terça-feira, 18 de junho de 2019

Crítica: Filhas do Sol (2019)


O Festival Varilux de Cinema Francês, que ocorre anualmente no Brasil, sempre traz boas opções pra quem gosta de fugir do "mais do mesmo" dos cinemas, e o desse ano nos presenteou com uma das obras mais intensas que o cinema francês já criou em toda sua existência: Filhas do Sol (Les Filles du Soleil), da diretora Eva Husson.


Pela ótica da correspondente de guerra Mathilde (Emannuelle Bercot), o filme conta a história de um grupo de mulheres que sobreviveram a um massacre do Estado Islâmico na região do Curdistão e pegaram em armas para formar um exército de resistência. Com cenas de extrema intensidade, o enredo acompanha o dia-dia desse grupo e sua luta pela sobrevivência num território hostil, ao mesmo tempo em que flashbacks nos mostram a sofrida trajetória dessas mulheres guerreiras até chegar onde estão.

Todas personagens são importantes na trama, mas duas são essenciais: Bahar (Golshifteh Farahani), a protagonista, que lidera o grupo e sonha reencontrar seu filho que foi parar nas mãos dos terroristas, e a própria Mathilde, a repórter francesa que, assim como as mulheres que estão ali, também já perdeu muito com a guerra mas não desiste de tentar mostrar pro resto do mundo uma realidade que poucos se interessam em conhecer. A atuação das duas é de se bater palmas de pé, e há muito tempo que não via algo igual. Bahar, inclusive, é talvez a personagem feminina mais forte que eu já vi em toda minha vida.


Filhas do Sol é o tipo de filme que deixa cicatrizes pra vida toda em quem assiste e não há como fugir disso. Algumas cenas são verdadeiras obras de arte, como a "cena da dança", a "cena da fuga" e a cena dos créditos finais, essa última de brindar os olhos e lavar a alma, nos deixando a certeza de ter visto algo único. Perfeito, perfeito, perfeito. Mulheres, vida, liberdade! Vida longa ao cinema feito com alma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário