quarta-feira, 9 de julho de 2014

Critica: Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014)


Quando assisti em 2010 o curta-metragem Eu Não Quero Voltar Sozinho, me apaixonei pela história e logo imaginei que o enredo daria um excelente filme. Por esse motivo, fiquei contente ao saber que o diretor Daniel Ribeiro estava iniciando em 2013 as filmagens de um longa que traria os mesmos personagens, dessa vez mostrados de forma mais completa e intensa. E para minha alegria, ele conseguiu superar todas as minhas expectativas.


A trama acompanha Leo (Guilherme Lobo), um jovem cego que busca entre conversas e divagações junto de sua melhor amiga Giovana (Tess Amorim) um sentido para a vida e algumas respostas para as dúvidas que a idade traz. Seu grande sonho é dar o primeiro beijo em uma garota, ao mesmo tempo em que receia nunca poder realizá-lo por ser "diferente". Na escola ele é um garoto aplicado, mas sofre diariamente nas mãos dos colegas, que se aproveitam de sua condição física para aplicar brincadeiras de mau gosto.

Quando um aluno novo entra na turma, não demora para que ele, Leo e Giovana criem uma dinâmica, formando um trio inseparável que por fim acaba se transformando em uma espécie de triângulo amoroso. Gabriel (Fabio Audi) é um garoto inteligente e gentil, que logo se compadece da situação de Leo e passa a ajudá-lo em tudo que ele precisa, criando ciúmes em Giovana.



É engraçado como inicia essa relação entre Gabriel e Leo. O primeiro, inocentemente, sempre esquece que o amigo não enxerga, e acaba cometendo gafes como "você viu aquele vídeo que todo mundo está comentando?" ou "vamos ao cinema hoje?". Mas uma coisa eles podem dividir de igual para igual: o gosto pela música, e as canções trocadas entre eles dizem muito sobre cada um.

Uma das cenas mais memoráveis é quando Gabriel explica para Leo o que é um eclipse. A simplicidade da cena emociona, principalmente por se tratar de uma amizade sem nenhuma espécie de interesse. O diretor foge de qualquer esteriótipo ao mostrar a relação homossexual que nasce entre eles. Tudo é mostrado com tanta naturalidade que a questão acaba ficando para segundo plano, como deveria ser sempre.

O final é belíssimo, com Leo realizando alguns dos seus principais sonhos, desde os mais simples como andar de bicicleta aos mais complexos, como ser aceito pelo o que ele realmente é e descobrindo finalmente o seu lugar no mundo.



Por fim, o filme é uma grata surpresa, e não decepciona quem, como eu, estava esperando algo a altura do curta. O diretor usa bem o tempo a mais para aproveitar ao máximo cada um dos personagens, e a simplicidade do enredo é a característica mais marcante. O humor singelo e as boas atuações são apenas mais alguns dos pontos positivos, desse que já é para mim o melhor longa nacional do ano.


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