segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Crítica: Benzinho (2018)


Premiado e muito elogiado no Festival de Gramado deste ano, Benzinho é um retrato sensível e emocionante de uma família de classe média do Rio de Janeiro, que precisa lidar com uma notícia inesperada e uma série de problemas em meio a uma grave crise financeira.



Irene (Karine Teles) e Klaus (Otávio Muller) são casados, tem quatro filhos, e moram em uma casa cheia de problemas estruturais. Logo numa das primeiras cenas temos algo muito emblemático: a porta da casa estraga, o que os obriga a entrar e sair pela janela. Esse é apenas um dos obstáculos que essa família enfrenta ao longo do filme, tanto físicos como sentimentais. O enredo mostra com muita naturalidade o cotidiano dessa família, que está buscando investir em algum negócio novo já que a livraria que tinham está indo à falência pela falta de procura.

Apesar de mostrar toda a família em boa parte do tempo, o roteiro tem uma protagonista evidente: Irene, e explora esta personagem com muita franqueza. Mãe coruja, ela precisa a todo momento lidar com uma sobrecarga de sentimentos, principalmente quando o filho mais velho, Fernando (Konstantinos Sarris), é chamado para jogar handebol profissional em um time da Alemanha. Aliás, este é o mote central da história, e é a partir deste momento que Irene se vê completamente dividida entre estar feliz pela conquista do filho ou triste por ter que vê-lo ir embora sem saber quando irá voltar.



Além da direção impecável, um dos principais fatores do sucesso do filme é a atuação gigantesca de Karine Teles. A atriz, que já é para mim uma das melhores do cinema brasileiro atual, já tinha mostrado todo seu talento em O Lobo Atrás da Porta e Que Horas Ela Volta?, e agora mais uma vez aparece brilhante na pele desta personagem tão difícil e cheia de personalidade e emoções.

Otávio Muller também segura bem as pontas no papel de Klaus, o típico marido carinhoso mas omisso, que não se mete muito na vida dos membros da família mas está sempre pronto pra ajudar a segurar as barras mais pesadas. Quem também se destaca é Adriana Esteves na pele da irmã de Irene, apesar de sua trama com o ex-marido abusivo ter ficado um pouco perdida no meio de tudo.



Com um roteiro simples mas extremamente tocante, Benzinho já é para mim o filme nacional do ano. Algumas cenas vão ficar para sempre na minha memória, principalmente a última, que é uma das coisas mais belas e emocionantes que eu já vi no cinema. Uma grande obra de Gustavo Pizzi.


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