segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Crítica: A Colina Escarlate (2015)


O mexicano Guillermo Del Toro ganhou muitos admiradores de uns anos para cá graças a seu trabalho magnífico na construção de criaturas e cenários fantásticos, principalmente em filmes como A Espinha do Diabo (2001) e O Labirinto do Fauno (2006). Pois em 2015 ele está de volta ao terror com A Colina Escarlate (Crimson Peak), filme que tecnicamente é impecável, mas que infelizmente se mostra fraco em todo o resto.


Thomas Sharper (Tom Hiddleston) viaja até os Estados Unidos para encontrar alguém que aceite investir em uma misteriosa máquina que ele inventou, capaz de extrair da terra, de forma mais rápida e eficiente, um conhecido líquido vermelho. Enquanto tenta convencer o magnata Carter Cushing (Jim Beaver) a ajudá-lo, Thomas conhece a filha dele, Edith (Mia Wasikowska), que logo se apaixona perdidamente pelo rapaz.

A jovem aceita se casar com Thomas e viaja junto com ele para sua mansão na Inglaterra, que graças à sua localização é conhecida como "A Colina Escarlate". Na nova casa, Edith vai descobrindo aos poucos a estranha relação que existe entre Thomas e sua irmã Lucille (Jessica Chastain), além de se deparar com inúmeros acontecimentos sobrenaturais que vão revelando coisas terríveis sobre o passado do lugar.


A direção de arte é realmente impressionante, e combina com todo o clima do filme. A mansão de Thomas, por exemplo, foi totalmente construída do zero, apenas para a gravação do filme, o que já demonstra todo o perfeccionismo que Del Toro tem na criação de tudo. O enredo do filme, no entanto, peca feio em desperdiçar uma produção dessas em uma história fraca e absolutamente sem graça. 

As atuações não comprometem, mas confesso que continua achando Mia Wasikowska extremamente fraca. Tom Hiddleston também não me agrada muito, mas até que segura bem as pontas dessa vez. O destaque vai mesmo para Jessica Chastain, uma das melhores atrizes da atualidade, que tinha em mãos um papel que exigiu bastante de si mesma e conseguiu ir muito bem.


Por fim, A Colina Escarlate é de fato um filme fraco que se arrasta do início ao fim, com personagens (principalmente os sobrenaturais) mal aproveitados e uma história inconstante, provando que por mais incrível que seja a ambientação e os detalhes técnicos de uma produção, nem só disso vive um filme.

Crítica: Love (2015)


Sou um grande admirador do trabalho do cineasta Gaspar Noé e considero Irreversível (2002) e Enter The Void (2009) duas obras-primas do cinema moderno. Pois em 2015 ele volta aos cinemas com Love, um filme tão polêmico quanto os primeiros e que, como de praxe, chocou a todos na sua exibição em Cannes. A expectativa foi grande, no entanto, dessa vez ele infelizmente deixou a desejar.


Murphy (Karl Glusman) recebe o telefone de sua ex-sogra perguntando se ele sabe onde está Electra (Aomi Muyock), sua ex-namorada, que está sumida há dois meses sem dar nenhum sinal de vida. Ele hoje vive com Omi (Klara Kristin) e seu filho pequeno num pequeno apartamento, onde se sente bastante infeliz, e sua instabilidade emocional fica ainda mais abalada com a ligação.

A partir de então, Murphy começa a relembrar o passado e a história que teve com Electra, principalmente o fim repentino do namoro. A perspectiva dela poder ter se suicidado desperta nele um misto de remorso e rancor, e as reminiscências afetivas entre eles vai nos sendo mostrada pouco a pouco, através de uma narrativa não-linear.


Até alguns meses atrás, Murphy e Electra viviam um romance tórrido, em que nada parecia abalá-los. Porém, tudo começou a ruir quando a jovem Omi passou a morar no apartamento ao lado, e não demorou muito para surgir entre eles um relacionamento à três, que começou como uma brincadeira mas terminou com graves consequências. Deixando se levar pelo charme de Omi, ele pôs tudo a perder com Electra de forma irreparável.

É interessante como são montadas as personalidades dos personagens. Murphy quer seguir na carreira de diretor de cinema e tem como grande ídolo o americano Stanley Kubrick. Mais do que isso, todas as peças de seu apartamento são recheadas com pôsteres de filmes clássicos, o que dá um visual único ao filme. Electra também é apaixonada por arte, mas pela poesia, e são esses detalhes que fazem eles se apaixonarem logo de cara.


O filme, claro, causou polêmica pelas cenas de sexo explícito, com direito a closes que seriam até então inimagináveis em um filme “comercial”. Murphy, numa espécie de alter ego do diretor, diz que falta no cinema atual uma abordagem mais real, onde esperma, sangue e lágrimas sejam o motor chefe da história. E é mais ou menos o que vemos aqui.

As atuações do filme são bastante verossímeis, mas o enredo deixou aquela sensação de que faltou algo. Os finais de Noé sempre costumam ser emblemáticos e até mesmo subjetivos, mas em Love ele não conseguiu o efeito que propôs. Algumas coisas ficaram deslocadas e outras sem explicação, e isso comprometeu o resultado final.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Crítica: Cinco Graças (2015)


Escolhido como representante da França no próximo Óscar de melhor filme estrangeiro, Cinco Graças (Mustang), da diretora estreante Deniz Gamze, chamou a atenção do público em Cannes e foi bastante elogiado em outras amostras pelo mundo, como no Festival do Rio. Encantador mas ao mesmo tempo triste, o filme é um verdadeiro tratado sobre o amadurecimento e a liberdade de escolha em uma cultura extremamente machista e conservadora.



O enredo é muito semelhante ao de As Virgens Suicidas, de Sofia Coppola, porém tendo como pano de fundo a Turquia. Cinco meninas órfãs vivem no interior do país com a avó e o tio, onde são controlada em tudo o que fazem. Elas estão numa época de descobertas, principalmente do amor e da sexualidade, e o único momento de liberdade é quando estão na escola. No entanto, uma simples brincadeira com colegas meninos as colocam em um grande escândalo na cidade e muda drasticamente a rotina de todas.

Querendo evitar que elas envergonhem sua família, Erol (Ayberk Pekcan), o tio das meninas, resolve trancar todas elas dentro de casa, impedindo que elas saiam até mesmo para ir à escola. No decorrer do tempo a família vai recebendo pretendentes em sua casa, e uma a uma, elas vão sendo entregues a casamentos arranjados, sobrando no fim apenas duas, que passam a planejar a fuga definitiva do lugar antes que seja tarde demais.



O filme é um verdadeiro tapa na cara da sociedade. Se passa na Turquia mas poderia se passar em muitos outros lugares onde a realidade é parecida ou até mesmo pior para as mulheres. A falta de liberdade, muitas vezes por questões religiosas, ainda é um mal que existe em muitas culturas, e o filme traz a discussão à tona com competência e sem ser fundamentalista.

Com grandes atuações das meninas, principalmente de Gunes Sensoy, que faz a caçula Lale, Cinco Graças é uma grata surpresa do cinema francês em 2015, mesmo que da França não tenha nada, nem mesmo o idioma. O ritmo lento pode incomodar em algumas partes, mas o resultado final compensa.


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Crítica: Os 33 (2015)


No primeiro minuto de Os 33 (The 33), novo filme da diretora mexicana Patricia Riggen, somos apresentado a um dado trágico: todos os anos cerca de 12 mil mineiros morrem ao redor do mundo durante o trabalho. Muito pouco se houve falar desse tipo de acidente, mas em 2010 o mundo parou para acompanhar a história dos 33 mineiros que ficaram 69 dias debaixo da terra após um violento desmoronamento na mina de San José, no Chile.


A trama acompanha essa história de superação e sobrevivência sob diversos olhos: o dos mineiros, o dos seus familiares e do governo chileno. O enredo começa mostrando a festa de aposentadoria de um deles, que está a quatro décadas trabalhando na região. No outro dia segue-se a rotina normal, onde todos se encontram em meio ao deserto do Atacama para continuar a exploração da gigantesca mina de ouro.

O chefe de segurança logo percebe que algo está errado mas o diretor da mina, cego pela ganância, não lhe dá ouvidos e manda seguir com os trabalhos. No mesmo dia ocorre a tragédia já anunciada: um grave desmoronamento fechou a única entrada/saída do lugar e fez com que os mineiros ficassem presos no refúgio de segurança, a 700 metros do solo.


A cena do desabamento é muito bem feita, diga-se de passagem, e passa com veracidade todo o sentimento de pavor dos trabalhadores. A mineradora não planeja fazer nada para salvá-los pois o custo seria muito grande e faltam recursos, mas devido a forte pressão dos outros países, e preocupado com sua imagem, o governo chileno entra na jogada e coloca tudo a disposição do resgate.

São montados alojamentos para os familiares enquanto mais de 10 perfuratrizes fazem o trabalho à toda velocidade. Lá embaixo os mineiros tem mantimentos para apenas 8 dias, e por isso o resgate vira uma corrida contra o tempo. O plano é primeiro conseguir contato para entregar comida e bebida, para depois tentar o resgate de todos com segurança, mas as coisas se complicam durante a operação.

No comando da ação está Laurence Golborne (Rodrigo Santoro), o Ministro de Minas do presidente Piñera (Bob Gunton). Tocado pelo sofrimento, principalmente dos familiares, Laurence faz de tudo para encontrar uma alternativa, e quando consegue, faz de tudo colocá-la em prática.


O enredo por si só não compromete o andamento do filme, mas ao optar pela língua inglesa, a diretora tirou completamente a autenticidade da história. Mesmo sendo um filme americano, é inadmissível que ele se passe inteiramente no Chile e todos, absolutamente todos os personagens (inclusive os figurantes), falem inglês. Chega a ser cômico quando o presidente arrisca algumas palavras em espanhol durante um discurso para a população.

O ponto positivo são as atuações de Antonio Banderas e Rodrigo Santoro. Outro nome conhecido é o de Juliette Binoche, mas sua personagem é tão deslocada e mal aproveitada que sua atuação acaba sendo comprometida. A trilha sonora do competente James Horner, falecido no meio do ano, ajuda a dar o clima claustrofóbico ao filme, e trabalha bem com todo o resto.


Com defeitos grotescos, Os 33 só não foi um desastre maior por causa da história que era ali contada. O fato real é realmente emocionante, e só isso já serve para segurar a atenção do espectador até o fim. O final ainda abre os olhos para o mundo sobre a situação dos verdadeiros mineiros da história, que não receberam nenhuma indenização pelo ocorrido e hoje vivem abandonados pelas autoridades.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Crítica: Ponte dos Espiões (2015)


Três anos depois do lançamento de Lincoln, o cineasta Steven Spielberg voltou aos cinemas com Ponte dos Espiões (Bridge of Spies), drama que se passa durante a Guerra Fria e que mostra com competência toda a tensão que existia na época, onde o mundo vivia o terror eminente de uma guerra nuclear.



O filme se passa em 1957, auge do período em que Estados Unidos e União Soviética usavam de tudo para tentar descobrir segredos um do outro. Quando o espião soviético Rudolf Abel (Mark Rylance) é capturado em solo americano, cabe ao renomado advogado James Donovan (Tom Hanks) fazer sua defesa no tribunal. 

A tarefa parecia relativamente fácil, mas ganha contornos dramáticos quando James passa a ter que enfrentar a pressão da opinião pública e principalmente o desagrado de sua própria família, já que todos o vêem como uma espécie de traidor por ter aceitado defender um "espião comunista". Apesar das retaliações, algumas inclusive violentas, ele segue firme na tarefa e consegue livrar o espião da pena de morte.



