sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Crítica: Moonage Daydream (2022)


David Robert Jones, conhecido mundialmente como David Bowie, dispensa qualquer apresentação. Ícone da música e da cultura pop, o artista lançou mais de 25 discos entre 1967 e 2016, ano de sua morte, e teve uma carreira marcada por apresentações inesquecíveis, entrevistas polêmicas e um visual único. Na tentativa de mostrar um pouco do que foi a vida e a obra do artista, o diretor Brett Morgen (o mesmo de "Kurt Cobain: Montage of Heck") nos apresenta Moonage Daydream, um documentário fora dos padrões e extremamente singular, do jeito que Bowie merecia.


Com um visual que flerta com o psicodelismo, e muito colorido, Morgen faz um apanhado riquíssimo da vida pessoal e da vida pública de Bowie, fugindo completamente daquela estrutura linear que nos acostumamos a ver em documentários biográficos. São muitas imagens de arquivo, tanto de shows como de videoclipes e entrevistas, que vão formando pouco a pouco a personalidade de Bowie e mostrando o porquê de ele ter chegado onde chegou e conquistado tantos fãs. Bowie era, acima de tudo, um personagem, e ele mesmo fala sobre isso em uma das entrevistas, pois era a forma dele se expressar e ao mesmo tempo esconder suas fraquezas, fugindo da realidade. Porém, fica muito evidente quando entra em cena o David Robert Jones de fato, nos momentos mais emocionantes em que ele conta situações íntimas de sua infância, de seus relacionamentos e fala de suas perspectivas a respeito do futuro, tanto dele como da humanidade. 

Temos falas realmente impressionantes do artista sobre a vida, sobre o amor, e sobretudo a arte, e tudo com muita sensibilidade. Um dos momentos que mais me marcou foi quando ele falou do seu irmão, que foi sua grande referência na infância e depois acabou sendo internado por esquizofrenia, e o medo que ele tinha de seguir os mesmos passos por também ser "diferente". Bowie era uma pessoa inquieta, que gostava de mudar a todo momento, e o filme também explora essas mudanças em sua trajetória, que vão desde o visual até suas constantes mudanças de moradia, como quando foi morar na Berlim dividida pelo muro porque achava que ali era o local ideal para viver sem ser reconhecido nas ruas.

 

Ao mesmo tempo que é bastante sensível, o documentário também é pulsante, e as imagens de Bowie tocando ao vivo são um verdadeiro deleite para quem é fã. O acervo de imagens é vasto, já que esta é a primeira obra 100% autorizada pela família, e o diretor conseguiu utilizar muito bem todo o material que tinha em mãos. Destaque também para as pinturas e esculturas que Bowie fazia em seu tempo livre, que são mostradas e exaltadas em primeira mão com muitos detalhes. Moonage Daydream acaba sendo muito mais do que um simples documentário biográfico, se tornando uma verdadeira experiência imersiva, que acima de tudo exalta a figura de um artista completo e incomparável.
 

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