terça-feira, 10 de agosto de 2021

Crítica: Tenho Medo Toureiro (2021)


Adaptado de um livro do chileno Pedro Lemebel, Tenho Medo Toureiro (Tengo Miedo Torero), do diretor Rodrigo Sepúlveda, é um filme muito sensível sobre preconceito, resistência, aceitação e, sobretudo, o amor, seja ele na forma que for.



La Loca del Frente (Alfredo Castro) é uma travesti quase beirando os 60, que vive sozinha e se apaixona por um homem que a salva de ser espancada durante uma batida militar numa boate. Vale lembrar que o enredo se passa durante a ditadura no Chile, que foi uma das mais sangrentas da América Latina, e que era extremamente intolerante contra o público LGBT.

O homem que a salva é Carlos (Leonardo Ortizgris), um jovem que faz parte de um grupo revolucionário que está planejando assassinar Pinochet. Movida pela paixão repentina e também como uma forma de recompensa-lo, "La Loca" aceita guardar em sua casa algumas caixas de Carlos que supostamente teria livros subversivos dentro.



Com um leve toque de humor mas sempre preocupado em mostrar a dura realidade daquela época, o roteiro também acerta em tocar num ponto muito perspicaz: de que não foi somente em ditaduras que os Lgbt's sofreram abusos e repressão, e que por isso mesmo, eles não estavam na linha de frente contra o regime. Isso fica evidente quando a protagonista fala que só vai lutar de fato numa revolução que for inclusiva e para todos.

Além dos diálogos excepcionais, um dos pontos alto do filme, ao meu ver, é a atuação de Alfredo Castro, que nos faz criar uma empatia imensa por essa personagem tão complexa e que é cheia de vida, mesmo tendo passado por poucas e boas. O filme chegou ao Brasil diretamente no catálogo da Amazon Prime Vídeo, e eu recomendo fortemente a todos.


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