segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Crítica: Roda-Gigante (2018)


Na vida só existem apenas duas certezas: a morte, e o lançamento de um filme do Woody Allen todo ano. Desde 1982 é assim, e sua cabeça criativa não para nunca de criar novas histórias. Entre altos e baixos, há sempre espaço para tramas originais, e Allen tem a sorte de sempre poder contar com mulheres poderosas no elenco. Desde Cate Blanchett, em Blue Jasmine, o diretor não tinha um nome de peso, e Kate Winslet caiu como uma luva para levar o filme nas costas e se consagrar com uma das atuações mais impressionantes do ano e de sua carreira.

Ginny (Winslet) foi por anos uma aspirante a atriz, mas agora aos 40 anos de idade só o que lhe restou foi o trabalho como garçonete e um casamento infeliz com o mecânico Humpty (Jim Beluschi), que apesar de ter um bom coração, é um homem bruto e de zero afinidade com ela. Na casa ainda vive o menino Richie (Jack Gore), fruto de seu primeiro casamento, que se torna um personagem marcante na trama graças a sua mania de incendiar coisas.

Para fugir da rotina sem graça, Ginny começou a manter uma relação extraconjugal com o salva-vidas Mickey (Justin Timberlake), um estudante apaixonado por poesia e bem mais novo que ela. Certo dia surge na cidade a adorável Carolina (June Temple), filha de Humpty de um antigo casamento, que está fugindo do ex-marido, um gângster italiano. Ela começa a estudar e acaba ficando na cidade, e não demora para ela conhecer e se afeiçoar a Mickey. A partir de então, o salva-vidas se vê dividido entre as duas mulheres.

Woody Allen segue o mesmo modelo narrativo de seus filmes anteriores: trilha sonora embalada por muito jazz, diálogos cômicos e inteligentes, e situações que, mesmo bizarras, podem fazer parte do cotidiano de qualquer um. O roteiro aparentemente simples vai trazendo várias reviravoltas ao longo de sua duração, e mesmo que boa parte dos acontecimentos acabe sendo previsível, é legal ver como tudo vai se desenrolando. O triângulo amoroso que se cria entre Ginny, Carolina e Mickey é uma deixa e tanto para Allen explorar os sentimentos humanos em seus personagens. 

Pode não ser o melhor filme de Allen nos últimos anos, mas é um filme cativante, e muito disso se dá pelas atuações. Kate Winslet está espetacular e não me surpreenderia se a visse forte nas premiações deste ano. Jim Beluschi também entrega um personagem marcante. Timberlake e Temple também cumprem seus papéis com competência. Quanto a questão técnica, Allen capricha mais uma vez na fotografia e na discrição da época, características que ele prioriza muito em suas obras.


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