quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Crítica: The Homesman (2014)


Faroeste escrito, dirigido e protagonizado por Tommy Lee Jones, The Homesman estreou em Cannes desse ano onde recebeu diversos elogios da crítica especializada. Cheio de simbolismos, o longa mostra sobretudo o amadurecimento de Jones como diretor, nesse que talvez seja seu melhor filme até o momento.



Mary Bee Cuddy (Hilary Swank) tem 31 anos e vive solitária em uma pequena vila do velho oeste americano. Apaixonada por música, ela passa os dias cuidando de suas terras enquanto espera um homem com quem possa se casar e estabelecer uma família, único requisito que faria com que ela deixasse de ser mal vista pela sociedade da época.

Quando três mulheres da redondeza enlouquecem, aparentemente após serem maltratadas pelos próprios maridos, ela aceita a missão de transportá-las para o outro lado do Rio para um lugar onde elas possam ser tratadas. No meio do caminho, antes mesmo de iniciar a jornada, ela se depara com George Briggs (Tommy Lee Jones), um homem rude e canastrão que foi amarrado em uma árvore após invadir a propriedade de um homem poderoso.



Ao ser salvo por Mary, ele aceita acompanhá-la na viagem. Na imensidão do deserto surgem inúmeros percalços para atrapalhar a trajetória da dupla, onde eles são obrigados a lidar com a natureza e com uma trilha cheia de ódio entre homens e indígenas. Do meio para o final, um acontecimento inesperado deixa perplexo o espectador, mudando o rumo da história e fugindo de qualquer clichê.

Apesar de possuir algumas cenas chocantes, principalmente envolvendo crianças, o enredo é levado com bom humor em boa parte do tempo.  A música de Marco Beltrani encanta e dá o ritmo certo à trama, combinando com a magnífica fotografia. As atuações também são bastante convincentes. Jones e Swank criam uma excelente dupla mesmo com suas diferenças e seus interesses distintos, e o filme ainda nos brinda com a participação especial de Meryl Streep no final.



Por fim, The Homesman é um nome forte para estar na próxima edição do Óscar, principalmente para Swank, que nos traz uma das melhores atuações de sua carreira. É uma grata surpresa de um gênero que vem sendo aos poucos trazido de volta aos cinemas, e que não perde em nada aos grandes clássicos.


Crítica: Violette (2014)


Violette Leduc pode ser considerada hoje uma das escritoras mais importantes do século 21, principalmente quando se fala na luta pelos direitos das mulheres. Bissexual e feminista, ela teve uma vida complicada, que nos é mostrada sob a  excelente perspectiva do diretor Martin Provost.



Violette (Emmanuelle Devos) vive no interior da França junto de um homem violento, fruto de um casamento fictício para fugir da Segunda Guerra. É lá, naquela região isolada, debaixo de uma macieira, que ela começa a registrar suas primeiras memórias da infância em um pequeno caderno.

Abandonada pelo "marido", ela parte rumo à capital do país para tentar se virar de alguma maneira. Já em Paris, berço da cultura francesa, Violette se depara pela primeira vez com a pungente literatura de Simone de Beauvoir, famosa por seus ideais feministas. Empolgada, Violette se apega a Simone e lhe entrega seu primeiro livro de memórias para que a mesma leia e dê sua opinião.

Seu jeito de escrever é tão vivo, que ela logo ganha admiração da escritora, que decide levar seu livro às editoras para que seja publicado. No entanto, depois de lançado, o livro não chega às livrarias, principalmente por haver ainda naquela época um forte preconceito a respeito de mulheres escritoras. Além disso, a escrita de Violette possuía um exacerbado erotismo, o que era ainda mais escandaloso.



Dividido em capítulos, o filme vai mostrando essa via sacra de Violette para conquistar um lugar no mundo e todas as dificuldades pelo qual ela passou após uma traumática infância e uma vida adulta sofrida. Por viver em uma época onde as mulheres não tinham vez, ela sempre foi submissa a qualquer tipo de pensamento machista, e a presença de Simone foi muito importante para isso mudar.

Símbolo maior da luta pela liberdade das mulheres na década de 50 e 60, Simone de Beavouir ficou conhecida pelo seu livro O Segundo Sexo, onde defendia a igualdade entre homens e mulheres. Sua presença é contundente na vida de Violette, e mesmo que o espectador nunca tenha livo um livro seu, é impossível não criar uma empatia.



O enredo, apesar de ser bem construído, peca um pouco no ritmo. No entanto, há que se elogiar a fotografia e a trilha sonora, além das atuações fantásticas de Emmanuelle Devos e Sandrine Kiberlain. Com um forte apelo feminista, o longa acerta ao mostrar essa luta das mulheres por uma sociedade mais igualitária, em uma época que o mundo passava por grandes mudanças de comportamento.


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Crítica: Mapa para as Estrelas (2014)


Fazer uma crítica ao modo de vida repulsivo que muitas das celebridades de Hollywood levam. Essa talvez tenha sido a intenção principal do experiente diretor David Cronenberg em seu mais novo trabalho Mapa Para as Estrelas (Maps to the Stars), que estreou no Festival de Cannes desse ano. No entanto, com suas metáforas e excentricidades, o filme fica bem abaixo do que o esperado.


Agatha (Mia Wasikowska) acaba de chegar à Los Angeles, terra das estrelas de cinema e da cultura pop em geral, onde será entrevistada por Havana Segrand (Juliane Moore) para ser sua nova assistente. Havana, por sua vez, é uma atriz decadente, que busca recuperar sua carreira participando da refilmagem de um filme que sua mãe fez há 30 anos atrás mas perde a chance para uma atriz mais nova.

Nesse ínterim, o filme também acompanha Benjie (Evan Bird), um jovem ator arrogante de 13 anos que desde cedo já se acha o centro do mundo. Recém saído da clínica de reabilitação (sim, com essa idade), ele ficou conhecido por seu papel no sucesso "A Babá" e acabou de ser contratado para filmar a sequência do filme.



No meio disso tudo, somos apresentados à festas e badalações da vida das celebridades. Filmes que montam um mosaico da decadência de Hollywood vem sendo constantes, mas se esperava que a mão de Cronenberg trouxesse algo de novo para esse subgênero, o que não ocorreu. Os personagens tem que lhe dar com fantasmas do passado, literalmente, mas isso fica muito precário no enredo. 

Aos poucos os "segredos" vão sendo desvendados, mas de forma extremamente previsível, e o filme parece se perder completamente do meio para o final. Além da maioria dos personagens serem extremamente caricatos, alguns são extremamente desnecessários, como Stafford Weiss (John Cusack), uma espécie de guru das celebridades, sua esposa (Olivia Williams), além de um motorista e aspirante a ator (Robert Pattinson).


No fim, Cronenberg tenta fazer um traço de Hollywood com seus personagens vazios e pobres de espírito, mas o enredo é tão vazio quanto eles próprios. O único elogio é realmente para Juliane Moore, que levou o prêmio de melhor atriz em Cannes. O resto, pode ser considerado descartável.


Crítica: O Teorema Zero (2014)


Poucas mentes são tão férteis quanto a do diretor Terry Gilliam, com suas ideias mirabolantes e surreais. De volta à ficção científica após 20 anos do sucesso Os 12 Macacos, em O Teorema Zero (The Zero Theorem) ele não consegue transpôr para a tela o que pretendia, trazendo um filme confuso e abaixo da média.



Qohen Leth (Christoph Waltz) é um exemplar operador da empresa Mancon. Vivendo enclausurado em uma igreja abandonada, rodeado de computadores e fios, ele passa os dias esperando uma ligação que supostamente lhe dirá o sentido da sua vida, enquanto busca encontrar a fórmula do misterioso Teorema Zero.

Aqui Gilliam cria sua própria visão de um mundo futurista, com carros pequenos onde cabem apenas uma pessoa (que mostram a individualidade cada vez mais presente), vitrines coloridas que falam com os pedestres, e tecnologia ultra avançada. Além disso, todos são vigiados por uma espécie de "entidade suprema".


O personagem fala sempre na primeira pessoa do plural, como se tivesse uma personalidade dúbia. Apesar da sociedade parecer mais pacífica, Qohen diz que não consegue mais lembrar da última vez que foi feliz, e busca através de Bainsley (Melanie Thierry) alguns momentos de fuga da realidade.

Apesar da direção de arte impecável, não fica bem claro qual a verdadeira intenção do diretor, e o filme se perde em confusões e devaneios que só mesmo Gilliam parece entender. Mesmo com todos os defeitos, uma coisa há que se dizer sobre o filme: Christoph Waltz nos mostra mais uma atuação impecável, em um papel completamente diferente de tudo que ele já havia feito. Careca e pálido, ele personifica com perfeição o personagem anti-social e cheio de tiques nervosos.



Por fim, Gilliam é um diretor conhecido por seus altos e baixos, mas aqui ele chegou no mais fundo degrau. O clima de paranoia prende até o fim, mas mas não passa de uma alegoria para esconder a falta de coesão em tudo. É certamente um dos filmes mais decepcionantes de 2014.


terça-feira, 14 de outubro de 2014

Crítica: Boyhood - Da Infância à Juventude (2014)


Assistir Boyhood - Da Infância à Juventude (Boyhood) é ter a certeza de que se está diante de algo histórico para o cinema. Não pelo enredo em si, que até parece relativamente simples, mas pela forma como ele foi filmado. As gravações do longa se estenderam por doze anos e acompanham, literalmente, a passagem da infância para a adolescência de Mason (Ellar Coltrane), dos 6 aos 18 anos, comprovando mais uma vez que o diretor Richard Linklater (da trilogia "Before") sabe brincar com o tempo como ninguém.



Mason e sua irmã Samantha (Lorelei Linklater) desde cedo foram obrigados a conviver com a desarmonia dentro de casa. Após inúmeras brigas, seus pais optaram por se separar, ficando os dois sob a guarda da mãe. A mãe (Patricia Arquette), por sua vez, não demora muito para se casar novamente, mas com o passar do tempo o novo marido se mostra um homem rígido e, para piorar, alcoólatra, que destrata ela e as crianças.

Enquanto isso, os dois crescem vendo o pai biológico (Ethan Hawke) esporadicamente. Mesmo quilômetros distante, ele tem um forte apego pelos filhos, e tenta fazer cada passeio junto deles ser inesquecível para ambos. Essa relação mostra bem o que estamos acostumados a ver ao nosso redor, de filhos que são obrigados a conviver com a separação dos pais, mesmo que não entendam direito o motivo e o que de fato está acontecendo.



Aliás, mudanças são constantes na vida dos dois. Prova disso é que durante os doze anos do filme eles moram em pelo menos 4 casas diferentes, pulando de colégio em colégio e, consequentemente, sendo obrigados a fazer novas amizades o tempo todo. O filme fala exatamente do tempo, da vida em família, das lembranças e recordações que ficam, do valor das amizades e sobretudo dessa inconstância da vida.

O que impressiona é que o diretor não puxa nem para o lado do drama emocional, nem para o lado da comédia, e consegue levar o enredo até o fim com simplicidade e sem parecer falso. Nem vemos o tempo passar, e é impossível não amar cada um dos personagens, principalmente Mason. É como se estivéssemos folheando o álbum de recordações de um garoto que faz coisas comuns como qualquer um de nós, mostrando momentos específicos que boa parte de nós já passou em algum momento.


O filme não tem um fim propriamente dito, deixando para nós imaginarmos o restante da vida de Mason da forma como quisermos. Após os créditos, fica um sentimento nostálgico, como se a vida de qualquer um de nós também pudesse dar um filme. A vida mostrada como ela é, com suas angustias, seus dramas, mas com seus momentos bons e únicos. As lembranças de amigos que se separam, das primeiras namoradas, dos colegas que marcaram, sempre acompanhados de diálogos marcantes e bem construídos.

É impactante a forma como os atores vão envelhecendo junto com a história. Todos os anos, o elenco se reencontrava para filmar novas cenas, que aparecem de forma cronológica no filme. O resultado final é primoroso na tela. Os quatro personagens principais parecem realmente estar vivendo aquele cotidiano, e não atuando, tamanha veracidade das atuações.


Uma das coisas que também impressiona é a trilha sonora. Começando com Yellow do Coldplay, e terminando com Arcade Fire, as músicas vão acompanhando a passagem do tempo de forma cronológica, sendo um diferencial a mais. Além da música, há menções sobre outros setores da cultura pop e até mesmo as campanhas presidenciais, sempre indicando implicitamente o ano em que estamos.


Por fim, não é à toa que o diretor prometeu devolver o dinheiro de quem não gostar da história, pois é realmente difícil imaginar que alguém não goste. Após sua exibição no último Festival de Berlim, o filme foi ovacionado como uma banda de rock, e desde já se mostra ser uma das principais apostas para as grandes premiações do ano, sendo um dos melhores filmes das últimas décadas.


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Crítica: Dois Dias, Uma Noite (2014)


O cinema na Bélgica vem em uma crescente, e isso se dá em grande parte pelo sucesso dos irmãos Dardenne nesses últimos anos. Depois de O Filho, A Criança e o Silêncio de Lorna, dessa vez eles nos presenteiam com o excelente Dois Dias, Uma Noite (Deux Jours, Une Nuit), um dos destaques no Festival de Cannes desse ano.




Sandra (Marion Cotillard) está vivendo um período conturbado em sua vida. Sofrendo de uma depressão profunda, ela acabou de perder o emprego após seus colegas votarem por um bônus ao invés de votarem pela sua permanência. Ao descobrir que eles podem ter sido persuadidos pelo chefe, ela implora por uma nova chance e ganha o direito de uma nova votação.

A partir de então começa o martírio de Sandra, que decide ir atrás de cada um deles para convencê-los a mudar de ideia. Contando com a ajuda do marido (Fabrizio Rongione), eles passam todo o fim de semana visitando cada um deles, em diferentes partes da cidade, sendo recebidos de todas as formas possíveis.



A tarefa não é nada fácil, afinal de contas, ninguém quer abrir mão de ganhar um bom dinheiro em troca de ajudar alguém que mal conhece. Mais do que isso, até mesmo quem se dizia amigo(a) de Sandra de repente não se prontifica a ajudá-la, mostrando uma verdade absoluta de que você só conhece as pessoas ao seu redor quando precisa delas.

No entanto, é interessante perceber que esses colegas de Sandra que se negam a votar a seu favor não podem e nem devem ser julgados como errados. Até porque é difícil imaginar o que cada um de nós faria na mesma situação. Cada um deles tem uma família para sustentar, e alguns já fizeram até planos para o uso do dinheiro extra.



Por conta disso, as reações são as mais diversas. Alguns aceitam votar ao favor de Sandra, inclusive com um certo sentimento de culpa por ter votado diferente na primeira vez. Outros são atenciosos e complacentes com sua dificuldade, mas mesmo que no fundo queiram muito ajudar, não conseguem abdicar da vantagem financeira. Há ainda os que são ríspidos, e nem sequer aceitam falar com ela. 

O enredo é preciosíssimo e consegue segurar a tensão até o final. Na medida em que o filme passa, o clima de suspense para o seu desfecho vai aumentando, criando um sentimento de torcida no espectador para com a jovem mulher. Afinal, todos querem ver o melhor para ela, sobretudo depois de tudo que ela fez.



Marion Cotillard, uma das atrizes mais respeitáveis da atualidade, está impecável no papel principal. Outro ponto que me chamou a atenção foi a trilha sonora. Situações corriqueiras, que podem acontecer a qualquer um, fazem o filme criar uma empatia ainda maior com o público. No mundo, para que alguém ganhe, outro tem que perder, e essa balança muitas vezes acaba sendo injusta.


sábado, 4 de outubro de 2014

As primeiras apostas para o Óscar 2015

Estamos em outubro, e faltam cerca de 4 meses para a próxima edição do Óscar, prêmio máximo do cinema mundial. Como sempre acontece nessa época, já começaram a surgir os primeiros boatos e burburinhos a respeito dos possíveis candidatos, e o Cinema Arte não poderia ficar de fora dessa. Abaixo vocês conferem alguns dos nomes que mais vem sendo citados pela crítica especializada, tanto para os prêmios principais quanto para os secundários.

Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo

Exibido em primeira mão no Festival de Cannes, Foxcatcher já é uma das principais apostas para o próximo Óscar. Baseado em uma história real, o filme acompanha o difícil relacionamento entre o campeão olímpico Mark Schultz e o milionário John du Pont, que decidiu investir em sua carreira.

A primeira aposta é para a direção. Bennett Miller tem apenas dois filmes na carreira, e ambos foram indicados ao prêmio de melhor filme em Óscars passados: Capote e O Homem que Mudou o Jogo. Seguindo esse histórico, é de se esperar que novamente seu nome esteja entre os principais concorrentes. Na parte das atuações, quem tem tudo pra surpreender é Steve Carrell, conhecido por fazer comédias mas que parece (pelos trailers) ter uma excelente capacidade também para dramas . Aliás, sua mudança física vem sendo considerada uma das mais impressionantes dos últimos anos.

The Imitation Game

Dirigido pelo pouco conhecido Morten Tyldum, o longa ficou anos na "Black List", como é chamada a relação dos roteiros elogiados mas que jamais saíram do papel. O filme mostra a vida de Alan Turing, um conhecido gênio da informática que criou os conceitos por trás da criação do computador, além de ter ajudado a quebrar o código Enigma, utilizado pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial.

O longa, no entanto, vai além de sua carreira, mostrando uma outra faceta do matemático: a do homossexual enrustido que foi perseguido pelo governo inglês. No elenco estão nomes como Benedict Cumberbatch, Keira Knightley e Matthew Goode, e todos tem sido muito elogiados pela crítica especializada. Aliás, Benedict é a principal aposta do filme, para levantar o prêmio de melhor ator.


A Teoria de Tudo

A fantástica história real de Stephen Hawking tornou-se o centro das atenções no Festival de Toronto desse ano. O diretor James Marsh já possui um Óscar em casa, pelo documentário O Equilibrista, e dessa vez tem ambições maiores.

O que mais chamou a atenção da crítica foram as atuações de Felicity Jones e Eddie Redmayne, que levam a produção nas costas e devem certamente concorrer aos prêmios desse ano. Mais do que isso, o filme tem boas chances de concorrer como melhor roteiro adaptado e até mesmo melhor filme.


Boyhood - Da Infância à Juventude

Lançado no festival de Sundance, o longa já conquistou de cara uma legião de críticos. Todos, quase sem exceção, dizem que trata-se de um dos filmes mais belos e bem feitos dos últimos anos, e o próprio diretor Robert Linklater declarou que devolve o dinheiro do ingresso para quem não gostar da história.

O longa demorou doze anos para ser filmado e acompanha, literalmente, os doze anos na vida do jovem Mason, de seus 6 anos até os 18. Extremamente interessante, tem tudo para agradar a Academia e disputar boa parte dos prêmios principais, além de ser uma experiência única na história do cinema.

Interestelar

Depois de ganhar o Óscar de melhor ator por Clube de Compras Dallas, Matthew McConaughey está de volta, dessa vez sob a direção de Christopher Nolan, um dos diretores mais populares da nova geração. Por conta disso, é grande a expectativa em torno da ficção científica Interestelar desde que seus primeiros trailer começaram a ser lançados.

No ano passado, Gravidade foi um dos principais vencedores da edição do Óscar, voltando a chamar a atenção para o gênero, tão pouco lembrado pela Academia. Abordando questões sobre a existência da vida na terra, o filme tem um elenco de peso. Além de McConaughey, tem Anne Hathaway (também ganhadora no último Óscar), Michael Caine, Jessica Chastain, Matt Damon e Elles Burstyn, e pelo que se vê nos trailers, promete ser uma experiência incrível.


Invencível

Há quem diga que Invencível será um dos filmes mais indicados do próximo Óscar, mas isso só o tempo dirá. Dirigido por Angelina Jolie (sim, ela mesma), e roteirizado pelos irmãos Joel e Ethan Coen, o filme deve mostrar a vida do atleta olímpico Louis Zampieri, baseado em um livro escrito por Laura Hillebrand.

Em plena Segunda Guerra Mundial, Zampieri sobreviveu a uma queda de avião, a 47 dias perdido no mar, e a três anos como prisioneiro dos japoneses. Uma história que tem tudo para agradar a Academia e que já vem chamando atenção pelos trailers.

Garota Exemplar

O livro homônimo de Gillian Flynn conquistou muitos fãs ao redor do mundo, e fez aumentar bastante a expectativa por sua adaptação. A presença de David FIncher na direção não apenas lhe deu credibilidade, como também o colocou na lista dos possíveis candidatos ao Óscar.

O enredo acompanha os esforços de um homem para desvendar o que aconteceu com sua esposa, que desapareceu bem no aniversário de casamento deles. O problema é que, devido a sua reputação, o mesmo se torna um suspeito em potencial para a polícia. Estrelado por Ben Affleck, o ator deve voltar ao Óscar, dois anos depois do vitorioso Argo.


Mr. Turner

Exibido pela primeira vez no Festival de Cannes, Mr. Turner é o mais recente trabalho do consagrado diretor Mike Leigh, e mostra a vida e a obra do pintor inglês J.M.W. Turner, um dos precursores do impressionismo.

Com uma bela fotografia, que busca recriar nas telas a ambientação criada por Turner em suas obras, o longa é sério candidato nas categorias técnicas. Timothy Spall, intérprete do pintor, também tem boas chances de concorrer como melhor ator, prêmio que ganhou em Cannes.

Maps to the Stars

Também exibido em primeira mão no Festival de Cannes desse ano, Maps to the Stars é a visão crítica do experiente diretor David Cronenberg a respeito da busca desenfreada pela fama em Hollywood.

O grande potencial para uma possível indicação é da atriz Julianne Moore, premiada em Cannes, e que deve certamente estar na disputa desse ano. Ela interpreta uma atriz decadente que tenta, de todas as formas possíveis, conseguir o papel principal na refilmagem de um grande sucesso estrelado por sua mãe décadas atrás.


Corações de Ferro

Estrelado por Brad Pitt e Shia LaBebouf, Corações de Ferro, do diretor David Ayer, é uma superprodução de guerra que vem sendo considerado um dos longas mais esperados desse final de ano.

A história mostra um grupo de soldados americanos que recebe a missão de atacar nazistas dentro da própria Alemanha, mesmo com um número bastante inferior em relação ao inimigo. Liderados pelo destemido sargento Wardaddy (Pitt), eles não desistem e vão até o fim para cumprir a missão. Muito se espera desse filme, e tem tudo para concorrer em diversas categorias.


Birdman

Novo trabalho de um dos diretores que mais admiro, Alejandro González Iñarritú, Birdman conta a história de um super-herói que foi um ícone cultural e que agora, em plena decadência, tenta se dar bem no papel dele mesmo em um musical sobre sua carreira.

O longa chama a atenção por ser a primeira comédia da carreira do diretor, e conta com um elenco de peso: Edward Norton, Michael Keaton, Emma Stone, Naomi Watts, entre outros.

Trash - A Esperança vem do Lixo

Stephen Daldry dirigiu quatro filmes ao longo da carreira e todos, sem exceção, foram indicados ao Óscar, e em categorias importantes. Diante disso, há grande expectativa em torno de Trash, seu mais novo trabalho, e que foi filmado inteiramente no Brasil.

Baseado no best seller homônimo escrito por Andy Mulligan, o filme acompanha a vida de três adolescentes que vivem e trabalham em um lixão, e que certo dia encontram uma carteira abandonado com instruções para encontrar um suposto tesouro. Estrelado por Martin Sheen e Rooney Mara, o filme tem boas chances inclusive de disputar o prêmio principal.


Wild

Após dirigir uma das surpresas no Óscar do ano passado, Clube de Compras Dallas, Jean-Marc Vallée está de volta com seu mais novo trabalho: Wild, novamente baseado em fatos reais. Dessa vez ele nos mostra a saga de Cheryl Strayed, que resolveu levar uma vida junto à natureza selvagem.

O longa em boas chances de render uma indicação para Reese Whiterspoon, ganhadora de um Óscar, mas que andava sumida das principais produções nos últimos anos.

Vício Inerente

A expectativa a cerca de Vício Inerente se dá principalmente pelo nome de seu diretor, Paul Thomas Anderson. Responsável por sucessos de crítica como Sangue Negro, Boogie Night e Magnólia, dessa vez ele volta a trabalhar com um grande estúdio de Hollywood, apresentando uma história que envolve o sequestro de um bilionário latifundiário feito por um detetive. 

No elenco estão nomes como Joaquim Phoenix, Benício Del Toro, Owen Wilson, Josh Brolin e Reese Whitersrpoon. As categorias são incertas, mas é bastante esperado que ele marque presença na premiação do ano que vem de alguma forma.


Big Eyes

Tenho uma estreita relação de amor e ódio com Tim Burton e seu modo de fazer cinema. Sou fã de filmes como Ed Wood, Edward Mãos de Tesoura, Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas, Sweeney Todd, mas em compensação, odiei filmes como Os Fantasmas se Divertem, O Estranho Mundo de Jack e Sombras da Noite.

Dessa vez ele está diferente, menos sombrio, em um filme que pode lhe render a primeira indicação como melhor direção, ao mostrar a história real da pintora Margarete Keane, conhecida nos anos 50 por pintar crianças com olhos grandes e assustadores. Amy Adams, que dá vida a personagem, tem tudo para arrecadar mais uma indicação, a sexta da carreira e a terceira seguida.

Magia ao Luar

Apesar de esnobar a premiação há anos, Woody Allen sempre tem seu nome e seus filmes indicados, numa longa história de amor e ódio com a Academia. O novo filme do veterano diretor traz uma pitada de magia e romantismo, acompanhando os esforços de um especialista em descobrir charlatões para desmascarar uma falsa médium.

Como de praxe, a indicação para melhor roteiro original é a mais esperada, mas pode sobrar algo para fotografia e trilha sonora.

Caminhos da Floresta

O elenco de Caminhos da Floresta já chama a atenção logo de cara, com nomes como Johnny Depp, Mery Streep e Emily Blunt. Baseado no premiado musical de mesmo nome, e dirigido por Rob Marshall (Chicado, Memórias de Uma Gueixa e Nine), o longa é uma verdadeira brincadeira com diversos personagens famosos de contos de fadasm como Chapeuzinho Vermelho, Cinderela e Rapunzel.

Na premiação, o longa deve concorrer em categorias técnicas como maquiagem e direção de arte, mas também pode surpreender em categorias maiores.

O Grande Hotel Budapeste

Wes Anderson possui uma estética própria que lhe rendeu milhares de admiradores ao redor do mundo, e três indicações ao Óscar, por Os Excêntricos Tenembaums (roteiro original), O Fantástico Sr. Raposo (animação) e Moonrise Kingdom (roteiro original). O Grande Hotel Budapeste estreou oficialmente no Festival de Berlim desse ano, onde recebeu diversos elogios.

A história, que acompanha as aventuras de um gerente de hotel e seu jovem empregado, e mostra desde o roubo de um famoso quadro até a briga de integrantes de uma família por uma herança, tem tudo para render uma nova indicação como melhor roteiro para Anderson, além de correr por fora em fotografia e direção de arte.


Como Treinar o Seu Dragão 2

2014 foi um ano bem pouco rentável para o mundo das animações, e entre todos os lançamentos, Como Treinar o Seu Dragão 2 foi o que chamou mais a atenção, e deve vir como favorito para vencer o prêmio de melhor animação em 2015. Vale lembrar que o primeiro filme da saga recebeu duas indicações em 2010, nas categorias de melhor animação e melhor trilha sonora.

Winter Sleep

Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, Winter Sleep, do turco Nuri Bilge Ceylan, é um dos fortes candidatos para vencer o prêmio de melhor filme estrangeiro esse ano. O filme, que se passa na península anatoliana, promete examinar de forma sensível a diferença que há entre os ricos e os pobres, bem como entre poderosos e fracos.