sábado, 1 de junho de 2024

Crítica: Às Vezes Quero Sumir (2024)


Pessoas introvertidas, que sentem que vivem em descompasso social e que não se encaixam no mundo, certamente irão se identificar de imediato com a protagonista de Às Vezes Quero Sumir (Sometimes I Think About Dying), filme extremamente simples mas muito honesto da diretora Rachel Lambert.


Fran (Daisy Ridley) tem uma rotina metódica e aparentemente sem graça, indo todos os dias de casa para o trabalho e vice-versa, e com poucos e solitários momentos de lazer. O ambiente do escritório, apesar de ser relativamente tranquilo, também parece esgotá-la mentalmente, principalmente quando colegas decidem confraternizar. Fran detesta este tipo de interação, e prefere ficar em sua mesa, quieta, vivendo em seu próprio mundinho. Confesso que gostaria de ter me identificado menos com a personagem, mas foi inevitável, o que de certa forma fez o filme se tornar ainda mais particular para mim.

Certo dia, uma funcionária anuncia a saída do escritório, e um novo contratado assume seu lugar: Robert (Dave Merheje). Por uma completa obra do acaso, Robert e Fran iniciam uma amizade por terem gostos e visões de vida em comum, ainda que ele nitidamente seja mais sociável do que ela. Apaixonado por filmes, Robert logo a convida para ir ao cinema, e logo surge uma conexão forte entre eles, que por sua vez carrega uma série de peculiaridades.


É curioso acompanhar a forma como a protagonista lida com a chegada de uma pessoa nova em sua vida, ou melhor, a forma como ela não sabe lidar com isso. E para mim, este é ponto central da trama, que visa mostrar a dificuldade que algumas pessoas tem para estabelecer conexões, sejam elas da maneira que for. Um retrato sensível sobre a depressão, a solidão e a forma como muitas vezes nos sentimos em um ritmo completamente diferente dos demais. Particularmente gostei muito da atuação de Daisy Ridley, conhecida por ter protagonizado a última saga Star Wars, e que aqui demonstra muita versatilidade em um papel de poucas palavras e muitos olhares.

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