sexta-feira, 14 de junho de 2019

Crítica: Graças a Deus (2019)


Baseado numa história real, o novo filme de François Ozon toca no polêmico assunto da pedofilia dentro da igreja católica, com intuito de mostrar as eternas sequelas que as vitimas acabam tendo de carregar e de criticar ferozmente a instituição por sempre passar pano e tentar diminuir os casos de abuso.



Três décadas depois de ser realocado para outro local, o padre Preynat (Bernard Verley) volta à cidade onde dava catequese para crianças nos anos 1980. Isso acaba trazendo novamente à tona as lembranças de Alexandre (Melvil Poupaud), um homem com seus 40 anos, casado e com filhos, que mesmo com o passar de tantos anos nunca esqueceu dos abusos sofridos pelo padre.

Na tentativa de finalmente buscar providências na justiça, Alexandre tenta encontrar outras pessoas que, como ele, também foram abusadas pelo mesmo homem. Nem todos querem lembrar dos ocorridos, é claro, porque as cicatrizes muitas vezes não fecham pela vida inteira, mas ainda assim, vai surgindo um grupo cada vez maior de pessoas unidas na causa. São diversos adultos, com a vida feita, mas que ainda sofrem com o trauma, mostrando como isso interfere pra sempre na vida das vítimas.



É interessante analisar que o padre em nenhum momento nega as acusações, pelo contrário, diz que fez tudo o que fez porque não achava que estava agindo errado. Isso é uma característica psicológica dos pedófilos, e o enredo aborda essa questão muito bem. Por fim, Graças a Deus tem uma direção competente e conta com ótimas atuações, e é com certeza o filme mais profundo até então da carreira de François Ozon.


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