quarta-feira, 11 de maio de 2016

Crítica: Conspiração e Poder (2016)


Depois da vitória de Spotlight no Óscar deste ano, o público e principalmente os estúdios voltaram a dar atenção para filmes que abordam o importante trabalho do jornalismo investigativo. Conspiração e Poder (Truth), do diretor estreante James Vanderbilt, se aproveita disso e traz às telas uma história real que causou polêmica em 2004 e envolveu duas das maiores emissoras de televisão do país.


Naquele período, os Estados Unidos passavam por um período de incertezas com a eleição presidencial que poderia reeleger George W. Bush ou tirá-lo  definitivamente do poder. E é neste cenário que a jornalista Mary (Cate Blanchett), apresentadora do famoso programa 60 minutos, recebeu fortes indícios de um fato do passado de Bush que faria sua carreira política ruir de vez.

Decidida a levar essa história aos seus telespectadores, Mary e seus colegas passam a investigar o fato. Segundo documentos obtidos pelos mesmos, Bush teria escapado sorrateiramente de lutar no exército americano durante a Guerra do Vietnã, e quem conhece um pouco do povo americano sabe que mexer os pauzinhos para escapar de defender o país numa guerra é uma das piores coisas que um americano pode fazer.


Porém, depois que a matéria vai ao ar, começam a aparecer as controvérsias da história. Tanto Mary como a própria emissora e o programa passam a ser desacreditados pela emissora rival e militantes pró-bush, com documentos que provam que tudo aquilo que foi exposto na televisão era na verdade mera especulação. É quando começa o pesadelo na vida de Mary, que chega a ser ameaçada de morte.

Com um roteiro preciso, o filme tem como missão mostrar o quanto a mídia tem o poder de movimentar massas e mudar situações, criando seus próprios vilões e mocinhos. O ponto forte está nas atuações competentes dos veteranos Cate Blanchett e Robert Redford, que em cena tem uma parceria bastante interessante. Mesmo não aprofundando no assunto, o filme mostra ainda a visão machista da sociedade que tentou desacreditar Mary criticando seu posicionamento liberal e feminista, como se isso fosse motivo para não levá-la a sério.


Por fim, Conspiração e Poder pode até ter os seus defeitos, principalmente na montagem, mas não deixa de ser um filme interessante num todo. A verdade nem sempre consegue ser maior do que o jogo de interesses, e isso é muito mais real e rotineiro do que se pensa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário