segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Crítica: Numa Escola de Havana (2015)


Representante de Cuba no Óscar de melhor filme estrangeiro em 2015, Numa Escola de Havana (Conducta), do diretor Ernesto Darañas, aborda um tema já bastante recorrente no cinema: a relação entre professor e aluno, traçando um paralelo entre o sistema educacional e a realidade socioeconômica do país.


Chala (Armando Valdes Freire) é um menino de 11 anos que mora com sua mãe (Yuliet Cruz), uma viciada em drogas, e sustenta a casa com dinheiro que ganha cuidando de cães de rinha. Apesar do temperamento difícil, ele cria um forte apego pela professora Carmela (Alina Rodríguez), que leciona há 50 anos no mesmo colégio e deu aula para praticamente toda a sua família.

Quando Carmela sofre um infarto e se afasta temporariamente do colégio, uma nova professora assume a turma. Chala não se dá bem com ela desde o início, e depois de se meter em confusão com colegas acaba sendo enviado para um reformatório. Porém, quando Carmela volta, ela faz de tudo para trazer o garoto de volta, nem que para isso tenha que enfrentar todo o corpo docente do colégio.


O filme mostra com simplicidade como somente a educação é capaz de dar um sentido para a vida de um garoto que, desde cedo, teve que conviver com uma dura realidade. Interessante analisar que a figura que deveria reger a educação de Chala, no caso sua mãe, não tem as mínimas condições psicológicas para isso, e quem toma a vez acaba sendo a professora, que se torna uma avó para o menino.

Chala na verdade é um menino afetuoso e de enorme potencial intelectual, mas que por causa do ambiente agressivo em sua volta acaba tendo tudo para seguir o rumo da marginalidade. Além da evidente crítica social, o filme ainda aborda com leveza a descoberta do primeiro amor, tudo sob a perspectiva ingênua de uma criança.


O roteiro começa redondinho mas do meio para o final perde um pouco o ritmo, e perderia ainda mais não fosse as excelentes atuações, sobretudo das crianças. Com uma história que se passa em Cuba mas que poderia acontecer em muitos outros países, inclusive no Brasil, Numa Escola de Havana é um drama bastante sensível, que conquista justamente pela simplicidade.

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