quinta-feira, 23 de junho de 2022

Crítica: Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (2022)


Existem filmes que vão muito além da simples relação filme/espectador, e se tornam verdadeiras experiências para a vida toda. Para ser sincero, eu nem sei bem como começar a falar de Tudo Em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (Everything Everywhere All at Once), pois o que senti vendo este filme foi algo indescritível. Mas vamos lá!


Dirigido por Daniel Kwan e Daniel Scheinert, e com produção da A24, o filme acompanha Evelyn (Michelle Yeoh), que é dona de uma lavanderia e comanda os negócios com pulso firme junto do marido Waymond (Ke Huy Quan) e do pai (James Hong). Ela é bastante exigente e não deixa escapar nada fora do lugar, porém, certo dia a contabilidade da empresa acaba caindo na "malha fina" da Receita Federal, mais precisamente nos olhos atentos de Deirdre (Jamie Lee Curtis), uma agente que é um verdadeiro carrasco, e impõe um pequeno prazo para que eles possam regularizar as contas. Do contrário, o negócio será fechado.

Até então o roteiro parece simples, mas tudo muda quando Evelyn descobre uma ruptura interdimensional, que a possibilita viajar entre milhares de universos paralelos. Talvez seja difícil explicar em palavras o que acontece deste momento em diante, mas o fato é que, em uma velocidade frenética, logo ficamos conhecendo várias outras versões de Evelyn, que foram sendo moldadas nos outros universos de acordo com suas próprias escolhas neste atual.

Sim, o multiverso acaba sendo o ponto principal do enredo, mas diferente de outros filmes por aí, temos ele muito bem posto em prática. As transições entre um universo e outro não tem aqueles efeitos exagerados, sendo feitas de uma maneira bem natural e orgânica. É sublime a maneira como os diretores conseguem unir essa característica da ficção científica com um enredo muito humano e emocional, e até mesmo em universos para lá de excêntricos, como em um onde os humanos possuem "dedos de salsichas", é possível sentir ternura e não aversão. Há ainda uma passagem específica de total silêncio, onde vemos apenas duas pedras por um longo tempo, numa sequência existencialista que é simplesmente genial.


O filme tem várias passagens reflexivas, que no meio de tanta loucura e insanidade, nos fazem pensar, dentre outras coisas, no sentido da vida, nas relações familiares e nos nossos próprios atos e suas consequências. Como o próprio nome diz, tudo realmente acontece ao mesmo tempo e em todo lugar, e é uma viagem alucinante acompanhar o desenrolar da história entre um universo e outro. A atuação de Michelle Yeoh é pra mim um dos pontos mais positivos do longa, mas destaco também a parte técnica, sobretudo a montagem, que torna o filme bem dinâmico e empolgante do início ao fim. Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo chega hoje nos cinemas brasileiros, e para mim, já é o grande filme do ano.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário