terça-feira, 29 de abril de 2014

5 filmes imperdíveis com Daniel Day-Lewis.

Não é qualquer um que tem em sua prateleira três Óscars de melhor ator. Nascido em 29 de abril de 1957, na cidade de Londres, Day-Lewis é um dos atores mais respeitáveis da boa safra que surgiu nos anos 80. Seu primeiro sucesso ocorreu em 1985, com o longa Minha Adorável Lavanderia, que fez com que ele ficasse conhecido do público junto com o diretor Stephen Frears. Seu sucesso posterior veio com a adaptação para as telas do romance A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, em 1988. 

Em 1989, o ator chocou o mundo com sua atuação espetacular em Meu Pé Esquerdo, que para mim é a melhor da sua carreira. O papel de um homem com paralisia cerebral lhe rendeu o seu primeiro Óscar, e Day-Lewis se entregou tanto para o personagem que ficava na cadeira de rodas mesmo quando não estava filmando, só para sentir a agonia e o sofrimento de alguém que vive dessa forma.

Nos anos 90, Day-Lewis filmaria uma série de filmes de sucesso, como O Último dos Moicanos, A Época da Inocência e Em Nome do Pai. Mas foi em 2002 que ele voltou aos holofotes de vez na parceria com Scorsese em Gangues de Nova YorkDe lá para cá, ele tem escolhido a dedo suas produções, tendo participado de poucos filmes. O ator prioriza ao máximo os detalhes de seus personagens, e chega a ficar dois ou três anos estudando afinco o papel. Isso ficou evidente em 2008, com seu papel visceral em Sangue Negro, que lhe rendeu seu segundo Óscar, e em 2013, onde personificou Abraham Lincoln de forma impecável, recebendo pelo filme o seu terceiro e último Óscar. Em homenagem ao ator, confira abaixo uma lista com 5 filmes imperdíveis que contam com a sua participação. Acha que ficou algum de fora? Comente.

Meu Pé Esquerdo (1989)

Meu Pé Esquerdo é baseado na história real do escritor e pintor Christy Brown, interpretado por Day-Lewis. Christy nasceu com uma deficiência grave no cérebro, que fez ele perder todos os movimentos do corpo com exceção do seu pé esquerdo. Utilizando apenas esse membro do corpo, ele conseguiu escrever um livro e pintar quadros, ganhando reconhecimento e admiração dos familiares, do público e da crítica. O filme deu o primeiro Óscar da carreira para Day-Lewis, e é uma verdadeira lição de vida.

Gangues de Nova York (2002)

Na superprodução dirigida por Martin Scorsese, Day-Lewis é o açougueiro Bill "The Butcher" Cutting, líder de uma gangue que aterrorizava Nova York em meados de 1860. O filme culmina com a disputa entre a sua gangue local e a gangue rival de imigrantes irlandeses, liderada por Amsterdam Vallon (Leonardo DiCaprio).

Sangue Negro (2008)

Para muitos, essa é a melhor atuação de Day-Lewis na tela. E não é para menos, ele de fato está impressionante no papel de Daniel Plainview, um mineiro de minas de prata que divide seu tempo entre o trabalho e a tarefa de ser um pai solteiro. Quando ele descobre a existência de uma pequena cidade no oeste americano onde uma enorme quantidade de petróleo está transbordando do solo, ele parte para a região e acaba enriquecendo. O dinheiro, porém, traz uma série de conflitos, principalmente por conta de sua avareza e cobiça. Por sua atuação, Day-Lewis recebeu seu segundo Óscar de melhor ator.

Lincoln (2013)

Ninguém nunca mais será Abraham Lincoln nos cinemas como ele. O ator simplesmente nos fez esquecer que estávamos assistindo a um ator em cena, graças a sua excelente atuação no papel do ex-presidente americano. O filme, por sua vez, retrata o período em que Lincoln lutou para aprovar na Câmara uma emenda na constituição que abolia formalmente a escravidão nos Estados Unidos. Aclamado pela crítica, o filme foi indicado em várias categorias do Óscar, mas venceu apenas na de melhor ator, a terceira da carreira de Day-Lewis.

Em Nome do Pai (1993)

Em 1974, um atentado do grupo IRA acabou deixando cinco mortos em um Pub irlandês. Entre os quatro jovens condenados, sobre a acusação de terem planejado o ataque, está o jovem rebelde Gerry Conlon (Day-Lewis). Na tentativa de ajudar seu filho, que foi injustiçado, o pai Giuseppe também acaba preso. Porém, com a ajuda de uma competente advogada, eles passam a descobrir uma série de irregularidades por trás do caso.

domingo, 27 de abril de 2014

Recomendação de Filme #53

O Vento Será Tua Herança (Stanley Kramer) - 1960

O Vento Será Tua Herança (Inherit the Wind) retrata um acontecimento real ocorrido em 1925 em uma cidade do Tennesse, onde um professor de biologia foi preso por ensinar aos seus alunos a Teoria Evolucionista de Charles Darwin, o que era proibido na época por ir contra as Sagradas Escrituras. O julgamento do caso acabou ficando conhecido mundialmente como "O Julgamento do Macaco de Scopes".


