terça-feira, 3 de maio de 2022

Crítica: Apollo 10 e Meio - Aventura na Era Espacial (2022)


Vinte e um anos depois do excelente "Walking Life", o diretor Richard Linklater (da trilogia Before e Boyhood) volta ao mundo das animações com Apollo 10 e Meio: Aventura na Era Espacial, e assim como fez na sua primeira aventura com o gênero, ele também utiliza a rotoscopia, que consiste em mostrar imagens animadas construídas em cima de imagens pré filmadas com humanos de verdade.


A trama semi-autobiográfica, que chegou mês passado no Brasil pelo catálogo da Netflix, se passa em Houston no final dos anos 1960, quando a corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética estava no auge e a NASA não estava medindo esforços para mandar o primeiro homem à lua. No meio disso tudo temos o garoto Stan (uma espécie de versão do diretor na infância), que tem 10 anos, é o caçula da família, e passa seus dias entre a escola e as brincadeiras com outras crianças da rua, e as noites entre séries e desenhos na televisão, sobretudo os de ficção científica. Um dia ele é selecionado para uma missão super secreta da agência espacial, que quer levá-lo à lua como um teste antes da decolagem da Apollo 11.

Muito mais do que a ansiedade que existia em ver o homem ganhando o espaço, o filme também monta um panorama da juventude daquela época, que vai desde as músicas que ouviam ou séries e filmes que assistiam na recém criada televisão a cores, até o receio com as notícias diárias e chocantes vindas da Guerra do Vietnã. Tem ainda todo o fascínio que existia em torno da própria corrida espacial, principalmente para quem morava perto de onde tudo era controlado, além de algumas pequenas referências políticas. É, sobretudo, o retrato de uma geração que cresceu em uma época muito conturbada mas ao mesmo tempo repleta de mudanças que acabaram moldando a forma como enxergamos o mundo hoje.


Ultimamente temos visto vários diretores trazendo a nostalgia da sua infância pras telas. Foi assim com Roma (Alfonso Cuarón), e agora mais recentemente com A Mão de Deus (Paolo Sorrentino) e Belfast (Kenneth Branagh). Eu particularmente gosto bastante desse tipo de filme, e aqui mais uma vez, terminei satisfeito com o resultado final.


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