sexta-feira, 13 de julho de 2018

Crítica: O Motorista de Táxi (2018)


Escolhido para representar a Coreia do Sul no Óscar de melhor filme estrangeiro em 2018, O Motorista de Táxi (Taeksi Woonjunsa) mistura humor e drama para abordar um dos períodos mais difíceis da história do país, sob a visão de um cidadão comum que, sem querer, acaba fazendo parte da história.


O enredo se passa nos anos 1980, na tumultuada Coreia do Sul da época que vivia o terror de uma sanguinária intervenção militar. Uma lei marcial, decretada pelo ditador Chun Doo-Hwan, impediu qualquer manifestação democrática e o país vivia em pé de guerra com o povo nas ruas. No centro de tudo estava Man-Seop (Song Kang-Ho), um simples motorista de táxi que fazia de tudo para não perder nenhuma corrida, já que em casa tinha uma filha pequena para sustentar sozinho.

Alheio aos acontecimentos na cidade de Gwangju, palco central de uma batalha campal entre estudantes e militares, o taxista aceita levar o repórter alemão Peter (Thomas Kretschamann) até lá em troca de uma boa quantia de dinheiro. No caminho ele vai percebendo que tem algo de errado acontecendo, mas mesmo assim segue em frente até chegar na cidade e se deparar com o caos.

É curioso perceber a mudança na personalidade do protagonista, que durante o trajeto se mostrava a favor do governo e contrário às manifestações, mas que depois de ver tudo com os próprios olhos, sobretudo a covardia policial, muda de opinião e passa ser a favor do povo. Ele acaba se tornando, sem querer, uma espécia de heroi, já que foi por conta de sua perseverança que o repórter alemão conseguiu chegar ao epicentro dos acontecimentos e registrar imagens que rodaram o mundo e mostraram a verdadeira face daquele regime.



A atuação de Song Kang-Ho é fantástica. Seu personagem é extremamente carismático e logo de cara conquista a todos, e assim como o filme, transita entre momentos cômicos e dramáticos com muita competência. O enredo é empolgante e prende o espectador do início ao fim com sua teia de acontecimentos. O Motorista de Táxi consegue ser uma grande obra de entretenimento mas também serve como lição para que regimes militares nunca mais se repitam pelo mundo. 


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