sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Crítica: A Candidata Perfeita (2021)


Com os olhos do mundo voltados neste momento para o Afeganistão, volta-se a discutir também, dentre outros pontos, os direitos das mulheres em países comandados pelas leis islâmicas. Entre eles a Arábia Saudita, terra natal da diretora Haifaa al-Mansour, que por sua vez é considerada a primeira mulher cineasta do país depois de muitos anos de proibição.


O longa de Haifaa acompanha a jovem Maryam (Mila Al Zahrani), que trabalha como médica em uma clínica da sua cidade. Mesmo sendo muito competente na função que exerce, ela sofre com o preconceito por ser mulher a todo momento, inclusive com pacientes homens se negando a serem atendidos por ela.

Apesar dessa situação complicada que ela enfrenta diariamente, o que realmente a tira do sério é o estado precário da rua que dá acesso a clínica, que além de extremamente esburacada, vira um lamaçal em dias de chuva, e dificulta a chegada no local tanto dela como dos pacientes. Empenhada em mudar a situação, ela decide se candidatar ao cargo de secretária municipal, mesmo sem ter a mínima noção de como se faz uma campanha política, e tendo que enfrentar a negativa de homens que enxergam na sua candidatura uma desonra.



Enquanto acompanha a história de Maryam, o filme flui bem e traz ótimos momentos. O problema, no entanto, começa quando o roteiro tenta abordar histórias secundárias, como a do pai de Maryam, que está tentando seguir a carreira de músico na banda nacional da Arábia Saudita. Ou ainda quando tenta esboçar um romance entre Maryam e um jovem que ajuda na sonorização de casamentos locais. Senti que o filme perdeu o foco, não sabendo exatamente o que estava querendo propôr e explorando muito mal alguns personagens que poderiam render algo legal.

No final tem uma cena específica que pode até emocionar alguns espectadores, mas que pra mim foi estapafúrdia, já que eu não consigo acreditar que homens com a mentalidade retrógrada possam de uma hora para outra se tornarem bons e complacentes. Enfim, A Candidata Perfeita está longe de ser considerado um filme ruim, mas com toda certeza poderia ser muito melhor, bastava alguns pequenos detalhes.


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