domingo, 9 de outubro de 2022

Crítica: Morte Morte Morte (2022)


Com produção da A24, Morte Morte Morte (Bodies Bodies Bodies) apresenta uma história de suspense que satiriza e até mesmo ridiculariza a "geração Z", e que vem dividindo bastante as opiniões da crítica e do público desde sua estreia.


O filme acompanha um grupo de sete jovens ricos que se reúnem em uma mansão remota para uma festa. Entre drogas e bebidas, eles resolvem jogar um jogo chamado "Bodies Bodies Bodies", em que são distribuídos papeizinhos entre os jogadores e um deles se torna o "assassino" fictício da rodada, enquanto os outros precisam descobrir quem é. Numa espécie de "Among Us" da vida real, o jogo acaba saindo do controle quando os jovens começam a aparecer mortos de verdade, e inicia entre os próprios sobreviventes uma investigação para descobrir quem deles é o autor.

O filme primeiramente tinha sido classificado como "terror slasher", mas basta ver alguns minutos para sabermos que na verdade estamos diante de uma comédia satírica. O enredo usa de situações e diálogos forçadamente ridículos para fazer um retrato crítico dos jovens de hoje, que não tem muita noção do que é certo ou errado, que param no meio de uma festa pra fazer vídeos pro "Tik Tok", que precisam postar tudo o que fazem, ou ainda, que repetem incansavelmente termos vistos na internet sem entender os seus significados e se auto diagnosticam com problemas que deveriam ser levados mais a sério.

O fato é que nenhum dos personagens é realmente carismático e todos têm escolhas duvidosas e nada inteligentes. Em um primeiro momento isso me afastou bastante do filme, mas depois que tudo terminou consegui compreender que, de certa maneira, isso pode ter sido proposital, já que a ideia era realmente mostrar como a "garotada" do filme estava deslocada da realidade. No decorrer da trama, ainda temos uma série de traições e desavenças se encaixando umas com as outras, numa amostra de como funcionam hoje as relações humanas, tão superficiais e a flor da pele.
 


Os destaques nas atuações ficam por conta de Amandla Stenberg (O Ódio que Você Semeia), Maria Bakalova (Borat: Fita de Cinema Seguinte) e Rachel Sennott (Shiva Baby). Na parte técnica, gostei do artificio visual de usar uma escuridão quase completa em vários momentos, tendo apenas as pulseirinhas e os colares coloridos que eles estavam usando na festa como iluminação, ou a própria tela do telefone de cada um. Por fim, em Morte Morte Morte são trazidos à tona muitos temas pertinentes, como a própria cultura do cancelamento e a tendência atual de problematizar todo e qualquer assunto sem de fato apresentar um argumento concreto, e o final, no fim das contas, acaba combinando muito com a ideia central da direção. Ainda assim, faltou muito para ser convincente.
 

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