terça-feira, 14 de abril de 2020

Crítica: Magnatas do Crime (2020)


O britânico Guy Ritchie é aquele típico cineasta que possui uma assinatura própria e inconfundível em seus trabalhos. Entretanto, ele vinha deixando de lado esse seu estilo nos últimos anos para se embrenhar no mundo dos blockbusters, onde filmou longas como Aladdin e Rei Arthur. Com Magnatas do Crime (The Gentlemans), Ritchie volta ao velho estilo que o consagrou, para alegria dos fãs que esperavam ávidos por esse momento.


O filme conta a história de Mickey (Matthew McConaughey), um produtor e vendedor de maconha do Reino Unido que está querendo se aposentar dos negócios e vender o império que construiu do zero e comandou por décadas. O principal interessado na compra é um bilionário britânico (Jeremy Strong), mas no meio de tudo existem muitos outros interessados, que irão tentar tomar o negócio de outras formas mais "fáceis".

Ao bater o olho no roteiro, ele até não parece trazer nada de extraordinário e que já não tenha sido mostrado em tela, mas o que faz o filme ser diferente de tudo que foi visto no cinema nos últimos anos é a sua forma narrativa nada convencional. Toda a história de Mickey é contada por Fletcher (Hugh Grant), que está escrevendo o roteiro de um filme e está mostrando-o para Ray (Charlie Hunnan), que por sua vez é um dos principais empregados e capangas de Mickey. Essa metalinguagem utilizada para contar uma história dentro de outra pode parecer confusa pra quem ainda não assistiu o filme e está lendo isso, mas funciona demais na tela.


Ao longo do filme vão surgindo muitas histórias paralelas, muitos personagens, e isso não deixa o filme cair de rendimento em nenhum momento, porque está sempre com aquele clima de novidade no ar. O final traz um plot twist muito interessante e deixa um gostinho de sequência vindo por aí. Na parte técnica, é imprescindível falar primeiramente da trilha sonora, que é fantástica e casa perfeitamente com todo o clima do filme. Figurino, design de produção e fotografia também são de encher os olhos.

Se a parte técnica está impecável, o que dizer desse elenco afiadíssimo? Matthew McConaughey está mais uma vez perfeito no papel do protagonista, mas dois nomes se destacam entre os demais: Charlie Hunnam (um dos melhores atores dessa geração e que infelizmente ainda é muito subestimado) e Hugh Grant (uma atuação de gala do ator como eu não via há muito tempo). O filme ainda tem participações importantes de Colin Farrell, Jeremy Strong, Henry Golding e Michelle Dockery, todos excelentes.


Magnatas do Crime é, para mim, uma das maiores e mais bem vindas surpresas do cinema nesse ano louco que a gente está vivendo. Um filme que eu reverencio pela qualidade, mas acima de tudo pela coragem de não se apegar em artifícios simplórios para agradar o grande público. Um grande acerto de Guy Ritchie depois de muitos anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário