quinta-feira, 24 de março de 2022

Crítica: O Bombardeio (2022)


Em 21 de março de 1945, o exército britânico cometeu um dos erros mais absurdos já vistos durante uma guerra. Tendo como alvo o prédio da Gestapo em Copenhagen, os aviões da força aérea acabaram errando o local e atingiram uma escola próxima, matando mais de 120 pessoas, grande maioria delas crianças. Dirigido pelo dinamarquês Ole Bornedal, O Bombardeio (Skyggen i mit oje) conta um pouco mais desta tragédia, mas infelizmente se perde em um roteiro raso, sem foco, e extremamente forçado.


Primeiramente, devo dizer que a introdução do filme é ótima, onde três jovens meninas estão indo para um casamento e acabam sendo atingidas por uma saraivada de balas jogadas de um avião. O diretor claramente quis começar passando a mensagem de que a guerra é algo que atravessa violentamente a rotina de pessoas inocentes sem pedir licença, e nisso ele acertou demais. A partir de então, a história vai se desenrolando ao redor de personagens que moram na capital dinamarquesa e que lá no final irão se conectar, mas que por enquanto são mostrados individualmente. E é aqui que o filme começa a se perder.

Ao querer mostrar um pouco de cada personagem, o roteiro não se aprofunda de fato em nenhum. Um dos exemplos é a freira Teresa (Fanny Bordenal), que começa a se questionar sobre Deus depois dos horrores que presencia na guerra e que por si só poderia ter rendido um plot muito interessante, mas que foi totalmente desperdiçada quando inicia um romance com um soldado alemão. Também achei forçado o garoto Henry (Bertram Bisgaard), que fica traumatizado após assistir a um fuzilamento e perde a voz, mas em uma virada totalmente previsível, a recupera quando se faz necessário.

Por mais que já estejamos cansados de ver histórias da Segunda Guerra, tanto no audiovisual como na literatura, senti que faltou uma contextualização da situação e do porquê da Dinamarca estar sendo alvo naquele momento. Também não tenho problemas com dramas, inclusive gosto muito de filmes que me emocionam pelo conteúdo e diria até que é meu gênero preferido, mas aqui temos o típico filme que tenta, nitidamente, forçar a todo momento um choro no espectador e isso me incomoda demais.

 


O novo lançamento da Netflix no Brasil provavelmente renderá discussões no momento em que vivemos as tensões de uma guerra na Europa oriental, mas infelizmente deixa a sensação que de que poderia ter sido muito mais do que foi. Como disse no começo, é um filme que não tem foco, e por isso acaba sendo muito superficial na sua proposta. Uma pena.
 

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