quinta-feira, 30 de maio de 2013

Crítica: Barbaba (2012)


Escolhido para representar a Alemanha no prêmio de melhor filme estrangeiro no Oscar de 2013 (não chegou entre os 5 finalistas), Barbara (Barbara) peca no ritmo, nas atuações, no roteiro e na trilha sonora (não existente).




Estamos na Alemanha Oriental, em pleno período do regime comunista. Bárbara é uma médica que é enviada de Berlim para um hospital do interior sem motivo aparente, após ter o visto para sair do país negado. Enquanto espera a chance de fugir com o namorado, que mora no lado ocidental, ela passa os dias cuidando dos jovens internados no hospital, criando um vínculo com cada um deles, principalmente com a jovem Stella.

A personagem é extremamente fechada e fria com todos os adultos do local, menos com André, um jovem médico com quem ela acaba adquirindo confiança. Porém, mesmo confiando em André, ela vive com medo de que ele possa ser alguém disfarçado que está cuidando seus passos.




A questão é a seguinte: Barbara está fugindo de quem? E porque? Se alguém conseguiu entender a resposta dessas duas perguntas assistindo o filme, por favor comente abaixo, porque eu não consegui. Além do filme ser monótono, com diálogos pouco explicativos e sem nenhuma espécie de trilha sonora, o diretor se mostra um péssimo "contador de histórias".

Por fim, Barbaba é o tipo de filme que você obrigatoriamente precisa ler a sinopse antes de assistir, já que o diretor não faz questão nenhuma de explicar absolutamente nada. O filme é extremamente plano, sem nenhuma espécie de clímax, começando e terminando do mesmo jeito, o que faz com que seja um filme fácil de ser esquecido após o final (se você tiver paciência de chegar até lá).


segunda-feira, 27 de maio de 2013

Crítica: Uma Primavera com Minha Mãe (2012)


Uma pequena obra-prima sobre as relações humanas, dessa vez entre mãe e filho. Filmes como Algumas Horas de Primavera (Quelques Heures de Printemps), do diretor Stéphane Brizé, provam que ainda há espaço para filmes feitos com alma e originalidade. 




Alain é um homem de 48 anos que acaba de sair da prisão depois de um ano e meio. Ele trabalhava como motorista de caminhão em uma empresa, e foi preso na fronteira do país por estar carregando objetos contrabandeados a mando do seu chefe.


Por não ter um lugar para ficar, e não conseguir emprego facilmente por conta da sua ficha suja, Alain acaba tendo que ir morar na casa da mãe viúva, com quem a relação não é das melhores. O diretor nos faz até criar uma certa antipatia pelo personagem, pelo jeito que ele trata sua mãe, mas depois conseguimos compreender com o tempo o porque de tudo isso.


A mãe, que ganha vida de forma impecável nas mãos da atriz Hélène Vincent, está cada vez pior de saúde por conta de um tumor no cérebro. Alain descobre que ela andou pesquisando e até entrando em contato com um associação na Suiça (onde a Eutanásia é permitida) para obter um suicídio assistido e assim evitar um sofrimento maior. Enquanto espera decidir o que fazer, ela passa os dias na companhia do amigo e vizinho Lalouette.




O ritmo do filme é extremamente lento, mas nem um pouco cansativo, e trata de um assunto duríssimo para nós humanos da forma que só mesmo filmes europeus conseguem tratar. Aliás, a atmosfera lembra muito o também impactante Amor (Amour), do Michael Haneke, pela forma doce e ao mesmo tempo fria com que os fatos são mostrados.


No fundo, mãe e filho não passam de dois orgulhosos. Quando Alain arruma um emprego em um galpão de reciclagem e resolve sair da casa, a mãe chega a envenenar o cachorro da família, na esperança de que o filho voltasse a morar na casa para cuidar do animal. Por mais antiético e imoral que a atitude tenha sido, o truque deu certo.


Ele volta então a morar com a mãe, enquanto ela está cada vez mais decidida a ir em frente com o programa suiço. Nesse ínterim, surge até uma possibilidade de romance na vida de Alain, que acaba não dando certo por sua personalidade forte ser maior do que tudo.



A cena final é daquelas de deixar o espectador sem fôlego. Diria mais, é uma cena que deixa o coração pesado, apertado, dolorido. Desmoronamos sem precisar que seja dito uma única palavra. Nesse caso a imagem fala por si só, e como fala.


Algumas Horas de Primavera é um filme competente, com ótimas atuações, ótimo roteiro, ótima fotografia, e ótima direção. Algo a criticar? Absolutamente nada. É difícil assistir filmes assim hoje em dia, e é por isso que esse filme precisa ser divulgado e recomendado com fervor.


domingo, 26 de maio de 2013

Os vencedores do Festival de Cannes 2013

Chegou ao fim nesse domingo a 66ª edição do famoso Festival de Cannes, que teve início no dia 15 de maio na Riviera Francesa.


O francês Azul é a Cor Mais Quente (La Vie d’Adèle – Chapitres 1 et 2), do diretor Abdellatif Kechiche, foi o grande vencedor da Palma de Ouro, o principal prêmio do festival. O drama polêmico narra o despertar sexual de duas garotas que se apaixonam uma pela outra, e é uma adaptação da história em quadrinhos “Le Bleu est une Couleur Chaude”.


Já o Grand Prix, segundo troféu mais importante da premiação, ficou com Inside Llewin Davis, dos irmãos Ethan e Joel Coen. Na categoria de melhor diretor, o mexicano Amat Escalante levou o prêmio por seu Heli, filme polêmico que mostra sem pudores todos os estragos causados pelo narcotráfico no seu país natal. Os prêmios de melhores performances femininas e masculinas respectivamente ficaram com Bérènice Bejo por Lé Passe e Bruce Dern por Nebraska.


A edição desse ano teve ainda o experiente diretor Steven Spielberg como presidente do júri, além de contar com as presenças ilustres de Nicole Kidman e Christoph Waltz. Confira abaixo a lista completa dos vencedores:



Kechiche recebendo o prêmio principal bem acompanhado das atrizes
do seu filme A Vida de Àdele.


Palma de Ouro
- La Vie d’Adele, de Abdellatif Kechiche (França)
Grand Prix
- Inside Llewyn Davis, de Joel e Ethan Coen (Estados Unidos)
Melhor Ator
- Bruce Dern, por Nebraska (Estados Unidos)
Melhor Atriz
- Bérénice Bejo, de Le Passé (França/Itália)
Prêmio do Júri
- Like Father, Like Son, de Hirokazu Kore-Eda (Japão)
Melhor Diretor
- Heli, de Amat Escalante (México)
Melhor Roteiro
- Jia Zhangke, de A Touch of Sin (China)
Câmera d’Or
- Ilo Ilo, de Anthony Chen (Cingapura)
Melhor Curta-Metragem
- Safe, de Moon Byoung-Gon (Coreia do Sul)

Crítica: Chamada de Emergência (2013)



"911, qual sua emergência?". Ao falar essa frase, o profissional do serviço de emergência dos Estados Unidos deve estar preparado para ouvir de tudo, desde o sumiço de um cachorrinho de estimação até o mais cruel dos crimes, e essa pressão não deve ser nada fácil de suportar.



Em Chamada de Emergência (The Call), Jordan (Halle Berry) é uma dessas operadoras de chamadas. Em um dos seus atendimentos rotineiros, ela acaba recebendo a ligação de uma garota desesperada dizendo que sua casa foi invadida. Jordan a auxilia, mas por conta de um pequeno erro tudo acaba dando errado, e ela fica com isso na cabeça por anos.

Seis meses depois do ocorrido, Jordan está novamente na central de chamadas dando um treinamento aos novos atendentes e acaba tendo que pegar uma ligação por acaso. Do outro lado da linha está uma jovem apavorada, que diz estar presa no porta-malas de um carro depois de ter sido raptada num shopping local.



A partir daí, Jordan passa a reunir toda a equipe de policiais locais e a medir o máximo de esforços, na tentativa de rastrear o carro e prender o sequestrador. O ritmo do filme é frenético, o espectador mal tem tempo de respirar ou olhar pro lado. Tudo acontece rápido, mas não de forma atropelada. 

Infelizmente, o final deixa a desejar e acaba debilitando todo o trabalho inicial. Se pararmos para analisar tecnicamente, nos últimos 30 minutos percebemos uma avalanche de clichês que até então não haviam surgido na estória, com direito a um quase surreal e absurdo desfecho.




Chamada de Emergência é o típico filme que começa promissor, cambaleia no meio, e desanda ladeira abaixo no fim. Não é uma perda de tempo, mas também não é uma obra que eu veria uma segunda vez. Faltou originalidade.

Recomendação de Filme #18

Minhas Tardes com Margueritte (Jean Becker) - 2010

Depois do amor, a amizade talvez seja a relação humana mais mencionada ao longo de toda existência do cinema. A relação mostrada nesse filme, porém, poucas vezes foi vista, tanto na tela como na vida real. Vai muito além da simples amizade, é algo inexplicável e incomensurável.


O experiente Gérard Depardieu interpreta Germain, um homem simples e de pouca instrução intelectual, que vive de fazer bicos e mora em um trailer nos fundos da casa de sua mãe, uma mulher problemática, com quem tem uma convivência conturbada.

Apesar de ser ignorante, e passar a vida ouvindo piadas de mal gosto dos colegas, Germain possui um enorme coração. Por um mero acaso ele conhece Margueritte (Gisèle Casadesus), uma simpática velhinha apaixonada por livros, com quem cria uma relação pura de companheirismo.


Em um banco de jardim, enquanto alimentam pombos, os dois amenizam sua solidão conversando sobre literatura e coisas da vida. Margueritte passa a ler para Germain, principalmente a obra A Peste ,do escritor Albert Camus. 

Um acaba complementando o outro mesmo com a enorme diferença de idade. Germain com seu prazer em aprender e Margueritte com seu prazer em viver, formam uma dupla incomum mas apaixonante. É um filme emocionante, com pequenas pitadas de humor, principalmente quando Germain passa a imaginar na mente as estórias que Margueritte lhe conta (mostradas de excelentre forma pelo diretor, com recurso em preto e branco).



Dirigido com simplicidade, Minhas Tardes com Margueritte é um filme simpático, doce e terno sobre a beleza que há nas relações humanas. Sem ser nem um pouco piegas, é uma estória de amor sem "eu te amo", como ressalta o poema declamado no final pelo próprio Germán.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Crítica: Lore (2012)



Arrebatador. Essa é a melhor definição que encontrei para descrever Lore (Lore), co-produção entre o cinema alemão e o cinema australiano, que mostra a segunda guerra mundial sobre um novo e original ponto de vista.




Não espere algo já manjado em filmes do gênero, como a luta pela vida nos campos de concentração ou batalhas sanguinárias sobre os desmandos de Hitler e seus aliados. O filme foca justamente no período pós-guerra, sobretudo nas marcas que o conflito deixou na população.

Lore, que dá nome ao filme, é filha de pais filiados ao partido de Hitler e fortemente envolvidos com seus ideias. Quando Hitler é morto e a guerra chega ao fim, a Alemanha é tomada pelos rivais americanos e soviéticos. Os pais de Lore a "abandonam", deixando-a responsável pelo cuidado de seus quatro irmãos mais novos, entre eles um bebê de colo. A jovem precisa atravessar o país em busca de refúgio na casa da avó, mas até chegar lá, muitas coisas acontecem pelo caminho. 



Com uma fotografia impecável, e cenas abertamente reflexivas, o filme mostra todo o trauma psicológico que tomou conta do país e de seus habitantes após a guerra, principalmente aqueles que não estavam de lado nenhum, e viveram dentro de suas casas o período inteiro. Eles passam a observar incrédulos a verdade por trás do mandato de Hitler, e alguns até não acreditam, e preferem achar que as fotos do massacre judeu não passam de "montagem" do exército americano.

Aliás, a estória foge daquela linha do alemão nazista vilão e do judeu como vítima. Obviamente que isso fica subtendido por tudo que pré-sabemos da história, mas o que o filme nos mostra é justamente a parte da população alemã inocente, que nada tinha a ver com o que estava acontecendo, mas que sofreu tanto quanto quem era responsável.




Para Lore, a peregrinação não passa de uma experiência perturbadora. Ensinada desde pequena a não gostar de judeus e a assistir passivamente à guerra, a menina mostra bem o lado dito antes: das pessoas que não sabiam de nada do que estava acontecendo no país, principalmente nos campos de concentração. Isso se intensifica quando Lore conhece Thomas, refugiado de um campo, que acompanha ela e seus irmãos por um bom pedaço do trajeto.

Acaba nascendo um sentimento incomum entre os dois, de amor e medo. Lore está tão atordoada com as novas descobertas que surgiram ao sair das quatro paredes de sua casa, que não sabe mais em quem confiar, muito menos o que deve fazer. Ela só tem uma causa a seguir: levar os irmãos a salvo até o destino final.



Um filme altamente recomendado, cruel e verdadeiro, do tipo que deixa o espectador boquiaberto ao chegar no fim. Um trabalho convincente e corajoso, que merece todos os aplausos e elogios possíveis.


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Crítica: Um Alguém Apaixonado (2012)


O nome pode até enganar, mas apesar de envolver amor, paixão e ciúmes, Um Alguém Apaixonado (Like Someone in Love) não se trata de um romance. Na verdade, não dá para indicar um gênero específico para o filme, pois ele engloba na verdade um pouco de tudo.


A trama gira em torno de Akiko (Rin Takanashi), uma universitária que complementa sua renda fazendo programas. Em uma noite comum ela é enviada para atender um professor de sociologia aposentado, o gentil Takashi (Tadashi Okuno), que acaba se transformando em uma figura importante para o seu futuro.

Akiko é noiva de Noriaki (Ryo Kase), um mecânico que não sabe nada da sua vida paralela, mas possui desconfianças e sofre de uma forte insegurança. O personagem, bem interpretado, vive uma angústia por conta de seu ciúme exagerado (ou sexto sentido, a quem preferir).


O filme é rodado em um ritmo extremamente lento, dando foco aos diálogos. Em alguns casos isso funciona, mas aqui ficou cansativo. O curioso é que o filme é filmado no Japão, com atores japoneses falando a língua deles, enquanto o diretor é Iraniano e não fala uma palavra do idioma oriental. Fica a pergunta: como foi que se entenderam? É no mínimo curioso de se pensar.

As atuações são consistentes, mas ficou um ar de "ok, mas e daí?" quando o filme terminou. Além disso, em momento algum é explicado o que cada personagem é, já que eles aparecem abruptamente sem uma apresentação plausível. Se eu não tivesse lido a sinopse antes, provavelmente não teria sacado metade do que saquei durante o filme.


Enfim, o cinema oriental já nos presenteou com inúmeras obras interessantes, mas essa passou longe do padrão de qualidade vindo de lá. Um filme confuso, monótono, e porque não dizer, desnecessário.


domingo, 19 de maio de 2013

Recomendação de Filme #17

                               A Língua das Mariposas (José Luis Cuerda) - 1999

A guerra vista sob a perspectiva e o olhar de uma criança. A Língua das Mariposas (La Lengua de Las Mariposas), filme espanhol de 1999, é um dos mais belos e tocantes que tive o prazer de assistir até então.



