quinta-feira, 10 de março de 2022

Crítica: O Canto do Cisne (2022)


Descobrir que você tem uma doença terminal e que consequentemente tem pouco tempo de vida deve ser algo terrível, sobre o qual não consigo nem mensurar. Tão terrível quanto deve ser o sentimento de quem fica, e precisa seguir em frente guardando o amor apenas nas lembranças. Mas e se você tivesse a oportunidade de colocar um clone absolutamente igual a você no seu lugar para continuar sua vida de onde parou, e dessa forma pelo menos preservar os outros de sentir essa dor? Essa é uma questão delicada e muito difícil de ser respondida, e é o que move O Canto do Cisne (Swan Song), longa-metragem de ficção científica que marca a estreia do realizador irlandês Benjamin Cleary.


"Swan Song" é uma expressão da língua inglesa que fala justamente sobre o último gesto ou ato de alguém antes de morrer, e o dilema em aceitar ou não esta solução tecnológica para a morte cabe todo a Cameron (Mahershala Ali), que não conta para a família sobre sua doença e precisa decidir o quanto antes se vai optar pela alternativa ou não. Quem opera a empresa de clones em um lugar completamente isolado (já que aparentemente o negócio é ilegal e está em fase de testes) é a médica Jo Scott (Glenn Close), que faz questão de mostrar todos os detalhes de como funciona a criação do clone e a troca, bem como o fato de que a família não terá como desconfiar de nada.

O enredo se passa em um futuro distante e dá para perceber pelos cenários, pelos carros modernos e por algumas tecnologias que ainda não temos, como a lente de contato com câmera embutida. Além, é claro, da própria clonagem humana, algo que até então já foi muito discutido mas que ainda não foi de fato comprovado ser possivel. A atmosfera do filme segue a mesma linha de séries que abordam as consequências das tecnologias nas nossas vidas, como por exemplo Black Mirror, e quem gosta desses temas certamente vai ter uma experiência agradável. A narrativa no entanto é bem lenta, e é preciso ter paciência para ir adentrando neste universo.


Mahershala Ali está muito bem, tanto no papel do protagonista como no do seu clone, e até esperava uma nova indicação ao Oscar. Destaque também para Awkwafina, que faz uma personagem à beira da morte que optou pela escolha e está assistindo de longe sua família seguir a vida sem ela. Por fim, Swan Song é claramente um filme que fala da morte, mas eu consigo ir além na analogia e entender ele como um filme que fala sobre fins de ciclos, e sobre seguir em frente quando não nos sentimos mais bem-vindos em algum lugar, seja em um relacionamento amoroso ou até mesmo na casa onde crescemos.


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