Boa parte da trama se passa dentro do tribunal, e as poucas cenas externas são as que mostram os protestos da população, em apoio ao promotor e contra o professor. Hillsboro (nome fictício da cidade, já que o nome original é Dayton) é uma cidade dominada pela religião, onde os moradores fanáticos são quase unanimidade e renegam qualquer opinião que vá contra a teoria "Criacionista".

O caso chamou a atenção de todo o país, não somente por causa da discussão, mas também pela participação de dois dos maiores advogados da época: do lado da acusação, o pastor Matthew Harrison Brady, candidato a presidência dos Estados Unidos e um dos teólogos mais influentes da geração; do lado a defesa, Henry Drummond, um forte militante dos Direitos Civis, conhecido por ganhar todos os seus casos.


Como era de se esperar, o ponto forte do filme são os diálogos, os discursos, e a forma argumentativa dos personagens. O principal argumento da acusação foi baseado no que diz a bíblia, e na ignorância de um fanatismo que visava ser intolerante com qualquer outro tipo de crença. A defesa, por sua vez, não queria defender a veracidade da teoria de Darwin (até porque o advogado também era cristão), mas sim, o direito de cada um escolher no que quer acreditar e ter liberdade de expressar suas opiniões.

Um dos pontos mais interessantes do debate ocorre quando o tribunal decide proibir o testemunho de cientistas, que poderiam comprovar se a teoria faz sentido ou não, mas permitem o uso da Bíblia pelo pastor. Ao questionar o porquê de um "perito em ciência" ser impedido de falar e um "perito na bíblia" ser aceito, o advogado da defesa chega a ser ameaçado de prisão por desacato, o que deixa os ânimos ainda mais exaltados.



A medida tomada pela defesa, como alternativa, é levar o promotor ao banco das testemunhas. Proibido de usar dados científicos, o advogado resolve usar a própria bíblia para questionar as verdades tidas como absolutas, e após algum tempo, o promotor acaba caindo em diversas contradições. Depois de um processo desgastante e interminável, no quarto dia o veredicto dos jurados acaba sendo unânime, decidindo pela culpa do professor, que é liberado da prisão mas é obrigado a pagar uma multa de cem dólares.

O final traz algumas cenas alegóricas, que só aumentam ainda mais o brilho da obra. A mais marcante para mim foi na hora em que o advogado de defesa foi arrumar suas coisas para ir embora e segurou debaixo do braço dois livros, a Bíblia e A Origem das Espécies de Darwin, numa demonstração de que é possível conviver com essas duas culturas ao mesmo tempo, com tolerância e respeito.


As atuações chamam a atenção, sobretudo de Spencer Tracy e de Fredric March. Ambos dão um verdadeiro espetáculo na pele do advogado de defesa e do promotor, respectivamente. O enredo é excelente, e tem como missão nos fazer pensar o quanto uma religião pode ser nociva para uma população quando usada de forma abusiva, e o quanto ela tira a liberdade de pensar das pessoas que seguem suas ideologias. Por fim, O Vento Será Tua Herança é um filme obrigatório na vida de qualquer cinéfilo, e merece ser visto e revisto incontáveis vezes.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

As 10 melhores atuações de Al Pacino.

Basta eu ver o nome de Al Pacino em qualquer produção para automaticamente setir vontade de assistir ao filme, mesmo sem ler nada sobre o mesmo. São muito poucos os atores que possuem essa característica, e esse é um dos motivos dele estar no topo da minha lista de melhores atores da história do cinema. 

Nascido em Nova York no dia 25 de abril de 1940, Alfredo James Pacino teve uma ascensão meteórica no começo da década de 70, onde deu vida a personagens memoráveis, que o transformaram em um dos maiores ícones da sétima arte. O primeiro sucesso do ator veio logo no sua segundo filme da carreira, e foi nada menos do que O Poderoso Chefão, dirigido por Francis Ford Coppola. Na mesma década, ele ainda protagonizaria clássicos como Serpico, Um dia de Cão, e Justiça Para todos, além da sequência do filme de Coppola.

Os anos 80 vieram apenas para firmar ele como um ator dinâmico e versátil. Foi nessa década que ele protagonizou o personagem que para muitos é o mais memorável da sua carreira (mais até do que Michael Corleone): Tony Montana, de Scarface. Já a década de 90 marcou por ser a que ele mais trabalhou (18 filmes ao todo), e também por ser onde ele recebeu seu primeiro e único Óscar de melhor ator, pelo filme Perfume de Mulher. Além deste, outros sucessos nesse período foram Advogado do Diabo, O Pagamento Final, Donnie Darko, O Informante e Fogo Contra Fogo.

Atualmente Al Pacino está sumido das telonas, dando mais atenção aos palcos dos teatros. Seus últimos dois sucessos vieram de filmes feitos exclusivamente para a televisão: Você Não Conhece Jack e o mais recente Phil Spector. Além disso, ele trabalhou fazendo a voz de um dos personagens de Meu Malvado Favorito 2, e fez rápidas aparições em alguns filmes de baixo orçamento. Em homenagem ao ator, criei uma lista com aquelas que para mim foram suas dez melhores atuações da carreira até então. Confira.

