quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Crítica: Foxtrot (2017)


Premiado como melhor direção em Veneza e representante de Israel no Óscar de 2018, Foxtrot é sem dúvida um dos melhores filmes vindos do oriente médio nestes últimos anos. Com uma crítica ao exército de Israel, que inclusive gerou polêmica com ministros do país, o longa de Samuel Maoz é impecável em todos os sentidos e uma das melhores surpresas do ano no cinema.



Com uma montagem louvável, o enredo é dividido em três atos e conta a história de forma não-linear. O primeiro começa com membros do exército de Israel chegando à casa da família Feldman para dar a notícia de o filho do casal, Jonathan, foi morto no "cumprimento do dever". Os dois ficam devastados com a informação e a ação começa a se desenrolar a partir deste luto.

O segundo ato mostra a rotina de Jonathan com seus colegas num centro de controle de fronteira isolado no meio do deserto. Sem muito o que fazer, os quatro soldados passam os dias conversando fiado, jogando games, ouvindo música e usando toda e qualquer forma de distração que encontram num ambiente completamente silencioso e solitário, onde nada acontece. O terceiro ato, por sua vez, finaliza o filme de forma grandiosa, fechando todos os pontos sem deixar nada pra trás.



É interessante que Foxtrot fala de guerra mas não possui nenhuma cena de combate. As mortes que acontecem durante a trama, inclusive, são mortes banais, de momentos corriqueiros. Isso não impede de o filme ser tenso a cada segundo. É um filme de detalhes, onde coisas pequenas, que na hora parecem não fazer sentido, logo significam muito e até mesmo mudam o rumo de toda a trama.

Os enquadramentos da câmera mostra uma percepção incrível de cena por parte da direção, tudo isso acompanhado de uma excelente fotografia. Além da parte técnica, é prazeroso acompanhar as atuações no longa, todas muito bem realizadas. Por fim, Foxtrot é um verdadeiro achado, com cenas memoráveis e um argumento muito atual e perspicaz.

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