sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Crítica: Rudderless (2014)


Estreando como diretor, William H. Macy traz um trabalho simples mas maduro sobre as relações entre pais e filhos, ainda que isso não tenha sido o mote central da história. Com a intenção de comemorar um sucesso conquistado no trabalho, Sam (Billy Crudrup) pede para o filho matar aula na faculdade para poderem comemorar juntos, mas o garoto não gosta da ideia e resolve ir para a aula. Na mesma manhã, um tiroteio deixa vários mortos na universidade, e Sam fica desesperado quando descobre que o garoto é um deles.


A dor da perda de um filho, talvez a pior dor do mundo, e a interferência brutal da mídia no caso deixam Sam abalado. Para se refugiar de tudo, ele resolve se isolar do mundo morando em um barco pelos próximos anos, onde se joga no alcoolismo e ganha a vida trabalhando como pintor. Passado um tempo, ele recebe uma caixa com objetos que eram do seu filho e remexendo nas coisas descobre uma série de gravações musicais feitas pelo garoto.

Sam fica tão impressionado com a qualidade das músicas compostas pelo filho que resolve aprender a tocar uma delas no violão, e apresenta ela em um bar noturno local. A apresentação chama a atenção de Quentin (Anton Yelchin), um jovem que estava no local e que persegue Sam até que ele aceite tocar junto com ele. Aos poucos eles vão angariando novos integrantes até formarem uma banda, cujas canções consistiam apenas em músicas do filho de Sam. 


Eles não demoram para alcançar o sucesso, mesmo que Sam não queira isso de forma alguma. Ele queria apenas tocar para fugir de um trauma, não para ganhar dinheiro ou fama. O motivo dessa amargura de Sam é mostrado perto do final, com uma revelação bombástica, fazendo com que o espectador entenda melhor toda a angústia que ele traz no olhar desde o início.

Ainda que implicitamente, o filme mostra a mente perturbada de um garoto através de suas letras. Outro ponto interessante é mostrar quão pouco alguns pais conhecem seus filhos, onde muitas vezes dividem a mesma casa sem trocar mais que meia dúzia de palavras por dia. 


Apesar de alguns furos no roteiro, o filme tem um grande mérito: o de não apelar para o dramalhão do pai em luto. As atuações são bastante convincentes, principalmente de Crudrup e Yelchin, a dupla musical. Apesar de não conhecermos o passado de Quentin, percebemos por suas atitudes que ele teve uma vida difícil, e que a música parece ter sido uma válvula de escape dos problemas. Com uma trilha sonora apaixonante, Rudderless é um dos filmes musicais mais bacanas dos últimos anos.


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