terça-feira, 20 de setembro de 2016

Crítica: Stonewall - Onde o Orgulho Começou (2016)


Uma série de violentas manifestações de membros da comunidade LGBT teve início após a violenta invasão policial na boate Stonewall Inn, localizada nos subúrbios de Nova York, no ano de 1969. A ação, que ganhou proporções gigantescas, se tonou um marco histórico na disputa dos homossexuais por direitos civis, e é sobre ela que nos conta Stonewall - Onde o Orgulho Começou, novo trabalho do veterano Roland Emmerich.

A trama começa acompanhando Danny (Jeremy Irvine), um jovem universitário que acabou de ser expulso de casa pelo pai após o mesmo descobrir sobre sua verdadeira orientação sexual. Sem ter onde ficar, Danny encontra abrigo na rua Christopher, no subúrbio de Nova York, onde vivem dezenas de homossexuais e onde a cena gay pulsa graças à boate Stonewall.

Após o governo federal definir o homossexualismo como uma doença mental, o bar passa a sofrer inúmeras batidas policiais, e nesse ínterim diversas pessoas acabam presas sem motivo algum, apenas por serem "diferentes" daquilo que a sociedade da época ditava como certo. O clima de guerra e o caos se instauram quando os homossexuais resolvem se rebelar contra isso, também com violência.


O enredo não linear vai e volta no passado, e mescla o dia dia de Danny e sua adaptação na nova cidade com seu passado em Kansas. Apesar da ideia parecer, a princípio, interessante e fácil de abordar, não demora para percebermos que o filme não é tudo o que de início se esperava. E isso se deve muito à própria direção de Emmerich, que se mostra precária e cheia de clichês.  

O filme carece de um envolvimento maior com o público, mas acima de tudo, faltou algo que realmente caracterizasse a importância histórica dos fatos descritos. Tudo parece meio raso, sem sentido, sem emoção. Ainda assim, apesar de todos os seus defeitos, não deixa de ser um filme importante, principalmente quando se pensa que até hoje, em pleno ano 2016, o homossexuais ainda precisam enfrentar as barreiras do preconceito da mesma forma como enfrentaram outrora.

domingo, 18 de setembro de 2016

Crítica: Mar de Árvores (2016)


A floresta Aokigahara, também conhecida como "Mar de Árvores" e localizada aos pés do Monte Fuji, é mundialmente conhecida por seu alto índice de suicídio. Em média, ao menos 100 casos são descobertos todos os anos, com pessoas de vários países do mundo, que vão até a floresta justamente com essa intenção.


Na trama de Mar de Árvores (The Sea of Trees), o diretor Gus Van Sant nos mostra um pouco mais a respeito desta misteriosa floresta sob a perspectiva de dois homens que ali estão para dar um fim à própria vida. Um deles é o norte-americano Arthur Brennan (Matthew McConaughey), que não vê mais sentido na vida após perder a mulher. O outro é o japonês Ken Watanabe, que perdeu o emprego e não tem mais condições de sustentar a família.

Os melhores momentos do filme são os diálogos entre os dois homens. Pouco a pouco, um vai ajudando o outro a repensar o ato de tirar a vida. Através de flashbacks, o filme mostra a relação que Arthur tinha com a esposa (Naomi Watts), que mesmo conflituosa ainda era verdadeira, e tudo que aconteceu para ele chegar ao desespero que se encontra. Tudo muito bem construído, com ótimas atuações de ambos.


A fotografia e a trilha sonora conseguem conduzir o espectador ao clima misterioso do local. Muitas lendas e crenças permeiam a região, conhecida por seu misticismo, e isso também é mostrado com cuidado pelo diretor, sem ser demagogo. O final, mesmo sendo previsível ao longo da trama, não deixa pontas soltas. Por fim, Mar de Árvores é, no mínimo, um filme que faz repensar o que realmente importa na vida e o modo como a levamos.