sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Crítica: Respiro (2017)


Escolhido para representar o Irã no Óscar de melhor filme estrangeiro, Respiro (Nafar) criou muita polêmica e levantou diversos debates no país na época do seu lançamento por trazer um tema complicado às telas: a guerra entre Irã e Iraque ocorrida nos anos 1980.



Escrito e dirigido pela cineasta Narges Abyar, o enredo se passa em Yazd, uma pequena cidade localizada no centro do Irã, e acompanha a rotina diária de uma família iraniana, com foco na menina Bahar (Sareh Nour Mousavi), uma criança estudiosa, inteligente e que busca através da imaginação e da pureza infantil driblar os problemas do cotidiano difícil em meio à pobreza.

Melhor aluna na escola, e desenhista de mão cheia, Bahar vive na mesma casa com seu pai, um homem carinhoso mas com problemas de saúde, a avó, uma senhora rígida, e seus irmãos. Mostrando com sutileza o dia-dia da família, o filme mostra um pouco do que era a vida no país naquele período conturbado, logo após a eclosão da revolução iraniana.


É curioso que a diretora usa a personagem de Bahar como centro de tudo, como se fosse os olhos do espectador. Não há nenhuma cena em que a menina não apareça, sendo tudo narrado pelo seu ponto de vista, o de uma criança que, no meio do caos, é obrigada a amadurecer mais cedo do que deveria.

O filme não se preocupa com questões políticas e não defende nenhuma ideologia, apenas mostra o quão nociva é uma guerra, principalmente para os inocentes. Muitas crianças morreram nos conflitos, e a diretora não deixa de abordar isso, sobretudo do meio para o fim. Em meio às cenas dramáticas, há espaço para um alívio cômico, muito bem encaixado na trama e que tira um pouco do peso do que é mostrado. Mais um belo exemplar do cinema iraniano.

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