sábado, 8 de abril de 2023

Crítica: Tetris (2023)


Criado em 1984, Tetris virou um fenômeno numa época em que os jogos eletrônicos estavam apenas engatinhando, e até hoje ainda é jogado e exaltado mundo afora. Porém, a história por trás da sua criação e principalmente do seu licenciamento é muito mais complicada e complexa do que juntar tetraminós em linha reta para somar pontos, e o filme de Jon S. Baird conta toda esta confusão tendo o caótico cenário da Guerra Fria como pano de fundo.



O jogo foi criado por Alexey Pajitnov (Nikita Efremov) em um centro de computação do governo soviético, mas como nessa época os soviéticos eram bastante rígidos com o que entrava e principalmente com o que saía do país, ele só chegou no outro lado do mundo de maneira clandestina, pelas mãos de Robert Stein (Toby Jones), que na sequência o revendeu para Robert Maxwell (Roger Allam), um magnata de uma grande empresa midiática que passou a deter os direitos do jogo para videogames. Do outro lado temos Henk Rogers (Taron Egerton), um programador de jogos que está desiludido após o fracasso de seu mais novo investimento, e que descobre Tetris por acaso em uma feira de games. Fascinado pelo jogo, ele também passa a lutar para ter a licença sobre uma parte dele, e isto é só o começo de uma trama de espionagem corporativa cheia de reviravoltas que envolve desde grandes empresários do ramo de jogos eletrônicos até oficiais da KGB.

O roteiro é bastante frenético, e algumas animações em 8 bits, inclusive em uma cena específica de perseguição automotiva, encaixaram bem na história, deixando o clima mais leve e até mesmo divertido. A trilha sonora cheia de sintetizadores também remete aos anos 1980, e eu gostei bastante da ambientação da época. Taron Egerton também se destaca na pele do protagonista, em mais uma atuação elogiável do ator, que já tinha chamado a atenção em Rocketman.


O grande erro do filme, no entanto, é ser bastante maniqueísta ao tratar os americanos como os "mocinhos" e os soviéticos como grandes "vilões". Aliás, toda a parte soviética é extremamente caricata, e até mesmo meio preconceituosa, usando todos os clichês possíveis em uma clara e nítida propaganda anticomunista. Posso citar como exemplo uma cena totalmente desnecessária para a narrativa, onde o protagonista oferece alimento para uma moradora local ao ver que os mercados do país estão sem produtos para vender em suas prateleiras. Há ainda outra cena completamente cafona, onde Rogers descobre que Pajitnov não está ganhando nada com sua criação e o russo exclama "isso é comunismo!". Tirando essa caracterização grotesca e pretensiosa, Tetris é um filme que pode agradar bastante aqueles que gostam de games, principalmente por conta de sua atmosfera nostálgica.


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