terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Crítica: A Forma da Água (2018)


Depois do fiasco de público e crítica do espalhafatoso A Colina Escarlate, o mexicano Guillermo Del Toro volta às telas três anos depois com o excelente A Forma da Água (The Shape of Water), o filme mais deslumbrante que você verá neste ano e que talvez seja o mais consistente e bem feito até então da carreira do diretor.




Anos 1960, uma década de muitas mudanças comportamentais em todo o mundo. Época também que Estados Unidos e União Soviética travavam uma guerra de interesses, principalmente na questão científica. E é nesse cenário que o novo enredo de Del Toro se passa, misturando a realidade histórica de uma época conturbada com fantasia, de uma forma jamais vista.

O filme acompanha Elisa (Sally Hawkins), uma mulher que trabalha como faxineira em um importante laboratório do governo americano. Elisa é muda, e vive com um velho amigo (Richard Jenkins) em um apartamento em cima de um cinema. No trabalho, sua melhor amiga é Zelda (Octavia Spencer), uma personagem adorável que traz um alívio cômico à história com seu jeito de falar, agir e falar mal do marido.

Certo dia, uma criatura de aspecto estranho chega no laboratório, trazida da América do Sul pelo agente Strickland (Michael Shannon). Com um aspecto humano, mas pele e nuances de anfíbio, ele logo chama a atenção de Elisa, que passa a criar uma relação de afeto com ele. A partir de então, a mulher começa a arquitetar um plano para tirá-lo do local, onde ele é constantemente maltratado.




Como já era de se esperar, o filme possui um visual de tirar o fôlego do início ao fim. Já é marca registrada de Del Toro essa preocupação com a estética de seus filmes, onde ele cria mundos e criaturas fantásticas com tantos detalhes que parecem reais. Muitos planos são realmente incríveis, e a direção de arte é impecável. Mas diferente de seus últimos filmes, cuja estética era a única coisa que realmente valia a pena, em A Forma da Água todos os aspectos se encaixam para formar um filme prazeroso de assistir.

As atuações também são excelentes, com destaque para Sally Hawkins e Octavia Spencer, mas também para a poderosa participação de Michael Shannon (que diga-se de passagem nasceu para fazer vilões). Mesmo com toda sua intensidade, A Forma da Água ainda tem espaço para cenas calmas e poéticas, e é exatamente esse o seu diferencial. Trata-se de uma fábula de amor moderna e exótica, além de uma lição subjetiva de que o amor nasce de onde menos se espera.


3 comentários:

  1. Assisti ontem a este filme e fiquei decepcionado.
    Parece um filme B dos anos 50. De 2 a uma: Ou foi
    premiado por interesses comerciais ou o americano
    nunca esteve com o mal gosto tão à flor da pele...
    As mulheres estão matando (cachorro) Lagarto a grito!
    A coisa está tão estranhas com os homens que as mulheres
    estão sonhando com lagartos. Belíssima reportagem!

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  2. É interessante, não? Também achei uma excelente produção. Michael Shannon fez um ótimo trabalho no filme. Eu vi que seu próximo projeto, Fahrenheit 451 será lançado em breve. Acho que será ótimo! Adoro ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores se aventurem a realizar filmes baseados em livros. Acho que Fahrenheit 451 sera excelente! Se tornou em uma das minhas histórias preferidas desde que li o livro, quando soube que seria adaptado a um filme, fiquei na dúvida se eu a desfrutaria tanto como na versão impressa. Acabo de ver o trailer da adaptação do livro, na verdade parece muito boa, li o livro faz um tempo, mas acho que terei que ler novamente, para não perder nenhum detalhe. Sera um dos melhores filmes em 2018 acho que é uma boa idéia fazer este tipo de adaptações cinematográficas.

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    1. Oi Luciana, você sabia que já existe uma adaptação de Fahrenheit 451? É de 1966, dirigida pelo François Truffaut. Vale a pena a conferida, filme bem interessante também.

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