terça-feira, 15 de março de 2016

Crítica: A Senhora da Van (2016)


O dramaturgo britânico Alan Bennett passou por uma verdadeira situação de ficção em sua vida e acabou transformando a história em peça de teatro. E é dela que deriva A Senhora da Van (The Lady in the Van), novo filme do cineasta Nicholas Hytner, que já havia adaptado outra peça de Bennett para o cinema, As Loucuras do Rei George, em 1994.



A história se passa entre os anos 1970 e 1980, no bairro londrino de Camdem Town, quando Bennett abrigou em sua garagem a maltrapilha Miss Shepperd (Maggie Smith), que vivia em uma van caindo os pedaços e não parava nunca no mesmo lugar. Ela acabou ficando conhecida na vizinhança e graças ao seu jeito excêntrico e pouco amigável ninguém a queria por perto. Foi quando Bennett, ainda desconhecido e buscando um tema para seu próximo livro, começou a escrever sobre essa senhora misteriosa vendo nela um argumento e tanto para uma boa história.

O humor britânico é diferente, não resta dúvidas, mas ele não se encaixou bem nesse filme. Tudo parece ter ficado descuidado, e alguns exageros podem ser nitidamente percebidos. Outro fator que incomoda é o fato de se passar 15 anos e não ter nenhuma transformação física dos personagens, ficando assim impossível imaginar essa passagem do tempo.


A atriz Maggie Smith cumpre bem o papel ao dar vida a essa senhorinha rabugenta, que parece esconder atrás de seu mau humor uma vida de traumas e desilusões. Mas a relação que se cria entre ela e Bennett não é explorada como deveria, e o filme tem raros momentos aproveitáveis. Ao tentar misturar drama com comédia, o diretor parece ter se perdido e não soube abordar nenhum dos dois de forma convincente.

Por fim, A Senhora da Van acaba sendo bem aquém do que potencialmente poderia ter sido, e se torna um exercício de paciência da metade para o fim. Uma pena, pois a história é realmente interessante.

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