quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Crítica: Spencer (2022)


Em Spencer, o chileno Pablo Larraín traz mais uma vez para as telas a vida de uma mulher marcante na história mundial. Depois de apresentar brilhantemente a figura de Jackie Kennedy em Jackie (2016), agora é a vez do diretor abordar a personalidade de Diana Frances Spencer, a "Lady Di", em um período curto de sua vida durante as férias de 1991.


A trama se passa durante o fim de semana de Natal, onde seguindo as tradições, a família real britânica se reúne para passar na casa de campo de Sandrigham, que coincidentemente é a cidade onde também nasceu Diana. No meio de tantas regras de etiqueta e rituais bizarros (como a balança que mede o peso de cada um na chegada), Diana (Kristen Stewart) logo parece deslocada, justamente por achar tudo um enorme exagero. Sentimos desde o início um clima de distanciamento dela do restante, com planos onde ela está sempre procurando ficar sozinha, em paz. 

Diana é diferente nos modos, no jeito de enxergar as tradições e até no modo de se vestir, e um exemplo disto é o fato dela ser a única a chegar dirigindo seu próprio carro ouvindo música pop, enquanto todos os outros foram trazidos por motoristas. A família real sempre viveu em um mundo de aparências, onde até as roupas para as ocasiões são escolhidas com antecedência, e tudo é calculado nos mínimos detalhes para que a reputação não seja posta à prova. Por conta disto, Diana se torna até mesmo uma espécie de ameaça por ter esse espírito livre, e o tempo todo precisa ser "corrigida" e coagida a mudar algumas das suas atitudes.

 

Kristen Stewart está impecável no papel, e deixa muito verossímil o sentimento de sufocamento e claustrofobia de alguém que está em um ambiente que nitidamente não se encaixa. Ainda assim, consegue ter momentos de delicadeza com os filhos, que eram sua única fonte de amor, já que o casamento com o príncipe Charles já estava sendo um relacionamento de fachada há muito tempo. O retorno de Diana à sua terra natal também traz memórias importantes que ajudam a moldar ainda mais sua personalidade, e o roteiro também se aprofunda muito bem nestas questões.

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