terça-feira, 6 de novembro de 2018

Crítica: Dogman (2018)


Escolhido para representar a Itália no Óscar de melhor filme estrangeiro em 2019, Dogman, do diretor Matteo Garrone, mostra uma Roma longe dos padrões que costumamos ver, focando principalmente em sua pobreza e seus problemas sociais para mostrar a história de um cidadão comum que tenta sobreviver em meio a situações de conflito.



O filme acompanha Marcello (Marcello , um homem que mora nos subúrbios de Roma e é dono de um pequeno negócio onde trabalha dando banho em cachorros. Ele tem uma filha pequena que vive com a mãe, mas que sempre que pode passa um tempo com ele e até o ajuda a banhar os animais. Dono de um enorme coração, ele inexplicavelmente é amigo de Simone, um homem extremamente violento, sem escrúpulos, que ganha a vida praticando furtos em casas e comércios. 

Preso numa lealdade quase cega, Marcello acaba ajudando Simone na prática de alguns crimes, e sua vida muda completamente quando ele é culpado por um deles, justamente dentro da sua própria vizinhança. Muito mais do que a punição da lei, a punição dos vizinhos, que se sentem traídos e não querem vê-lo mais por perto, é o que realmente faz a vida de Marcello perder o sentido e ele mudar sua personalidade.



Assim como em outros filmes seus, Garrone se preocupa bastante com a questão moral do personagem, e a atuação impressionante de Marcello Fonte, o que inclusive lhe rendeu o prêmio de melhor ator em Cannes, ajuda muito nesta questão. A transformação que ocorre no personagem da primeira metade do filme para a segunda é o que dá sustentação à estória e torna o longa interessantíssimo nos minutos finais. Com sua atmosfera suburbana e marginal, Dogman não economiza na violência e na fotografia melancólica para trazer o que de pior existe no ser-humano em suas duas horas de duração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário