segunda-feira, 13 de abril de 2020

Crítica: Waves (2020)


Com o passar dos anos a gente vai aprendendo a identificar se um filme vai ser bom ou ruim logo nos primeiros dez minutos da exibição. Claro, existem exceções e alguns até conseguem surpreender depois, mas em regra isso dificilmente falha. Waves, do diretor Trey Edward Shults, me conquistou desde a sua primeira cena e segurou minha atenção até os créditos finais com um drama familiar bastante intenso e humano.



O filme acompanha uma família negra de classe média de Miami e pode ser dividido em duas partes, que mesmo distintas se ligam por um "denominador comum". A primeira parte foca em Tyler (Kevin Harrison Jr.), o filho mais velho da família, que cursa o colegial e sofre uma pressão violenta do pai (Sterling K. Brown) para ser bem sucedido na vida, principalmente nos esportes. Essa relação pai e filho é o que move essa primeira parte, além do namoro de Tyler com Alexis (Alexa Demie), que descobre estar grávida.

Após um fato trágico a família se desestrutura totalmente, e a segunda parte do filme foca em Emily (Taylor Russell), a irmã mais nova da família, e na sua relação com os estudos e com Luke (Lucas Hedge). O roteiro muda um pouco de tom nessa parte mas não perde o ritmo, graças aos bons argumentos que vão surgindo a todo momento e que vão mantendo a curiosidade no espectador.



A direção de Trey Edwards é sublime. A forma não convencional que é utilizada para contar a estória faz toda a diferença no seu desenrolar e auxilia no apego emocional que se cria entre o espectador e os personagens. Isso ganha ainda mais força por conta das atuações, e neste quesito eu destaco o garoto Kevin Harrison Jr., que surpreende com uma atuação extremamente madura e enérgica.

A trilha sonora também é um dos pontos mais fortes do filme. Algumas músicas se fundem com a própria cena e com os sentimentos e pensamentos dos personagens naquele momento e é muito interessante ver como isso funciona na tela. Por falar em tema, os formatos da exibição também mudam conforme o tom do filme, ora com tela cheia, ora com tela reduzida. 



Por fim, Waves é mais uma prova concreta de que, por mais simples que seja a história contada, nas mãos de um diretor competente ela ganha potencial para se transformar em uma grande obra. Mais uma produção competente da A24 que não ganha a notoriedade que merece, mas que se torna inesquecível para qualquer um que tem a oportunidade de assisti-la.


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