Quando o piloto americano Francis Powers (Merab Ninidze) é capturado ao sobrevoar o espaço russo, o governo escolhe James para ser o intermediário nas tratativas de uma possível troca. Mas tudo complica quando os alemães capturam também um jovem estudante americano, que estava fazendo pesquisas em meio a construção do muro de Berlim, e pedem que ele seja usado na troca e não o piloto.

A ambientação da época é excelente. Interessante ver como os programas de televisão e até mesmo as escolas incentivavam o estoque de alimentos, tudo parte de uma preparação antecipada para o desastre nuclear iminente. As atuações de Tom Hanks e Michael Rylance deram um toque especial à trama, e foi muito bacana ver as cenas de interação entre eles.



O filme é um dos nomes mais cotados para estar no próximo Óscar, não só pela sua qualidade mas também pelo nome de Spielberg, que já é figurinha carimbada na premiação. Diferente dos outros filmes de espionagem que estreiam este ano, Ponte de Espiões não foca apenas em cenas de ação, e tem o seu diferencial em mostrar a burocracia existente nos bastidores da guerra.


terça-feira, 17 de novembro de 2015

Os 10 Melhores Filmes de Martin Scorsese.

Diretor, roteirista e produtor, o nova iorquino Martin Marcantonio Luciano Scorsese é considerado por muitos críticos como o "melhor diretor americano vivo", e não é para menos. Scorsese faz parte da memorável geração de diretores surgidos nos anos 70, junto com Francis Ford Coppola, Brian de Palma e Steven Spielberg, e entre eles é sem dúvida o que mais admiro.

Tido primeiramente como um diretor de filmes de gângsters, ele confessou numa entrevista que odeia essa denominação, já que de fato, um dos pontos principais da sua carreira é justamente a versatilidade que tem em abordar diversos assuntos com maestria. Por conta dessa variabilidade, aliada à sua extrema competência, ele talvez seja o único entre os nomes citados que conseguiu ter uma carreira estável, com muitos altos e poucos baixos. Foi, portanto, difícil escolher apenas 10 de seus filmes pra fazer essa lista, e alguns bons como Alice Não Mora Mais AquiDepois de Horas e O Rei da Comédia acabaram tendo que ficar de fora. 

Apesar da extensa carreira e dos sucessos indiscutíveis, Scorsese recebeu apenas um Óscar de melhor diretor, e justamente por um filme que não gosto nem um pouco, Os Infiltrados. Ficou evidente no entanto, que a premiação serviu como um verdadeiro pedido de desculpas da academia, que o ignorou durante todos aqueles anos. Enfim, vamos ao que interessa. Confira abaixo a minha lista dos dez melhores filmes do diretor. Concorda, discorda? Fique a vontade para comentar.


1. Os Bons Companheiros (1990)

Os Bons Companheiros (Goodfellas) segue a ascensão e queda de poderosos mafiosos, em três diferentes décadas. Henry Hill (Ray Liota) sempre teve o sonho de ser um gângster, e iniciou na carreira cedo com 11 anos, tornando-se protegido de James "Jimmy" Conway (Robert de Niro), um poderoso mafioso em ascensão. Tratado como filho, ele vai se envolvendo em crimes cada vez mais absurdos, enquanto os agentes federais passam a persegui-lo cada vez mais de perto. O filme recebeu um Óscar, de melhor ator coadjuvante para Joe Pesci.

2. Taxi Driver (1976)

Travis Bickle (Robert de Niro) é certamente um dos personagens mais memoráveis da história do cinema. Dispensado do corpo de fuzileiros navais, Travis começa a trabalhar como taxista no período da madrugada. Ele passa suas noites dirigindo seu táxi pelas ruas de Nova York, enquanto enxerga e se contamina cada vez mais com a violência que presencia. Quando uma prostituta de apenas 12 anos entra no seu carro fugindo de um cafetão, ele fica obcecado por ajudá-la, e acaba se envolvendo em situações trágicas para conseguir o objetivo.

