terça-feira, 28 de abril de 2015

Crítica: 118 Dias (2014)


Em 2009 o Irã viveu um momento importante de sua história, com uma das eleições presidenciais mais acirradas de todos os tempos. De um lado Mahmoud Ahmadinejad, que tentava a reeleição, do outro, a oposição de Mir Hussein Mussavi, que subia cada vez mais nas pesquisas e vinha conquistando uma boa parcela da população com seu discurso de mudança. Com a vitória de Ahmadinejad, o povo saiu às ruas acusando o governo atual de fraude, e acabou sendo violentamente reprimido.



118 Dias (Rosewater) narra a história real do jornalista Maziar Bahari, vivido por Gael García Bernal, baseando-se em sua autobiografia "Then They Came for Me". Bahari foi enviado ao Irã nesse período como correspondente da revista norte-americana Newsweek para cobrir o pleito, onde conseguiu imagens exclusivas. Uma de suas gravações mostra muito bem repressão violenta da polícia nos protestos, e a imagem que rodou o mundo acabou despertando a ira do governo iraniano.

Acusado de espionagem, Bahari foi preso e passou 118 dias sendo torturado e interrogado incessantemente pelos funcionários da prisão. Durante esse período, foi torturado por um homem que usava um perfume típico com cheiro de rosas (que dá nome ao filme, "Rosewater"). A primeira coisa que incomoda na abordagem do filme é que o protagonista não parece estar sofrendo com a prisão. E se houve mesmo tortura, o filme passou longe de mostrar isso. Fica a dúvida se o tratamento que ele recebeu foi realmente tão brando, ou o diretor que quis amenizar a situação propositalmente.


Apesar da boa premissa o enredo deixa a desejar, e é conduzido de forma muito superficial. Conhecer história do Irã na atualidade não é fundamental, mas ajuda a entender melhor os acontecimentos. Assim como o protagonista, todos os personagens secundários são mal explorados, ainda que possua um elenco de respeito por trás. Nem a boa atuação de Gael García consegue salvar o filme, ainda que tenha seus bons (e poucos) momentos isolados.

Por fim, o filme de estreia de Jon Stewart, conhecido por sua perspicácia em abordar política no seu programa de televisão "The Daily Show", se mostra bastante fraco, e pode ser facilmente descartável. Mais uma biografia indispensável, dentre tantas que tinham tudo para serem boas mas acabaram sendo um tiro n'água.


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