quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Crítica: Violette (2014)


Violette Leduc pode ser considerada hoje uma das escritoras mais importantes do século 21, principalmente quando se fala na luta pelos direitos das mulheres. Bissexual e feminista, ela teve uma vida complicada, que nos é mostrada sob a  excelente perspectiva do diretor Martin Provost.



Violette (Emmanuelle Devos) vive no interior da França junto de um homem violento, fruto de um casamento fictício para fugir da Segunda Guerra. É lá, naquela região isolada, debaixo de uma macieira, que ela começa a registrar suas primeiras memórias da infância em um pequeno caderno.

Abandonada pelo "marido", ela parte rumo à capital do país para tentar se virar de alguma maneira. Já em Paris, berço da cultura francesa, Violette se depara pela primeira vez com a pungente literatura de Simone de Beauvoir, famosa por seus ideais feministas. Empolgada, Violette se apega a Simone e lhe entrega seu primeiro livro de memórias para que a mesma leia e dê sua opinião.

Seu jeito de escrever é tão vivo, que ela logo ganha admiração da escritora, que decide levar seu livro às editoras para que seja publicado. No entanto, depois de lançado, o livro não chega às livrarias, principalmente por haver ainda naquela época um forte preconceito a respeito de mulheres escritoras. Além disso, a escrita de Violette possuía um exacerbado erotismo, o que era ainda mais escandaloso.



Dividido em capítulos, o filme vai mostrando essa via sacra de Violette para conquistar um lugar no mundo e todas as dificuldades pelo qual ela passou após uma traumática infância e uma vida adulta sofrida. Por viver em uma época onde as mulheres não tinham vez, ela sempre foi submissa a qualquer tipo de pensamento machista, e a presença de Simone foi muito importante para isso mudar.

Símbolo maior da luta pela liberdade das mulheres na década de 50 e 60, Simone de Beavouir ficou conhecida pelo seu livro O Segundo Sexo, onde defendia a igualdade entre homens e mulheres. Sua presença é contundente na vida de Violette, e mesmo que o espectador nunca tenha livo um livro seu, é impossível não criar uma empatia.



O enredo, apesar de ser bem construído, peca um pouco no ritmo. No entanto, há que se elogiar a fotografia e a trilha sonora, além das atuações fantásticas de Emmanuelle Devos e Sandrine Kiberlain. Com um forte apelo feminista, o longa acerta ao mostrar essa luta das mulheres por uma sociedade mais igualitária, em uma época que o mundo passava por grandes mudanças de comportamento.


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