3. Touro Indomável (1980)

Mais uma parceria de sucesso com Robert de Niro, em Touro Indomável (Raging Bull) o diretor nos traz a vida de Jake La Motta, filho de imigrantes italianos, que se torna pugilista de sucesso na categoria peso-médio e passa a ser chamado de "Touro do Bronx". No entanto, ao mesmo tempo em que sua carreira atinge o ápice, sua vida desregrada fora dos ringues sai do controle devido seu temperamento difícil e auto-destrutivo. O filme venceu dois Óscar, o de melhor edição e o de melhor ator para De Niro.

4. Cassino (1995)

Nesse longa de três horas, Scorsese nos coloca dentro do mundo dos cassinos de Las Vegas, com foco na máfia existente por trás de tudo. Baseado em fatos reais, o filme conta a história de Sam Rothstein (Robert De Niro), um apostador que é chamado pela máfia para controlar o gigantesco Cassino Tiangers, junto com o amigo Nicky (Joe Pesci). A fama dos dois vai aumentando gradativamente, assim como o perigo de terem seus atos ilícitos descobertos pelos agentes federais.

5. O Lobo de Wall Street (2013)

Lançado no Brasil em 2014, O Lobo de Wall Street é um dos filmes mais "porra-loca" da última década. Nele, Scorsese voltou em grande estilo, com um filme completamente amoral e sarcástico, características que marcaram boa parte de sua carreira. A trama acompanha a trajetória de Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio), um corretor da bolsa de valores americana que conseguiu fama e riqueza usando de artimanhas maquiavélicas, mas que acabou perdendo tudo para a ganância e para os excessos.

6. Gangues de Nova York (2002)

Estrelado por Daniel Day-Lewis e Leonardo DiCaprio, Gangues de Nova York se passa ao longo do século 18, e aborda o início da Guerra Civil Americana ao mesmo tempo em que fala da imponente imigração irlandesa no país. O longa foi responsável por uma curiosidade ingrata no Óscar de 2003: foi indicado em 10 categorias e voltou para casa de mãos abanando. Injusto, de fato. O filme é brilhante, e é o primeiro dessa nova leva que Scorsese filmou a partir dos anos 2000.

7. O Aviador (2003)

O Aviador (The Aviator) conta a história real do empresário americano Howard Hughes, que ficou milionário aos 18 anos devido uma herança recebida. Com o dinheiro em mãos, ele parte para Los Angeles onde passa a investir pesado nas duas principais paixões: o cinema e o ramo da aviação. Ele cria a gigantesca empresa de aviação TWA, enquanto filma alguns filmes e sai com as atrizes mais famosas de Hollywood. O filme venceu 5 Óscars, mas com exceção de Cate Blanchett (melhor atriz coadjuvante), todos foram em categorias técnicas.

8. Ilha do Medo (2010)

Ilha do Medo (Shutter Island) é um suspense de primeira. A estória se baseia em Edward Daniels (Leonardo DiCaprio), um agente federal que recebe a missão de investigar o desaparecimento de uma paciente do Shutter Island Aschecliffe Hospital, um Hospital Psiquiátrico localizado em uma ilha isolada. No entanto, aos poucos, ele passa a descobrir segredos obscuros, tanto dos pacientes, como do seu próprio passado.

9. A Invenção de Hugo Cabret (2011)

A Invenção de Hugo Cabret (Hugo) é uma aventura cheia de mistério, e talvez seja o maior exemplo da versatilidade de Scorsese atrás da câmeras. O longa acompanha Hugo, um menino de 12 anos que mora escondido entre as paredes de uma estação de trem. Junto dele, apenas um antigo robô que seu pai havia construído, que acaba sendo alvo de um enorme mistério depois que ele conhece uma menina que possui a chave que o faz voltar a funcionar. Mais do que isso, o longa é uma verdadeira homenagem ao cinema, mostrando também um pouco da vida e da obra do francês George Meliès, um dos pioneiros da sétima arte. O filme conquistou 5 Óscars, todos em categorias técnicas.

