quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Crítica: Drive My Car (2022)


O ano de 2021 foi extremamente produtivo para o diretor japonês Ryusuke Hamaguchi, que além do singelo Roda do Destino, também chamou a atenção da crítica com Drive My Car (Doraibu mai ka), vencedor de melhor roteiro em Cannes e indicado a melhor filme, melhor filme internacional e melhor roteiro adaptado no Oscar 2022. Adaptado de um conto do escritor Haruki Murakami, de quem sou um grande fã, o filme acompanha Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nijishima), um ator e diretor de peças de teatro que é casado com uma roteirista que trabalha para a televisão. Juntos os dois criam algumas histórias, mas um acontecimento trágico acaba deixando Kafuku sozinho.


Dois anos depois do acontecido, Kafuku aceita o trabalho de dirigir uma peça de Tchekhov em Hiroshima, e parte para lá com seu carro, do qual ele tem um apego sentimental e não se separa jamais. Porém, segundo uma regra imposta pelos produtores do teatro, ele não pode dirigir o veículo enquanto dirige a peça por uma questão de segurança, e mesmo contrariado ele acaba aceitando que a jovem Misaki (Toko Miura), de apenas 23 anos, passe a dirigir seu veículo como uma espécie de chofer. O ponto alto do filme são justamente os diálogos que o protagonista tem com sua motorista durante as viagens, e são nessas discussões, sobre amor, vida e morte, que o roteiro ganha força.

 
O filme tem quase três horas de duração, com um prólogo que dura cerca de quarenta minutos. Na sequência, temos inúmeras cenas mostrando a leitura do roteiro feita pelo elenco da peça, que se estendem, ao meu ver, mais do que deveriam. Confesso a vocês que achei o filme um pouco entediante por conta dessas opções narrativas, mesmo já estando acostumado com a forma de direção do Hamaguchi. 


Drive My Car é um filme que fala muito sobre perdas, e a maneira que lidamos com elas. As atuações dos dois atores principais está impecável, sobretudo de Hidetoshi Nijishima, que passa com muita veracidade as incertezas e frustrações de um homem que precisa reaprender a viver enquanto enfrenta as dores profundas do passado.

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