Trilogia "O Poderoso Chefão"


Para a grande maioria, Don Vito Corleone, vivido por Marlon Brando, é o personagem símbolo da trilogia O Poderoso Chefão. E é claro que eu não tiro a razão, o cara era mesmo um monstro. Porém, a alma dos três filmes para mim não é o patriarca da família Corleone, mas seu filho e herdeiro Michael Corleone, vivido por Al Pacino. A saga de um homem que não queria se envolver nos negócios da família, mas que acabou sendo levado pela mão do destino, encantou e ainda encanta milhões e milhões de cinéfilos do mundo todo, e virou o maior clássico do cinema mundial da segunda metade do século 20.

Scarface (1983)

Tony Montana é até hoje (e sempre será) um dos personagens mais memoráveis da história do cinema, e isso se deve a atuação visceral de Al Pacino. O imigrante cubano, que começou fazendo pequenos trabalhos para traficantes locais e acabou montando seu próprio império de drogas, virou quase um personagem folclórico no mundo do cinema, sendo referência para outros diversos filmes, além de séries e games.


Um dia de Cão (1975)


Um dia de Cão relata uma história real que aconteceu no Brooklyn em agosto de 1972. Durante uma tarde normal e rotineira, dois homens planejam assaltar um banco, mas o resultado acaba em desastre e o que era para durar apenas 10 minutos dura mais de 12 horas. Durante o processo, o fato chama a atenção do público e principalmente da imprensa, que se aproveita da situação para fazer sensacionalismo e ganhar audiência. Al Pacino dá um verdadeiro show no papel de Sonny, o que lhe rendeu uma indicação ao Óscar de melhor ator.

Serpico (1973)


Na trama de Serpico, filme dirigido por Sidney Lumet, Al Pacino é o policial Frank Serpico, que atua numa delegacia de Nova York. Jovem, idealista, e de uma índole respeitável, Serpico é o único policial que não aceita subornos por parte dos criminosos locais, e por causa disso, passa a ter que enfrentar a resistência dos colegas de trabalho. Decidido a lutar contra a corrupção, ele acaba sofrendo represálias violentas que colocam sua vida em risco, principalmente por estar sozinho na luta.

Perfume de Mulher (1992)

Em Perfume de Mulher, Al Pacino interpreta o tenente-coronel aposentado Frank Slade, que é cego e vive quase isolado em sua casa. Quando um jovem é contratado para ser seu ajudante particular, Frank resolve levá-lo a uma viagem até Nova York, com o intuito de ter um final de semana inesquecível antes de morrer. Durante a viagem, ele se aproxima do jovem e passa a se preocupar com os problemas pessoais dele, ensinando coisas que somente sua experiência de vida poderiam ensinar.

Justiça Para Todos (1979)


Um dos filmes menos conhecidos do ator, é em compensação onde ele tem uma de suas melhores atuações. Na trama, ele dá vida a Arthur Kirkland, um advogado idealista que vive em pé de guerra com Fleming, um inflexível juiz. Para surpresa de Arthur, Fleming acaba preso, acusado de espancar e estuprar uma jovem garota, e mais, quer que ele o defenda da acusação perante o tribunal.


O Informante (1999)

Em O Informante, Al Pacino é Lowell Bergman, produtor do famoso programa 60 Minutes, que em 1995 convenceu um homem que trabalhou durante anos numa empresa tabagista a revelar segredos sobre a manipulação da nicotina nos cigarros. O que ele tinha para falar não era pouca coisa: durante anos, as empresas de cigarros usaram substâncias cancerígenas na fabricação dos mesmos, a fim de aumentar o vício nas pessoas, e consequentemente as vendas. É claro que as grandes indústrias tentaram impedir a entrevista, inclusive de forma violenta, mas Bergman enfrentou o mundo e batalhou até o fim para levar a história ao público.

O Pagamento Final (1993)

Em O Pagamento Final, Al Pacino é Carlitos, um homem que acabou de sair da prisão com a ajuda de um amigo advogado. Ele promete a todos, e a si mesmo, que irá largar a vida de traficante de cocaína para se tornar um "homem de bem", guardando dinheiro para ir morar nas Bahamas onde quer realizar o sonho de ter seu próprio negócio de forma honesta. Apesar da força de vontade, Carlitos se vê cercado por amigos e conhecidos perigosos, que fazem de tudo para que ele volte para a vida antiga. Essa situação paradoxal acaba fazendo com que seu personagem viva um conflito interno, mas o amor acaba fazendo com que ele decida seu lado no final.

Advogado do Diabo (1997)

John Milton, um dos personagens mais cínicos de Al Pacino, é dono da maior firma de advocacia de Nova York, "Milton, Chadwick e Waters", e possui uma personalidade no mínimo excêntrica. Afinal de contas, ele é o próprio diabo em pessoa, no corpo de um advogado. Nesse ínterim, o jovem Kevin Lomax, conhecido por nunca ter perdido uma causa, acaba sendo contratado para trabalhar na empresa, e se muda de sua pequena cidade interiorana para a grande metrópole. Aos poucos, porém, ele vai desconfiando das intenções de John em relação a ele, mas quando pensa em fugir, acaba sendo tarde demais.

Você Não Conhece Jack (2010)


Feito exclusivamente para a televisão, o filme conta a vida do Dr. Jack Kevorkian, que defendeu sua vida toda a ideia de que todo e qualquer ser-humano merece ter uma morte com dignidade. Nos anos 90, travou polêmicas batalhas contra o governo, a mídia e a população ortodoxa, depois de coordenar suicídios assistidos a pacientes em estado terminal, por meio de uma metodologia criada por ele mesmo. Ele chegou a ganhar a alcunha de Dr. Morte, e é até hoje considerado um dos principais militantes da liberação da Eutanásia nos Estados Unidos.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Os 5 melhores filmes com Jack Nicholson.

Nascido no dia 22 de abril de 1937, o ator norte-americano Jack Nicholson é considerado um dos maiores nomes da história do cinema mundial. Dono de uma vida particular polêmica e conturbada, ele iniciou na carreira trabalhando com Roger Corman, onde apareceu pela primeira vez na telona em 1958, no filme The Cry Baby Killer.

O primeiro sucesso de Nicholson veio com Sem Destino (Easy Rider), de Dennis Hooper, que virou um dos principais nomes da chamada "Nova Hollywood". Depois vieram outros clássicos como Cada um Vive como Quer, Chinatown e Um Estranho no Ninho, pelo qual recebeu o primeiro Óscar de melhor ator em 1976. Em 1980, estrelou o terror O Iluminado, de Stanley Kubrick, que até hoje é considerado por muitos como sua melhor participação nas telas. Nessa época, chegou até a se aventurar como diretor, no "meia-boca" Com a Corda no Pescoço.

Depois de mais alguns bons filmes como Laços de Ternura e Reds, Nicholson voltou aos holofotes em 1989 com seu papel de Curinga no filme Batman, de Tim Burton. Em 1997, ganhou seu segundo Óscar de melhor ator pelo filme Melhor é Impossível. De lá para cá, tem feito uma série de filmes simples mas bons, como As Confissões de Schmidt, Tratamento de Choque, Os Infiltrados e Antes de Partir.

Abaixo, vocês conferem uma lista com aqueles que para mim são os cinco melhores filmes do ator. E aí, você concorda? Acrescentaria mais algum? Comente.


O Iluminado (1980)

Alguns personagem são icônicos, e mesmo passadas décadas ainda seguem no imaginário popular, sendo insubstituíveis. Um exemplo disso é Jack Torrance, vivido por Nicholson no clássico de Stanley Kubrick. Contratado para ficar como vigia de um hotel abandonado durante o inverno, Torrance acaba sendo afetado pelo isolamento claustrofóbico, e aos poucos vai alterando sua personalidade, se transformando num psicopata agressivo e violento contra a própria família. O ator se entregou tanto ao personagem que nunca mais conseguiu se livrar de alguns dos trejeitos que ele adquiriu durante as filmagem, e que até hoje fazem dele um personagem dentre os mais lembrados de todos os tempos.

Um Estranho no Ninho (1975)

Dirigido por Milos Forman, Um Estranho no Ninho mostra de forma cruel os "bastidores" de um hospital psiquiátrico, e o quanto esse tipo de instituição pode ser nocivo às pessoas que ali vivem. Na trama, Nicholson é Randle McMurphy, um detento que simula insanidade para poder se livrar da cadeia, e acaba internado em uma clínica para doentes mentais. Aos poucos, ele começa a incentivar os outros internos a se rebelarem contra o sistema de regras desumanas do local, mas a "revolta" acaba fazendo com que McMurphy pague um preço pelo qual ele não esperava. É talvez a melhor atuação da carreira de Nicholson, e seu Óscar de melhor ator foi a prova disso.


Chinatown (1974)

Em Chinatown, Nicholson tem uma de suas melhores atuações ao dar vida ao detetive J. J. Gittes, especializado em casos matrimoniais. Um dia, recebe em seu escritório a visita de uma misteriosa mulher, que está desconfiada que seu marido, um engenheiro-chefe da Companhia de Água e Energia de Los Angeles, a está traindo. O que de início era para ser apenas mais uma investigação sobre um caso extraconjugal, acaba levando a revelações bombásticas sobre fatos secretos, que envolvem desde desvios na Companhia até compras ilegais de terras devido por meio de um grande esquema de corrupção.


Laços de Ternura (1983)

No premiado filme de James L. Brooks, Nicholson não chega a ser o personagem principal, e aparece relativamente pouco em comparação aos outros filmes da lista. Porém, sua participação é tão memorável, que ele acaba roubando a cena nos poucos momentos em que aparece. Na trama ele é Garrett Breedlove, um homem já cinquentão, mas que vive desregradamente, sem ter perdido o espírito mulherengo e conquistador da juventude. Quando uma vizinha viúva se muda para a casa ao lado, ele passa a fazer de tudo para conquistá-la. Nicholson ganhou o Óscar de melhor ator coadjuvante por sua atuação.


Melhor é Impossível (1997)

Foi com Melhor é Impossível que Jack Nicholson levou para casa o seu segundo Óscar de melhor ator para casa. E não é para menos, sua atuação é fantástica. Ele dá vida a Melvin Udall, um escritor de sucesso que é na verdade um homem repugnante, homofóbico, racista e anti-semita. Além disso, vive isolado em seu apartamento, e evita qualquer tipo de relacionamento com as pessoas ao redor. Porém, quando o vizinho gay acaba indo para o hospital após um assalto em seu apartamento, Melvin acaba tendo que cuidar de seu cachorro, um animal que ele sempre odiou. Com o tempo, ele vai criando uma relação de amizade com o animal, que acaba servindo também para aproximá-lo de uma vizinha garçonete pelo qual ele sempre se sentiu atraído.

domingo, 20 de abril de 2014

Crítica: A Jaula de Ouro (2014)


Todos os dias, milhares de pessoas saem de suas cidades, de todos os cantos da América Central, rumo ao sonho de viver a vida nos Estados Unidos. Isso é uma triste realidade pela qual já ouvimos e ainda ouviremos falar muito, infelizmente quase sempre com um final dramático. A Jaula de Ouro, do diretor estreante Diego Quemada-Diez, mostra essa luta de uma forma humana e visceral, como poucas vezes mostrada até então nas telas.


O filme começa silencioso, com a primeira palavra sendo proferida apenas depois de passados sete minutos. Até lá, acompanhamos imagens do dia-dia de dois adolescentes de uma cidade na Guatemala, que sonham atravessar a fronteira do México com os Estados Unidos para melhorar de vida. Um deles é Juan, que logo se firma como uma espécie de chefe entre eles. O outro na verdade é uma menina, Sara, que esconde os seios, corta o cabelo e usa roupas de menino para tentar esconder seu sexo, usando o nome de Osvaldo. Junto deles ainda está um terceiro garoto, Samuel.

Depois de serem transportados de barco até uma ponte férrea, eles pegam carona clandestinamente num trem de carga, que já estava transportando outras dezenas de homens, todos escondidos. Ao chegar em uma pequena cidade, passam a fazer apresentações artísticas na rua para ganhar dinheiro para a alimentação. Pegos pela polícia, todos são levados de volta à Guatemala, junto com um quarto garoto, que fez a viagem junto com eles.

Eles não desistem, e resolvem tentar refazer o longo caminho da primeira vez. Porém, o fardo é pesado demais para Samuel, que desiste de tudo deixa o grupo desfalcado. A dor nos seus olhos é tocante na hora em que ele dá adeus aos companheiros. Percebemos que se trata da dor de deixar um sonho para trás, e de se culpar por não ter a coragem suficiente de enfrentar as dificuldades que viriam pela frente. Apoiado pelos amigos, ele então fica, e os outros seguem viagem.


Como o caminho é basicamente todo por florestas, eles tem que se virar para sobreviver no meio do mato, enquanto tentam alcançar o objetivo. Por sorte, o garoto que entrou no grupo por último é um índio, chamado Chauk, que conhece um pouco mais da selva do que os dois que viveram a vida toda na cidade. No caminho, porém, são surpreendidos violentamente pela polícia de imigração, mas são salvos por um homem que esconde eles em uma casa até a polícia ir embora.

Em uma nova travessia, o trem onde eles estão sendo transportados acaba sendo assaltado, e todos obrigados a descer. A gangue de assaltantes pede todos os pertences das pessoas, além de separar as mulheres e colocá-las em um caminhão. Pensamos logo na sorte de Sara estar se passando por homem, e o quanto isso está servindo para salvar sua vida. No entanto, isso dura até um deles descobrir seu disfarce, e ela ser levada junto.


O triste destino de Sara a gente desconhece (ou finge desconhecer para não se deprimir ainda mais), e no fim das contas, sobram juntos apenas os dois que no início não se davam: Juan a Chauk, que na dificuldade vêem um no outro a força para seguir em frente. Seguindo viagem, novamente são surpreendidos, dessa vez por narcotraficantes, que tentam ganhar algum proveito diante da situação de desespero dos que estão no trem junto com eles.

Apesar de toda a dificuldade, e de inúmeros fatos que fariam qualquer um de nós desistir, eles chegam enfim a tão sonhada fronteira com os Estados Unidos. Milhões e milhões de quilômetros de um muro infinito, que atravessa paisagens, montanhas e cidades ao meio. Ao dar esse último passo rumo ao sonho,infelizmente algo acontece aos dois, e faz com que tudo desmorone de forma irreversível. 

Juan consegue atravessar e ganhar a vida no país norte americano, mas com um emprego miserável e sem perspectiva alguma de mudança. O fato nos leva a pensar em tudo pelo qual essas pessoas tem que passar, para chegar no dito "país de primeiro mundo" vivendo igual ou pior do que viviam em seu país natal. Mais do que isso, faz a gente pensar em quão mesquinhos somos por reclamar de coisas bobas, quando outros vivem de forma desumana pelos quatro cantos do planeta.


É realmente um filme que mexe com o emocional de quem assiste, e é impossível ficar indiferente. O final é de uma beleza que chega a encher os olhos de lágrimas. Afinal, não se trata de apenas mais um filme sobre a travessia da "fronteira proibida", mas sim, de um filme sobre o ser-humano, sobre suas esperanças e desesperanças, e sobre os sonhos temos de ter uma vida digna, que deveria ser direito de todos.

As atuações dos jovens são brilhantes. Cada personagem cativa por alguma qualidade própria, o que cria um laço muito forte com quem assiste. Por isso mesmo, o fim de cada um mexe com a gente como se fossem conhecidos nossos, e é impossível não sentir um peso no coração.


Segundo uma entrevista feita com o diretor Diego Quesada, que já trabalhou como operador de câmera para diretores como Ken Loach, Fernando Meirelles e Alejandro González Iñarritú, o processo de filmagem foi complicado e passou por momentos tensos, como a intervenção de narcotraficantes que queriam embargar o longa. 

Para sorte nossa, ele seguiu em frente, e trouxe para os nossos olhos uma narrativa pesada, consistente, e de forte valor emocional. La Jaula de Oro foi destaque em diversas premiações, inclusive no Festival de Cannes do ano passado, onde os três protagonistas receberam prêmios por suas interpretações. É certamente um dos melhores filmes do ano.


Festival de Cannes anuncia os selecionados para a mostra competitiva de 2014.

Cartaz oficial do festival desse ano, com o ilustre Marcelo Mastroianni.
Foram anunciados nessa quinta-feira (17), entre 1700 pré-indicados, os 18 filmes que irão concorrer à Palma de Ouro do festival de Cannes desse ano.

Começo destacando a presença do veterano Jean-Luc Godard na lista, com seu mais novo trabalho Goodbye to Language. Com 83 anos de idade, Godard é considerado um dos cineastas mais importantes de toda a história do cinema francês, além de ter sido precursor do movimento Nouvelle Vague, que influenciou praticamente todo o cinema feito no país a partir da década de 60.

Outros veteranos que marcam presença são o americano David Cronenberg, com seu Maps to the Stars, e os britânicos Ken Loach e Mike Leigh, com Jimmy's Hall e Mr. Turner, respectivamente. Além disso, a listagem ainda traz nomes conhecidos que vem chamando a atenção da crítica nos últimos anos como Xavier Dolan, Michel Hazanavicius e os irmãos Dardenne. A grande surpresa talvez tenha sido The Homesman, dirigida pelo veterano ator Tommy Lee Jones, nessa que é apenas sua segunda investida como diretor. 

O Festival de Cannes inicia dia 14 de maio e termina no dia 25 do mesmo mês, e terá como presidente do júri a diretora neozelandesa Jane Campion (de O Piano). Grace de Mônaco, dirigido por Olivier Dahan e protagonizado com Nicole Kidman, será o filme de abertura. A lista completa dos indicados ao prêmio principal vocês conferem abaixo.

Clouds of Sils Maria, de Olivier Assayas
Foxcatcher, de Bennett Miller
Goodbye to Language, de Jean-Luc Godard
Jimmy's Hall, de Ken Loach
La Meraviglie, de Alice Rohrwacher
Leviathan, de Andrei Zvyagintsev
Maps to the Stars, de David Cronenberg
Mommy, de Xavier Dolan
Mr. Turner, de Mike Leigh
Saint Laurent, de Bertrand Bonello
Still the Water, de Naomi Kawase
The Captive, de Atom Egoyan
The Homesman, de Tommy Lee Jones
The Search, de Michel Hazanavicius
Timbuktu, de Abderrahmane Sissako
Two Days, One Night, de Jean-Pierre e Luc Dardenne
Wild Tales, de Damian Szifron
Winter Sleep, de Nuri Bilge Ceylan

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Crítica: O Homem Duplicado (2014)


"O Caos é uma ordem ainda Indecifrável". É com essa frase de José Saramago que se inicia mais uma adaptação de uma obra sua para o cinema, O Homem Duplicado (Enemy). Depois do excelente Ensaio Sobre a Cegueira, do brasileiro Fernando Meirelles, a missão de levar às telas mais um romance do escritor lusitano caiu dessa vez nas mãos do canadense Denis Villeneuve (Incêndios / Os Suspeitos), mas o resultado final, porém, ficou muito abaixo do que eu esperava.


A trama começa mostrando o dia-dia do professor universitário Adam (Jake Gyllenhaal), que faz as mesmas coisas todos os dias, em uma rotina cansativa, do momento em que acorda até o momento em que vai dormir. Certo dia, um colega de Adam pergunta a ele se ele gosta de cinema e recomenda que ele assista "Onde há vontade, há caminho".

Após pegar o filme numa locadora, à primeira vista ele não percebe nada de mais na obra, e tem até um sentimento de indiferença para com ela. Porém, após uma noite de sonhos inquietos, ele resolve rever o filme em uma cena especifica (que aparece no seu sonho), onde se depara com uma situação que ele não havia percebido anteriormente: um dos atores que aparece na tela é exatamente igual a ele, como se fosse uma cópia fiel e perfeita da sua aparência.



Intrigado com a situação, ele anota todos os nomes do letreiro final na tentativa de saber o nome do ator, e após pesquisar na internet, descobre que ele se chama Daniel Saint Claire e que ele já trabalhou em diversos filmes. A partir de então, Adam resolve assistir todos os seus trabalhos, ficando cada vez mais obcecado por esse estranho "sósia".

Como se não bastasse o susto de saber que existe alguém igual a ele no mundo, as pessoas ao redor passam a chamá-lo com o nome do ator, e até a mulher de Daniel confunde sua voz no telefone com a dele. Após diversas tentativas de contato, Adam consegue marcar um encontro entre os dois em um hotel às escondidas, mas não imagina que a conversa entre eles vai mudar pra sempre as suas vidas. Inicia-se um joguinho de interesses entre eles, com um querendo ter a vida do outro, o que acaba levando a um final trágico e inesperado.

Aliás, sobre o final faço aqui um adendo: o filme é feito de diversas metáforas, que podem confundir a cabeça de muitos, assim como confundiu a minha. O diretor não se preocupa em responder algumas questões, e eu particularmente não gosto de filmes assim, onde aparentemente só o diretor entende e cada um tem sua própria versão. Por isso, confesso que o final me deixou bastante desanimado (e pensando "mas que porra é essa?), sobretudo por tentar passar alguma espécie de significado que eu não consegui compreender.



O enredo no entanto tem um bom ritmo. O clima é bastante sufocante, como se algo fosse acontecer a qualquer momento no meio das cenas, e isso serve para prender o espectador do início ao fim. Villeneuve vai tecendo aos poucos uma teia vasta de acontecimentos e detalhes, que por mais atenção que lhe sejam prestados, acabam deixando pontas soltas e até mesmo indecifráveis. As atuações de Jake Gyllenhaal e Melanie Laurent são concisas. Aliás, Gyllenhaal parece finalmente ter conquistado um status de respeito após seus últimos trabalhos, em um amadurecimento explícito e bem-vindo da carreira. 

Por fim, O Homem Duplicado é o tipo de filme que é preciso ser visto mais de uma vez (talvez duas, três, quatro...) para que possamos compreender sua magnitude, pois é complexo e extremamente subjetivo. Salvo alguns pontos positivos já descritos acima, o longa é para mim uma verdadeira decepção, e já pode ser descrito como um dos filmes mais controversos de 2014.


Quero Viver (2013)


Em todo e qualquer filme sobre enfermidades existe uma linha bastante tênue que o separa de ser, de um lado, dramaticamente apelativo, e de outro, uma verdadeira obra-prima. O polonês Quero Viver (Chce Sie Zyc), do diretor Maciej Pieprzyca, é um belo exemplo de um trabalho consistente e já pode ser considerado um dos melhores filmes do cinema moderno oriundo do leste europeu.



Na trama acompanhamos a história real de Mateusz (Dawid Ogrodnik), que foi diagnosticado com uma forte paralisia cerebral desde criança. Sua infância foi extremamente difícil, principalmente por ele não compreender quase nada do que falavam e do que faziam ao redor, além de não conseguir fazer absolutamente nada sozinho. 

Apesar de tudo, Mateusz teve a sorte de ter nascido em uma família unida e determinada a fazer com ele tivesse uma vida normal. Sua mãe super protetora e seu pai extremamente carinhoso foram a base para que ele conseguisse sobreviver às dificuldades. Além deles, ele ainda tinha um irmão mais velho bastante atencioso e uma irmã na fase difícil da adolescência, que talvez tenha sido a mais distante em termos de contato.


Falando em família, a relação de Mateusz com seu pai é com certeza a parte mais bela do longa. Aliás, que pai maravilhoso ele tinha. O que ele fazia por Mateusz poderia servir de exemplo para todo e qualquer pai do mundo, e em qualquer situação. Seus ensinamentos ao garoto não vinham de forma didática, mas na prática, e através de suas próprias ações ele ensinou a Mateusz coisas que o menino levou para o resto da sua vida.

Ainda na infância, uma das coisas que Mateusz mais gostava de fazer era ficar olhando o movimento da rua pelo vidro da janela. Aliás, é interessante a observação que ele faz do cotidiano ao redor, e o modo como o diretor analisa alguns pontos da vida em sociedade sob a perspectiva dos olhos e sentimentos do menino. Desde a tristeza de ver crianças brincando e ele não estando junto (ainda que ele não compreenda muito bem isso), até a análise do casal de vizinho que não conseguem mais nem se olhar depois de um tempo. Outro ponto interessante que o diretor traz é a divisão do filme em capítulos, com títulos e figuras "estranhas", que vamos acabar entendendo melhor mais para o final.



Após a morte do pai, a vida de Mateusz muda significativamente. A tristeza do garoto é extrema, e de que forma não poderia ser? Com a tragédia, ele perdeu o seu maior elo de ligação com a vida, a pessoa que lhe dava tudo que ele precisava e que lhe fazia sentir especial e único. Se para nós uma perda já é difícil de aceitar, para Mateusz foi um sentimento de dor triplicado.

O filme pula então para sua adolescência, momento onde Mateusz se apaixona pela primeira vez. Anka, uma menina solitária que passa seus dias lendo para fugir do clima pesado de casa, acaba atraindo uma atenção diferenciada do menino, e a relação que eles criam entre si é extremamente forte. Quando são obrigados a se separar, ele sente novamente a mesma dor insuportável da morte de seu pai: a dor da despedida. O toque dos dedos que eles dão por baixo da porta se torna uma das cenas mais belas da história do cinema, e mais tristes também.

Após um tempo, com a doença da mãe, ele acaba sendo levado a um hospital psiquiátrico, onde passa seus próximos anos. Ele odeia o lugar, e odeia ainda mais a mãe por ela o ter deixado naquele lugar. Depois de muita resistência, Mateusz só consegue acostumar com a rotina quando chega uma nova voluntária, Magda, que passa a tratá-lo com carinho, ensinando coisas que até então ele nunca havia tido contado antes (como a beleza do corpo nu feminino, por exemplo). O relacionamento entre os dois causa a demissão de Magda, e ele se vê novamente sozinho no mundo, apesar das visitas da mãe.



Seu sonho sempre foi poder se comunicar com as pessoas ao redor, e dizer principalmente que ali tem uma cabeça pensante e não apenas um vegetal à espera da morte. E quando uma médica chega ao local com um novo método de comunicação através de piscadelas, ele consegue finalmente realizar esse desejo, passando a se comunicar com o mundo exterior da forma como sempre quis.

Em filmes como esse, o que se sobressai são as atuações. Não é fácil dar vida a personagens tão complexos como Mateusz, e Dawid Ogrodnik está realmente de parabéns, numa das melhores atuações que vi nos últimos anos. Porém, deve-se elogiar também o menino que fez sua versão mirim, que foi tão espetacular quanto.



Na questão do roteiro, só há o que elogiar. A forma poética com que foi filmado dá um ar gracioso ao longa, e é impossível não se deixar levar. Infelizmente é um filme que não deve chegar aos cinemas daqui, a não ser por meio de festivais isolados, o que é uma pena. Mas quem tiver a oportunidade de tê-lo em mãos para assistir, não deve pensar duas vezes.


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Crítica: Era Uma Vez em Nova York (2014)



Estamos em Nova York, ano 1921. As irmãs Ewa e Magda tentam entrar nos Estados Unidos vindas da Polônia de navio, mas logo na chegada, durante um exame de rotina, Magda é diagnosticada com problemas no pulmão e acaba recolhida em uma prisão para quarentena. Ewa, por sua vez, tem a entrada no país barrada por ser acusada de atitudes imorais durante a viagem, e por estar desacompanhada de um homem, o que era proibido na época.




Perdida e sem saber o que fazer, ela acaba encontrando Bruno (Joaquim Phoenix), um homem misterioso, dono de um teatro voltado para o público masculino, onde mulheres danças seminuas e fazem performances ousadas. Decidido a ajudá-la, ele a leva para morar no local onde todas as suas "mulheres" vivem, e onde ele é tratado como um líder.

Para que passe a ganhar seu próprio dinheiro, ele incentiva que ela treine e comece a fazer parte das apresentações junto com as outras meninas. Logo de início, porém, ela já chama a atenção dos homens da plateia, recebendo convites para algo além de uma simples dança. Um desses convites acaba sendo irrecusável para o ambicioso Bruno, que sem querer perder a oportunidade, faz chantagem emocional com a jovem para que ela ceda.



Passado um tempo, ela encontra uma tia pela qual procurava ao chegar no país, e vive a esperança de dias melhores. Mas após um mal entendido, o marido de sua tia chama a polícia acusando-a de ser uma prostituta, e ela acaba indo parar na prisão. Bruno, novamente a salva, mas agora obriga ela a trabalhar como prostituta.

Nesse meio tempo, os dois criam uma relação curiosa. Mesmo envergonhada da maneira como está levando a vida, ela inicia um romance com o mágico Ellis (Jeremy Renner), que passou a fazer apresentações diárias no teatro de Bruno. Com a promessa de livrar sua irmã e se ver livre de tudo, ela acaba se apegando a ele, o que causa um ciúme doentio em Bruno, e leva a uma situação trágica.


O enredo é arrastado em partes, mas ainda consegue prender o espectador. Senti que faltou um pouco de carisma e aprofundamento nos personagens, que não conseguiram criar uma empatia com o público. Porém, mesmo assim, as atuações conseguem ser elogiáveis. O personagem de Bruno faz a gente alternar entre amor e ódio em pouco segundos, em mais uma brilhante participação do ator Joaquim Phoenix nas telas. A excelente Marion Cotillard também atua bem, mas não está entre suas personagens mais inspiradas da carreira.

Por fim, não é o tipo de filme que cativa e que será lembrado daqui alguns anos, mas ainda assim não deixa de ser um bom passatempo. James Gray ainda não conquistou o espaço que tanto almeja entre os melhores diretores da década, mas está no caminho. Quem sabe no próximo.