quarta-feira, 24 de abril de 2013

Crítica: Eu e Você (2012)



O italiano Bernardo Bertolucci é o tipo de diretor que não deveria, para o bem do cinema, ficar dez anos sem dirigir um filme. Seu último trabalho havia sido Os Sonhadores, de 2003, e de lá para cá ele não havia feito nada novo até surgir a ideia para o roteiro de Eu e Você (Io e Te).





O filme conta a estória de Lorenzo (Jacopo Olmi Antinori), um jovem de 14 anos problemático, solitário, e que não aprecia nenhuma espécie de contato humano. A única pessoa com quem ele se identifica é a avó, a quem ele vai visitar o tempo todo no hospital.

Ao ser convocado para uma excursão do colégio, Lorenzo mente para os pais que vai viajar com a turma e se esconde por sete dias no porão da própria casa, apenas na companhia de seu computador, seus livros, uma "cidade de formigas" e um estoque de comida detalhadamente preparado.




O garoto, porém, não contava com a aparição da irmã por parte de pai, Olívia (Tea Falco), que o descobre no porão e passa a chantageá-lo para poder lhe fazer companhia. A relação dos dois de início é conturbada, mas aos poucos vira uma relação de carinho mútuo, já que ambos descobrem a dificuldade de de relacionamento com pessoas em comum.


Olívia está em recuperação do uso de heroína, e vive momentos de desespero por causa da abstinência. O diretor consegue, através de cenas fortes e verdadeiras, mostrar o drama pessoal dessa garota, e de alguma forma, o desespero do irmão em tentar ajuda-la.


É importante analisar que o tempo todo Bertolucci passa a idéia de que estamos diante de um caso que poderíamos considerar um incesto, mas sutilmente, sem demonstrar nada explicitamente. Aliás, o longa é campeão de brincar com a subjetividade do espectador, do início ao fim.




Eu e Você traz uma fotografia belíssima, além de uma trilha sonora impecável (com The Cure, Red Hot Chili Peppers, Muse, entre outros). Outro ponto forte são as excelentes atuações de dois jovens atores em início de carreira, que surpreendem pela qualidade e veracidade de seus personagens. É uma boa história, com boas cenas, que apesar da monotonia vale a pena ser assistido.

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