A trama conta a estória de Monzo, um garoto tímido de 7 anos que vive a expectativa de estar indo para a escola pela primeira vez. Ansioso para o primeiro dia, depois das coisas amedrontadoras que o irmão mais velho contou a ele para assustá-lo, o garoto não consegue nem dormir na véspera.

Porém, ao adentrar na sala de aula, Monzo cria logo no início uma enorme admiração pelo experiente professor Don Gregório, que resulta em uma forte amizade entre o mestre e a criança. Graças a essa amizade, a escola se torna para Monzo um ambiente de prazer, e o garoto começa a frequentar as aulas com entusiasmo e sem o medo que tinha no primeiro momento.


São nas aulas de Don Gregório que Monzo aprende um mundo novo, completamente desconhecido. O professor leva os alunos para fora da sala de aula, ensinando-os a admirar a natureza e a explorar seus segredos. Além disso, é também pelas mãos do mestre que Moncho descobre a magia da literatura, ao receber de presente o romance "A Ilha do Tesouro", de Robert Louis Stevenson.

Essa é a principal marca do filme no seu começo: a tentativa de mostrar que a aprendizagem pode sim se tornar uma fonte de prazer, sendo ela feita com liberdade e boa convivência. A partir de então, porém, vemos uma mudança de foco e o filme passa a mostrar o quadro social e político de uma Espanha às vésperas da ascensão do fascismo de Franco. Com invasões do governo fascista e a perseguição violenta contra comunistas e simpatizantes da esquerda, o garoto vê o mundo em contradição com os ideais de liberdade que seu mestre sempre lhe ensinou.


A Língua das Mariposas é um filme de guerra, mas sem armas, exércitos ou tanques. Fala de algo muito mais devastador em um conflito, que é a falta de confiança entre amigos de lados opostos, a perda da inocência, e os sentimentos que são envolvidos em um conflito.

sábado, 18 de maio de 2013

Crítica: O Homem Sem Passado (2001)


É impressionante parar para analisar o número de prêmios que O Homem Sem Passado (Miles Vailla Menneisyyta) ganhou após seu lançamento. Só no festival de Cannes em 2002, o filme levou o prêmio máximo do júri de melhor filme, e o de melhor atriz para Kati Outinen. Além disso, ainda foi indicado ao Oscar de filme estrangeiro representando a Finlândia, entre outros festivais pelo mundo afora. Esse número não impressiona por que o filme não merecia tudo isso, mas sim, porque são poucos os filmes oriundos do país nórdico que conseguem fazer tanto barulho no circuito internacional como esse conseguiu.




A trama "Kafkaniana" conta a estória de um homem que perde a memória depois de ser assaltado e violentamente espancado após desembarcar de um trem em Helsinki. Não há testemunhas no ato, e ele acorda na cama de um hospital onde algumas horas depois é dado como morto pelos médicos.


Ele consegue se recuperar e fugir do local, mas não lembra nada da sua vida antes do ocorrido, nem mesmo o próprio nome. Auxiliado por um casal de moradores de rua, ele acaba indo morar em um contêiner e começa a se enquadrar na vida da cidade mesmo sem ter um nome.




Em um filme onde o personagem principal perde a memória logo nos primeiros minutos, é de se imaginar que o resto da história será reservada para uma saga de auto-conhecimento do mesmo. Mas nesse filme, o diretor acertadamente puxa mais para o lado cômico, com toques quase surreais, onde nenhuma cena consegue ser previsível.


Ao invés de correr atrás da vida passada, o homem resolve simplesmente deixar pra lá e iniciar tudo do zero. É onde ele acaba tendo experiências novas, como a descoberta do amor, até sua vida passada retornar subitamente.  É uma estória "non-sense", que não se encaixa em nenhum gênero pré-existente, e que não deve agradar a qualquer um que assista. Mas para mim, é um dos mais bacanas que vi nos últimos tempos. Um filme super original e de uma qualidade surpreendente.