10. Cabo do Medo (1991)
Cabo do Medo (Cape Fear) conta a estória do estuprador Max Cady (Robert de Niro), recém-libertado da penitenciária, que parte em busca de vingança contra seu ex-advogado de defesa Sam Browden (Nick Nolte), acusando-o de falhas no processo que lhe custou a pena.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Crítica: Muitos Homens Num Só (2015)


Depois do elogiado Contratempo (2008), a diretora Mini Kerti está de volta ao cinema em 2015 com Muitos Homens em um Só, thriller policial baseado em uma história real que ocorreu entre o fim do século 19 e o começo do século 20 no Rio de Janeiro.


Antônio (Vladimir Brichta) é um vigarista de mão cheia que veio do sul para ganhar a vida no Rio de Janeiro. Ele usa suas habilidades para furtar objetos de valor de quartos de hotéis famosos, e seu nome acaba se tornando famoso entre os populares da época justamente por ele nunca ter sido pego.

Elegante e boa pinta, ele sempre consegue se livrar dos imprevistos de percurso com extrema maestria, além de usar diversos nomes diferentes. Seu comportamento desperta não somente a atenção da população como também a do inspetor Pacheco (Caio Blat), que passa a investigar o caso.


Num dos hotéis em que fica hospedado Antônio conhece Eva (Alice Braga), uma mulher da alta sociedade que está na cidade acompanhando o marido. De espírito aventureiro, ela se sente infeliz no casamento, principalmente por estar sempre presa aos compromissos do marido. Não demora para que Eva e Antônio criem laços entre eles, mas o cerco sobre sua maneira de levar a vida acaba se fechando cada vez mais.

O que mais chama a atenção no longa é a direção de arte e a ambientação da época, dignos de filmes de ponta. Outro ponto positivo são as atuações. Vladimir Brichta sempre competente em seus papéis no cinema novamente não decepciona. Destaque também para Alice Braga.


Apesar dos pontos positivos, o enredo deixa um pouco a desejar. Começa empolgante mas se perde do meio pro final ao dar mais atenção para o romance do que para as artimanhas de Antônio. Um personagem tão rico poderia ter sido melhor explorado, mas preferiram levar o filme para um rumo bem mais previsível e isso atrapalhou o resultado final. Mesmo assim, Muitos Homens em um Só não deixa de ser um filme interessante, e um bom achado nessa atual cena do cinema nacional.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Crítica: Sicário - Terra de Ninguém (2015)


Depois de ter lançado em 2010 o espetacular Incêndios, o canadense Denis Villeneuve passou a ganhar atenção especial da crítica e do público em geral, sendo considerado por muitos como um dos melhores diretores dessa nova geração. Com Sicário - Terra de Ninguém (Sicario) ele ressurgi entre os grandes depois do desastre de O Homem Duplicado (2013), trazendo uma trama enérgica e arrebatadora.


Kate Macy (Emily Blunt) é uma importante agente do FBI. Respeitada por sua excelência no trabalho, ela é convocada pela CIA para ajudar a desarticular um cartel de drogas mexicano e prender seu grande líder, Fausto Alarcon (Julio Cedillo). Entre seus "novos colegas" estão Matt (Josh Brolin) e Alejandro (Benício Del Toro), cujas personalidades vão sendo mostradas pouco a pouco, formando entre eles um trio bastante peculiar.

Na medida que o plano vai avançando, aumenta também o perigo, e cada tática errada pode se tornar fatal. No entanto, quanto mais Kate fica sabendo sobre os reais motivos da operação, mais ela vai descobrindo estar dentro de um esquema ilegal e antiético, porém sem chances de sair.


