quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Crítica: O Que as Pessoas Vão Dizer (2018)


Escolhido para representar a Noruega no Óscar 2019 de melhor filme estrangeiro, O Que as Pessoas Vão Dizer (Hva Vil Folk Si) traz novamente à tona a discussão da liberdade individual sendo sufocada por dogmas religiosos, tendo como resultado um dos filmes mais preciosos do ano.



Nisha (Maria Mozhdah) é uma jovem adolescente que vive no seio de uma família de cultura muçulmana em meio a Oslo, capital da Noruega. Apesar da pressão familiar para seguir as tradições religiosas, Nisha é dona de um espírito livre, e quer ser como todas as outras jovens que ela conhece da sua idade. Ela vai em festas, fica com rapazes, e vai vivendo a vida da melhor maneira que pode, ainda que na maioria das vezes escondida.

Essa maneira de enxergar a vida causa um enorme desconforto em sua família, que teme ser mal vista pelos vizinhos da mesma origem. As coisas pioram muito quando ela é descoberta namorando, e na tentativa de isolar a menina e reeducar conforme as leis da religião, o pai decide mandá-la para morar com a avó no Paquistão. Lá ela precisa mudar toda sua rotina e reaprender costumes à força.



Já vi muitas vezes essa realidade cruel ser mostrada nas telas, mas sempre é triste da mesma maneira. Terrível pensar que ao redor do mundo existam tantas Nisha's por aí, tendo que se submeter a uma vida que não é delas, sem liberdades individuais, e tendo que carregar o peso de não poder ser quem se é de verdade. Até quando essas culturas continuarão sendo tão atrasadas e desatualizadas perante o restante do mundo?

O roteiro é muito bem realizado, e as atuações são extremamente fortes. Inclusive, o fato de ser falado quase todo em Urdu (uma das línguas oficiais do Paquistão) deixa o filme muito mais verdadeiro. Destaco ainda o final, que traz uma das cenas mais emblemáticas e pesadas que vi no cinema em 2018. Ainda estou no começo da maratona do Óscar, mas já considero O Que as Pessoas Vão Dizer um dos meus favoritos.


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