domingo, 13 de março de 2022

Crítica: Batman (2022)

Filmes de super heróis, em geral, não me atraem nem um pouco. Confesso que já tentei assistir filmes do gênero mas o excesso de GCI e algumas características específicas desse tipo de obra me afastaram demais deste universo. Porém, existe um personagem dos quadrinhos que sempre me faz abrir uma exceção, pois considero a abordagem de seus filmes muito mais realista e profunda do que os demais. Estou falando dele, o Batman, que teve sua primeira aparição nas telonas em 1943 e já foi interpretado por alguns dos maiores nomes do cinema como Robert Lowery, Michael Keaton, George Clooney e Christian Bale.


Em Batman (The Batman), dirigido por Matt Reeves, quem assume a responsabilidade de interpretar o "homem morcego" é Robert Pattinson, que eu particularmente considero uma ótima escolha por ele ser um dos atores mais completos da nossa geração. Justamente por isso não me surpreendeu a atuação incrível de Pattinson, que mais uma vez calou os críticos e demonstrou estar mais preparado do que nunca para o papel. Diferente dos últimos filmes, onde a figura do Batman já fazia parte do cotidiano de Gotham City, aqui temos um Batman mais jovem, recém descobrindo o que de fato é "ser o Batman". Outra mudança de perspectiva diante das obras anteriores é o fato do filme de Reeves focar muito mais no lado investigativo do protagonista, que trabalha junto com o chefe de polícia Jim (Jeffrey Wright) para desvendar uma série de assassinatos que está amedrontando a cidade.

Por ter essa atmosfera mais enigmática, que remete a filmes "noir" do passado, o roteiro acaba tendo menos cenas de ação, o que achei bom, visto que quando elas aparecem são com propósito e muito bem encaixadas com o enredo. Aliás, destaco duas cenas de ação que para mim valeram o ingresso do filme: a perseguição com o "BatMóvel" atrás do Pinguim, interpretado por um irreconhecível Colin Farrell, e a cena em que o Batman luta com capangas de Carmine (John Turturro) no escuro, que tem sua iluminação conduzida apenas pelo fogo dos projéteis saindo das armas, e que segundo o próprio diretor não teve nenhum tipo de efeito digital.

Para além da ação, uma das cenas que mais me impressionou foi logo no início quando Batman enxerga um menino que acabou de ficar órfão, e é perceptível no seu olhar a ligação que ele faz entre a situação que está presenciando e os acontecimentos trágicos da sua infância, o que automaticamente cria uma empatia muito forte dele com a criança. Mais para o final ainda tem aquela que para mim é a grande cena do longa, com uma participação impressionante e digna de Oscar do ator Paul Dano.

No fundo de tudo existe uma Gotham City mais uma vez sombria e imoral, onde o crime cresce diariamente na mesma velocidade em que a corrupção corrói aqueles que deveriam cuidar disso. Aliás, importante dizer que a trama se passa durante os dias que antecedem a nova eleição para prefeito, onde os ânimos estão exaltados e muitas coisas estão sendo varridas para debaixo do tapete, cenário propício para surgir alguém como o vilão Charada, que quer "expor a podridão" que existe naquela cidade.
 

Algumas coisas bem específicas me incomodaram um pouco, mas creio que sejam mais questões de gosto pessoal do que necessariamente defeitos, por isso nem entrarei em detalhes sobre. Por fim, não irei fazer comparações com outros filmes do herói, pois considero que cada filme tem sua própria identidade, assim como cada ator que o protagoniza, mas certamente o Batman de Reeves e Pattinson já entra para a história como um dos melhores de todos os tempos.
 

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