sexta-feira, 12 de julho de 2024

Crítica: Divertida Mente 2 (2024)


Divertida Mente, lançado em 2015, é indiscutivelmente um dos melhores filmes de animação já lançados pela gigante do mercado, a Pixar. Acompanhando cinco emoções dentro da mente de Riley, uma garotinha de 11 anos de idade que enfrentava uma série de mudanças em sua vida, o filme conseguiu trabalhar perfeitamente os arquétipos que nos fazem ser quem somos, e tinha uma mensagem incrível por trás, tendo até mesmo mais apelo entre os adultos do que entre as crianças. Quase dez anos depois, a Pixar resolveu lançar uma sequência, onde traz novas emoções e novos desafios para a garotinha, mas que infelizmente só mostra o quanto o estúdio está afundado em uma crise criativa que parece não ter fim.


Em Divertida Mente 2, Riley agora está com treze anos, finalmente chegando à adolescência, uma idade complicada e com ainda mais mudanças, que de uma forma ou de outra podem afetar toda a vida que vem pela frente. Um cenário perfeito para a adição de novas emoções na cabeça da personagem, com a  chegada da puberdade. Logo, junto da alegria, da tristeza, do nojo, do medo e da raiva, se juntam a ansiedade, o tédio, a vergonha e a inveja, sentimentos que farão parte do cotidiano de Riley, e que definirão boa parte de suas ações dali em diante.

O roteiro se passa em curto período de tempo, enquanto Riley tenta conquistar espaço na equipe de hockey da sua nova escola. Ela também está tentando se enturmar com as meninas populares do lugar, enquanto tenta manter as antigas amizades em pé. Neste cenário, não demora para que as novas emoções tomem conta da "sala de controle" da mente de Riley, fazendo com que a menina passe a ter atitudes diferentes e desejos conflituosos, deixando valores e convicções que havia conquistado para trás e construindo uma nova personalidade.

Eu estava curioso para saber como que essas novas emoções iriam se encaixar com as antigas, e confesso que fiquei um pouco frustrado com o resultado final. Senti que as novas emoções foram muito mal aproveitadas, tanto que os melhores momentos acabam sendo justamente aqueles em que as emoções já preestabelecidas no filme anterior aparecem em cena, mesmo que em um roteiro para lá de convencional e óbvio. Não há nenhum momento chave na trama envolvendo os novos personagens, com exceção de alguns momentos muito específicos da ansiedade, a única adição realmente positiva nessa sequência. Não dá para dizer que o filme é totalmente decepcionante, pois ele tem sim os seus momentos interessantes, porém não dá para negar que é muito menos inspirado do que o primeiro.

 

Se o primeiro filme trazia, de uma maneira até mesmo complexa, algumas discussões sobre saúde mental para os adultos, o segundo parece ser construído quase que exclusivamente para agradas as crianças, com algumas tiradas bobinhas, artifícios visuais chamativos e até mesmo uma espécie de quebra da quarta parede para fazer com que os pequenos no cinema interajam com o filme. Em termos de bilheteria, é óbvio que Divertida Mente já é um sucesso, pois todos queriam ver a continuação do trabalho brilhante de nove anos atrás. Uma pena que o efeito causado, pelo menos para mim, tenha sido mais negativo do que o contrário.

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