Crítica: Reality - A Grande Ilusão (2012)


É de conhecimento geral o quanto os reality shows se tornaram importantes para ditar comportamentos na sociedade hoje em dia. Nós brasileiros sabemos muito bem, ao vivermos em um país de celebridades de plástico que se tornam famosas de um dia para o outro sem fazerem nada. Reality - A Grande Ilusão (Reality) é justamente uma crítica do diretor Matteo Garrone ao fascínio que esse tipo de entretenimento causa em quem o assiste.




Logo no início, já percebemos indícios de que se trata de uma verdadeira fábula moderna. Uma visão aérea nos mostra uma carruagem banhada a ouro levando um casal para seu casamento, e passando por pessoas de vestimentas de época, o que a princípio nos dá a ilusão de que o filme será todo assim. Ao chegar no local do casamento, conhecemos Enzo, o mestre de cerimônia, que nada mais é do que um ex-participante do programa Il Grande Fratello (o Big Brother Italiano).


O simpático Luciano (Aniello Arena) está na festa, e é a partir dela que começa a surgir sua vontade de participar do programa da televisão. Ele trabalha vendendo peixe na vila onde mora, além de aplicar golpes no estado com ajuda dos vizinhos, e vê no programa a chance de enriquecer e mudar de vida.




Incentivado por sua família, Luciano resolve participar de um teste e passa o resto do filme esperando pelo resultado. Após ser aprovado na primeira etapa, Luciano passa a ficar paranoico, achando que já está no programa e que membros da produção estão supervisionando cada ato da sua vida.


Uma curiosidade interessante, é que o ator que interpreta Luciano é um presidiário na vida real, e tem no filme a sua primeira chance de atuar no cinema. Já vimos algo parecido em César Deve Morrer, também de 2012, onde todos os atores do filme eram prisioneiros. Sua atuação é consistente e não deixa a desejar em momento algum.


Apesar de partir de uma boa premissa e ter momentos criativos, o filme acaba perdendo o fôlego com muitas cenas repetitivas e superficiais. Os personagem pecam por serem caricatos demais (talvez essa tenha sido mesmo a intenção, mas não agradou), e isso acaba comprometendo o resultado final.


domingo, 12 de maio de 2013

Especial Dia das Mães: 5 filmes sobre elas!

Mães guerreiras, mães corujas, mães carinhosas, mães amorosas ou não. Hollywood já nos mostrou inúmeros exemplos de progenitoras ao longo dos anos, quase sempre na figura de grandes mulheres fortes e corajosas.

Nesse dia das mães, nada melhor que passar ao lado da pessoa que te pôs no mundo e ensinou os valores básicos e essenciais para a vida. E que tal um bom filme para acompanhar? Abaixo, uma lista com 5 filmes imperdíveis sobre essa relação que é a mais bela que pode existir no mundo.

                                             Uma Prova de Amor (2009)

Não sou nem um pouco fã da atriz Cameron Diaz, mas sua atuação em Uma Prova de Amor merece meus elogios, e porque não, meus aplausos. Cameron dá vida a uma mãe guerreira, de duas filhas, a mais velha delas diagnosticada com Leucemia. Ela deve encarar a situação complicada e ainda lidar com conflitos com a filha mais nova, que foi concebida especialmente para doar medula óssea a outra, e ao crescer decide não fazer isso.

My Sister's Keeper, Estados Unidos, 2009.
Direção: Nick Cassavettes
Duração: 109 minutos

                                                     O Filho da Noiva

Ricardo Darín é Rafael Belvedere, um homem de 42 anos que vive no meio de uma crise de meia-idade. Sua mãe vive em uma clínica, e sofre por causa do alzheimer. Rafael descobre que o sonho dela era casar na igreja, coisa que conseguiu fazer antes da descoberta da doença. O filho resolve então reunir uma equipe e com ajuda dos amigos consegue realizar o grande sonho dos pais.

