quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

O Beco do Pesadelo (2022)


Se existe algo que não se pode dizer dos filmes de Guillermo Del Toro é que eles são tecnicamente precários. Os trabalhos do diretor possuem aspectos visuais impressionantes, ainda que às vezes a história não funcione (como é o caso de A Colina Escarlate). Porém, em O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley), Del Toro consegue mais uma vez aliar a direção de arte impecável com um enredo envolvente, e apresenta um dos filmes mais instigantes do ano.


O longa é uma nova versão de O Beco das Almas Perdidas, lançado em 1947, e acompanha Stan Carlisle (Bradley Cooper), um homem solitário que está fugindo de um passado misterioso e consegue trabalho no circo comandado por Clem (Willem Defoe). A primeira hora do filme foca na relação que se cria entre Stan e os outros membros do circo, principalmente com Pete (David Strathairn) e Zeena (Toni Collette), um casal de vigaristas que finge ler a mente dos espectadores em uma das atrações. É com eles que Stan aprende os truques para ser um bom mentalista, artimanha que passa a usar com ajuda de Molly (Rooney Mara) depois que os dois vão embora juntos do circo.

Na segunda metade, Stan e Molly, agora vivendo em Nova York, ganham a vida fazendo apresentações para a elite da cidade, onde enganam os espectadores dizendo ter contato mediúnico com seus parentes falecidos. A vigarice chama a atenção da psiquiatra Lilith (Cate Blanchet), que entra na jogada para se aproveitar da situação, e é através dela que Stan passa a trabalhar para o magnata Ezra Grindle (Richard Jenkins), que investe muito dinheiro para ter contato com sua ex-amada morta e acaba sendo uma pedra no sapato de Stan.


O trabalho de direção de arte, como falei anteriormente, é realmente impressionante, e ajuda a criar uma atmosfera bastante sombria, que remete bastante aos filmes noir da primeira metade do século 20. A caracterização da época (início da Segunda Guerra Mundial) também é muito bem feita. Sobre as atuações, eu gostei bastante do Bradley Cooper na pele de um charlatão inescrupuloso, e mesmo com uma participação pequena também destaco o Willem Defoe. Com um final arrebatador, O Beco do Pesadelo fala sobre traumas, mas acima de tudo, sobre a ambição cega de querer subir na vida a qualquer custo.

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