academia na atualidade.

O que o Brasil deve esperar dessa edição? Muito, diga-se de passagem. Há anos que o nosso país não tem um filme de peso para a disputa do Óscar de melhor filme estrangeiro, desde Cidade de Deus, lançado há 11 anos atrás, que na verdade nem chegou a ficar entre os cinco finalistas. No entanto, muitos críticos, inclusive da imprensa internacional, apostam em Que Horas Ela Volta? como um dos favoritos ao prêmio em 2016. Só nos resta esperar que a Academia Brasileira de Cinema confirme ele como nosso representante e torcer para que ele chegue o mais longe possível. Enfim, sem mais delongas, vamos às chances de cada um dos filmes relatados.


Carol

Exibido em primeira mão no Festival de Cannes deste ano, o novo trabalho do diretor Todd Haynes (Longe do Paraíso / Não Estou Lá / Velvet Goldmine) já é considerado por muitos críticos como o melhor de sua carreira até então, e vem sendo fortemente cotado para disputar os principais prêmios. Com atuações impactantes de Cate Blanchett e Rooney Mara, a trama acompanha a relação amorosa que surgiu entre duas mulheres na Nova York dos anos 1950, época em que o preconceito e a ignorância acerca dos homossexuais eram ainda maiores do que nos dias de hoje.


The Revenant

Depois de faturar três Óscars com Birdman, o diretor mexicano Alejandro González Iñarritú tem grandes chances de retornar à premiação como um dos favoritos com seu novo trabalho, o faroeste The Revenant. O filme deve concorrer em todas as principais categorias, incluindo melhor filme, melhor direção e melhor roteiro, mas uma das principais apostas é para o prêmio de melhor ator para Leonardo DiCaprio, que mais uma vez irá tentar levar a estatueta para casa. Será que dessa vez ele finalmente consegue?


The Danish Girl

Eddie Redmayne foi escolhido o melhor ator no ano passado ao interpretar brilhantemente nas telas o astrofísico Stephen Hawkings. Pois a chance dele ganhar o prêmio pela segunda vez consecutiva (o que só aconteceu duas vezes, com Spencer Tracy e Tom Hanks) é grande. O filme conta a história da primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de mudança de sexo, e a transformação física de Redmayne já vem chamando a atenção desde o princípio das gravações.



Suffragette

Na cerimônia do último Óscar, Patrícia Arquette causou furor ao discursar a favor dos direitos iguais para as mulheres na indústria cinematográfica quando recebeu a estatueta de melhor atriz coadjuvante. Desde então, o tema está em alta em Hollywood, e esse clima pode favorecer Suffragette, filme que retrata o início do movimento feminista. Como se não bastasse, o filme tem ainda no elenco Mery Streep, recordista de indicações.


Ponte de Espiões

Se tem um nome que sempre marca presença nas premiações do Óscar é o do diretor Steven Spielberg. Com três estatuetas na estante, o diretor retoma em Ponte de Espiões (Bridge of Spies) sua parceria com o ator Tom Hanks (com quem trabalhou em O Resgate do Soldado Ryan), em uma história situada em plena Guerra Fria. As chances são grandes, principalmente para Spielberg, que pode levar para casa mais um prêmio como melhor diretor.


Steve Jobs

O diretor britânico Danny Boyle é outro que costuma marcar presença no Óscar, e não deve ser diferente com seu novo trabalho, a cinebiografia definitiva de Steve Jobs. O filme pretende mostrar três momentos importantes na vida do criador da Apple, e pode render indicações para melhor roteiro adaptado e até mesmo para melhor ator, para o sempre excelente Michael Fassbender.


Os Oito Odiados

Três anos após o consagrado Django Livre, Quentin Tarantino está de volta às telas com um novo filme de faroeste: Os Oito Odiados (The Hateful Eight). Por mais que ainda não tenha sido exibido, ele já é apontado como um forte concorrente, principalmente na categoria de melhor roteiro, em que Tarantino já se consagrou vencedor duas vezes.

A Juventude

Depois de ter se consagrado com A Grande Beleza, eleito melhor filme estrangeiro no Óscar de 2014, o italiano Paolo Sorrentino traz uma trama idêntica àquela, mas dessa vez em língua inglesa. Estrelado por Michael Caine, Harvey Keitel, Jane Fonda e Rachel Weisz, A Juventude (Youth) promete abordar o tema do envelhecimento com muita leveza e bom humor, e tem grandes chances principalmente nas categorias de atuações.


Joy

O diretor David O. Russell é o atual queridinho da Academia, basta conferir a quantidade de indicações recebidas por ele nos últimos anos (O Vencedor, O Lado Bom da Vida e Trapaça). Diante desse retrospecto, é bom ficar de olho em Joy, principalmente por contar com outra queridinha de Hollywood, Jennifer Lawrence, além do veterano Robert De Niro.


Freeheld

Vencedora do Óscar de melhor atriz em 2015, Julianne Moore tem boas chances de repetir a dose com Freeheld. A atriz é uma das protagonistas deste romance lésbico, e ainda por cima, interpreta uma doente terminal. Sua companheira de cena, Ellen Page, também tem chances na categoria de atriz coadjuvante.


Macbeth

Essa nova adaptação da peça teatral de William Shakespeare foi exibida em Cannes e chamou bastante a atenção do público e da crítica especializada. Os elogios ficaram principalmente com as atuações de Marion Cotillard e Michael Fassbender, mas também sobraram para algumas categorias técnicas, como direção de arte e fotografia.


Sicario - Terra de Ninguém

Também exibido em Cannes este ano, o novo filme de Denis Villeneuve (Incêndios / Os Suspeitos) não tem sido cotado como um dos favoritos aos principais prêmios mas pode render uma indicação para melhor ator coadjuvante para Benício Del Toro e melhor atriz para Emily Blunt, além de algumas categorias técnicas.


Spotlight

Do diretor Thomas McCarty, Spotlight estreou com grande alvoroço no Festival de Veneza e promete vir com força para o Óscar. A trama mostra a história dos jornalistas do "Boston Globe" que levaram à tona mais de 70 casos de pedofilia envolvendo padres, que foram encobertos pela igreja católica. O filme ainda conta com um elenco de peso, com nomes como Michael Keaton, Mark Ruffalo e Raquel McAdams.


Nocaute

A Academia adora histórias de superação que envolvem o esporte, e por isso mesmo, as chances de Nocaute (Southpaw) se fazer presente nesta edição são grandes. A principal aposta do filme é na categoria de melhor ator, onde Jake Gyllenhaal tem boas chances de estar entre os finalistas.


Aliança do Crime

A caracterização de Johnny Depp na pele do criminoso Whitey Bulger vem impressionando desde os primeiros trailers, e pode render a quarta indicação do astro ao Óscar. Além disso, Aliança do Crime (Black Mass) tem grandes chances de ser indicado na categoria de melhor maquiagem, justamente pelo excelente trabalho de transformação do ator.


Brooklyn

O longa irlandês tem tudo para ser o filme de pequeno porte que chamará a atenção nesta próxima edição do Óscar. A produção, que conta a história de uma jovem que precisa se decidir entre dois países (Irlanda ou Estados Unidos) enquanto luta para encontrar o amor, vem sendo bastante elogiada pelos críticos e corre por fora na disputa de melhor filme.


45 anos

Exibido em primeira mãe no Festival de Berlim deste ano, 45 Anos (45 Years) poderá ser o filme britânico desta edição. Charlotte Rampling e Tom Courtnenay ganharam os prêmios de melhor atriz e melhor ator no festival, e podem surpreender com indicações nas respectivas categorias.

Mr. Holmes

Exibido no último Festival de Berlim, Mr. Holmes traz uma nova versão para as telas do icônico detetive Sherlock Holmes, interpretado por ninguém menos do que Ian McKellen, que tem boas chances de receber sua terceira indicação ao prêmio de melhor ator.


No Coração do Mar

O experiente diretor Ron Howard (Uma Mente Brilhante / Rush - No Limite da Emoção) está de volta às telas com essa mega-produção, estrelada por Chris Hemsworth. O filme conta a história real de uma embarcação que foi atacada por uma baleia durante uma viagem, a mesma que serviu de inspiração para Herman Melville escrever Moby Dick. O filme tem chances de concorrer principalmente em categorias técnicas.


Mad Max: Estrada da Fúria

Talvez o mais "pop" dos filmes desta lista, o quarto filme da franquia Mad Max é sem dúvida alguma um dos melhores filmes de ação dos últimos anos, e pode até surpreender com alguma indicação de peso como melhor filme ou direção. Mas as chances ficam mesmo nas categorias técnicas, como fotografia, trilha sonora e direção de arte.


Star Wars VII: O Despertar da Força

A volta de Star Wars ao cinema vem sido esperada com muita ansiedade, e o filme tem grandes chances de concorrer aos prêmios técnicos, como direção de arte, fotografia e trilha sonora. Porém, os fãs mais saudosistas ambicionam algo maior. Resta esperar para ver o que J. J. Abrams reserva nesse novo capítulo da saga, e conferir se ele vai suprir todas as expectativas.

Divertida Mente

A Pixar sempre costuma ter sua vaga garantida na categoria de melhor animação, e Divertida Mente promete não ser uma exceção. Mas o estúdio ambiciona ainda mais, e torce por uma indicação a melhor roteiro e trilha sonora, ou quem sabe até mesmo como melhor filme (o que já aconteceu antes com Toy Story 3 e Up - Altas Aventuras).

Que Horas Ela Volta?

2016 tem tudo para ser o ano em que o Brasil voltará a ter um representante de respeito na categoria de melhor filme estrangeiro do Óscar. Que Horas Ela Volta?, estrelado por Regina Casé, tem sido elogiado em todos os festivais por onde é exibido e já consta como um dos principais favoritos ao prêmio. Só nos resta ficar na torcida.


Son of a Saul

Vencedor do Grande Prêmio do Júri no último Festival de Cannes, o húngaro Son of a Saul é um sério candidato na categoria de melhor filme estrangeiro, e pode ser a pedra no caminho do Brasil. Não apenas por suas qualidades, mas pelo tema abordado: a vida de um judeu que luta para sobreviver em um campo de concentração nazista.