El Hijo Del Novia, Argentina, 2001.
Direção: Juan José Campanella
Duração: 123 minuto

                                                       Adeus, Lênin

Já recomendei esse filme em um post especial, mas nunca é demais relembra-lo. Em 1989, um pouco antes da queda do muro de Berlim, a Sra. Kerner entra em coma. Por caonta disso, acaba não acompanhando toda a mudança política que ocorreu na Alemanha nesse período. Ao acordar, os filhos, principalmente Alex (Daniel Brühl), fazem de tudo para esconder dela o que aconteceu, já que segundo os médicos, isso seria um choque que afetaria mais ainda sua saúde.

Good Bye, Lênin!, Alemanha, 2003.
Direção: Wolfgang Becker
Duração:121 minutos 
           
                                                Orações Para Bobby

Mary é uma religiosa devota, que segue à risca cada palavra escrita na bíblia. Quando seu filho Bobby anuncia ser gay, ela é contra, e passa a levar o filho em terapias em busca de uma "cura" para o que ela acredita ser uma doença. Com isso, a relação dos dois acaba sendo prejudicada, o que acaba levando a um final trágico. Orações Para Bobby é um filme incrível, emocionante, e uma excelente discussão sobre algo que segue cada vez mais atual: o preconceito.

Prayers for Bobby, Estados Unidos, 2009.
Direção: Russell Mulcahy
Duração: 89 minutos

                                                            Volver

Duas irmãs passam a receber a visita da mãe falecida (Carmem Maura) com quem resolvem assuntos que em vida ficaram pendentes. Dirigido por Pedro Almodóvar e estrelado pela atriz Penélope Cruz, Volver é uma comédia dramática ao melhor estilo do diretor, cheia de cores e cenas inesquecíveis mostrando o universo feminino e suas complexidades. 

Volver, Espanha, 2006.
Direção: Pedro Almodóvar
Duração: 121 minutos

Recomendação de Filme #16

Disque M Para Matar (Alfred Hitchcock) - 1954

Terceiro longa-metragem a cores filmado pelo diretor Alfred Hitchcock, Disque M Para Matar (Dial M for Murder) está para mim entre os três melhores filmes da sua carreira, junto de Janela Indiscreta e Psicose.


Na trama, baseada em uma peça da Broadway, o ex-jogador de tênis Tony (Ray Milland) resolve executar um plano calculado nos mínimos detalhes para matar a esposa (Grace Kelly). Através do uso de chantagens, ele manda Lesgate (Anthony Dawson) ao seu apartamento, em um dia que sua esposa está sozinha em casa, com a tarefa de realizar a "missão".

Porém, o plano dá errado e Lesgate acaba tendo um final trágico. Para evitar ser descoberto, Tony faz de tudo para forjar um álibi e pôr a culpa no falecido "colega". O filme é rodado em apenas um cenário, o que deixa o clima claustrofóbico e aumenta o nível de tensão ao redor da estória.



Dois elementos clássicos dos filmes de Hitchcock podem ser vistos logo no começo do filme. Em primeiro lugar temos a tentativa de um crime perfeito que acaba sendo frustrada, graças aos erros sutis do assassino. Já havíamos visto algo parecido em Festim Diabólico.

Também como em Festim Diabólico, a apresentação do resultado final acontece já no início do filme, fato que nas mãos de um diretor sem experiências certamente faria o filme perder totalmente a graça. Mesmo sabendo o final, acompanhamos com atenção todo o desenrolar da estória e a luta de Tony para tentar não ser descoberto pelo seu plano, o que torna o suspense delicioso.



Enfim, Disque M para Matar é um dos filmes de Hitchcock que mais entretém o espectador, e é perfeito para quem quer começar a conhecer a obra do Mestre do suspense. Um divertido passatempo que vale cada segundo.