quinta-feira, 6 de julho de 2023

Crítica: Meu Vizinho Adolf (2023)


Os livros de história contam que Adolf Hitler se matou logo após a concretização da derrota alemã na Segunda Guerra Mundial, porém, existem muitas teorias obscuras e absurdas de que ele teria forjado a própria morte e se refugiado na América do Sul após a vitória dos Aliados. Partindo desta ideia, Meu Vizinho Adolf (My Neighbor Adolf) adota um tom de humor leve para trazer uma premissa simples mas muito instigante: o que você faria se suspeitasse que seu novo vizinho é uma das figuras mais desprezíveis da história?


O filme se passa em 1960 e começa acompanhando Marek Polsky (David Hayman), um judeu sobrevivente do holocausto que agora vive em uma região extremamente pacata no interior da Argentina. Solitário e mal humorado, sua única paixão na vida é a roseira que ele cultiva no pátio, e que cuida com muito amor e carinho por trazer memórias afetivas da sua família no período antes da guerra. Certo dia um alemão chamado Herman Herzog (Udo Kier) se muda para a casa ao lado, e após uma discussão acalorada acerca do tamanho dos terrenos, ele passa a suspeitar que o vizinho é nada mais, nada menos, do que Adolf Hitler, que ele teria conhecido em um campeonato de xadrez ainda nos anos 1930. Segundo ele, jamais teria esquecido dos olhos de "pura maldade", que ele reviu no vizinho com muita nitidez.

Ao comparar as características do tirano com as de seu vizinho, Polsky passa a acreditar fielmente se tratar dele, e apresenta o caso à polícia, que por sua vez não leva a sério pois já está acostumada com este tipo de denúncia que sempre se provaram infundadas. O homem, no entanto, não desiste, e passa a coletar cada vez mais provas dessa sua suspeita, e o mais legal do roteiro é que ele também nos incita a ficar com a pulga atrás da orelha, pois o tempo todo fiquei me perguntando "será que é o Hitler mesmo, ou é tudo coisa da cabeça dele?". Ao mesmo tempo em que Polsky vai lendo sobre as características de Hitler nos livros que pegou da biblioteca, vamos percebendo que Herzog possui todas elas, como o fato de ser canhoto, pintar quadros de ruínas e prédios abandonados, ter um pastor alemão e apresentar rompantes de raiva.


O grande êxito do filme são as atuações brilhantes dos protagonistas, mas confesso que senti um dissabor na reta final. Obviamente não contarei o que acontece, e muito menos se era ou não Hitler, mas por mais que o filme tenha um clima leve e bem humorado, não dá para apagar a história e o que representou o holocausto. Dito isso, não dá para engolir facilmente a aproximação dos dois personagens, até porque a suposta fuga de Hitler para cá é apenas uma teoria, mas os milhares de oficiais nazistas que se refugiaram no Brasil e nos países vizinhos não é, e ocorreu de verdade. Porém, não dá para negar que o final surpreende e muito.


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