quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Crítica: Ninho de Musaranhos (2015)


Fico cada vez mais impressionado com a qualidade do cinema espanhol quando se fala em filmes de suspense, e já virei um grande admirador. Mesmo utilizando poucos recursos, os estúdios espanhóis produzem um número invejável de obras originais, com uma qualidade que não é vista em nenhum outro lugar do planeta. A grande surpresa da vez é Ninho de Musaranhos (Musarañas), filme de baixo orçamento dos estreantes Esteban Roel e Juanfer Andrés, que já entra para a lista dos melhores do gênero.



Musarañas (ou musaranhos, em português) são pequenos mamíferos roedores, semelhantes aos ratos, conhecidos por viverem em ninhos bem escondidos e pela sua ferocidade, apesar do pequeno porte. A partir dessas características, o filme faz uma analogia ao comparar o modo de vida desses pequenos animais com a de duas irmãs que vivem em um pequeno apartamento de Madrid nos anos 1950.

Montse (Macarena Gómez) é a mais velha das duas e sofre de agorafobia (medo de lugares abertos). Por conta disso, há anos não consegue pôr os pés para fora de casa, e ganha a vida costurando no próprio apartamento. A irmã mais nova (Nadia de Santiago), por sua vez, não sofre de nenhum problema e leva sua rotina normal trabalhando em uma loja da cidade, sendo o elo delas com a rua.



Desde cedo, Montse ficou responsável por cuidar da irmã caçula, já que a mãe morreu no parto e o pai mudou drasticamente de comportamento após o incidente, se tornando um homem extremamente agressivo. Excessivamente protetora, ela se preocupa até demais com o amadurecimento da irmã, e toma algumas atitudes bastante radicais para que ela siga suas ordens.

O dia-dia das duas muda drasticamente quando Carlos (Hugo Silva), o vizinho do apartamento de cima, aparece na porta bastante machucado. Sem saber muito o que está fazendo, Montse o acolhe no apartamento e passa a cuidar dele, mas não demora para que isso se torne uma obsessão que colocará a vida de todos a perigo.



Do meio para o final o tom é de filme de terror, e o enredo, construído com capricho, passa a nos mostrar uma Montse totalmente fora de si. O psicológico da personagem é muito bem abordado, ainda que pareça por vezes inverossímil, e o grande mérito fica por conta da atuação de Macarena Gómez, que inclusive lhe rendeu indicação ao prêmio Goya de melhor atriz este ano.

Com inesperadas mudanças de rumo e um clima claustrofóbico (por se passar inteiramente dentro de um único espaço), Ninho de Musaranho é sem dúvida um dos filmes mais interessantes e impactantes dos últimos anos, e tem tudo para virar mais um jovem clássico do gênero.


4 comentários:

  1. Excelente, aterrador! Quem dera o cinema brasileiro tivesse essa capacidade em celebrar a sétima arte,sem apelações.

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  2. ótimo filme interpretações maravilhosas, a resenha da pagina esta de parabéns

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  3. assisti, gostei e recomendo, melhor do que muito filme que se diz ser de suspense ou terror,provou que não precisa de muitos efeitos pra que saia algum conteúdo bom!

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