Não é um filme leve, muito pelo contrário. Algumas cenas são fortíssimas, e é preciso um estômago forte para suportar. A realidade violenta das ruas de Juárez, no lado mexicano da fronteira, é mostrada de forma crua e sem filtro. Porém, a violência não é gratuita, e ajuda na criação do clima tenso que acompanha o filme durante todo o momento.

Algumas cenas são sensacionais, como o momento de travessia da fronteira, onde os agentes americanos se vêem cercados por mexicanos armados até os dentes. A fotografia do filme é extraordinária, com lindas tomadas aéreas e um jogo de cores interessante. Na parte das atuações, todos cumprem bem seu papel, com destaque para o trio Blunt, Brolin e Del Toro.


Apesar de sua inegável qualidade, o enredo possui alguns furos que são facilmente perceptíveis, mas isso não chega a atrapalhar seu desempenho final. O foco nos detalhes, característica marcante nos filmes de Villeneune, se faz presente novamente, e é preciso tomar cuidado para não perder nenhum deles.

Acima da média em comparação com outros filmes de ação, Sicário - Terra de Ninguém é um dos filmes mais impactantes do ano, e tem como pontos fortes o seu ritmo frenético e seu questionamento em relação à moralidade das agências de inteligência americanas. Uma boa pedida, sem dúvida.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Crítica: A Juventude (2015)


Em 2014, o italiano Paolo Sorentino surpreendeu o mundo ao conquistar os prêmios de melhor filme estrangeiro no Óscar, no Globo de Ouro e no BAFTA, por A Grande Beleza. Pois em 2015 o diretor volta a abordar a passagem do tempo em A Juventude, seu segundo filme em língua inglesa, que conta com um elenco cheio de bons veteranos.


Ambientado em um Spa localizado nos Alpes Suíços, o longa acompanha dois amigos de longa data que ali estão hospedados: Fred (Michael Caine), um compositor e maestro, lembrado eternamente por uma série de composições consideradas obras-primas, e Mick (Harvey Keitel), um cineasta que está acompanhado de um grupo de jovens escritores na tentativa de fazer seu último filme.

Durante a hospedagem no lugar, os dois conversam e dissertam sobre diversos assuntos, como as lembranças da infância, o medo da morte, os planos que deixaram para trás, o legado que vão deixar para as futuras gerações e os modos de vida da sociedade atual. São diálogos sublimes, que combinam com a beleza estética do lugar e nos fazem refletir sobre as nuances da vida humana.


Fred recebe o convite para voltar ao palco numa apresentação especial para a Rainha da Inglaterra, mas não aceita por um motivo bem particular: ele não quer ver ninguém interpretando as músicas que antes eram interpretadas por sua mulher, que hoje vive em um asilo vitimada pelo Alzheimer. Já Mick sofre por não conseguir encontrar o final perfeito para seu filme, e vive na esperança de ter Brenda (Jane Fonda), uma antiga companheira de filmes, no papel principal.

Ao redor dos dois, uma série de outros personagens curiosos também ganham voz, como Jimmy (Paul Dano), um ator que está se preparando para seu novo papel e odeia ser sempre lembrado por um papel específico em um filme de super-herói. Além dele tem ainda um astro argentino de futebol, aposentado e decadente (a semelhança com Maradona não é mera coincidência), uma miss universo (Madalina Ghenea) que põe a imaginação de todos para funcionar e Leda (Rachel Weisz), filha de Fred que vive um momento complicado de seu relacionamento com Julian (Ed Stoppard).


Na parte técnica, a fotografia é sem dúvida o que mais chama a atenção, com belas tomadas. A trilha sonora também é belíssima e dá um toque especial à trama, além das boas atuações de Michael Caine e Harvey Keitel. A Juventude é um filme bastante reflexivo, sobretudo a repeito da passagem do tempo e de suas irreparáveis consequências. Dividiu opiniões em Cannes, tendo sido vaiado e aplaudido de pé ao mesmo tempo, e é um dos fortes nomes para a corrida do próximo Óscar.