segunda-feira, 30 de março de 2015

Crítica: 10.000 Km (2014)


É possível manter uma relação amorosa à distância? Esse é um dilema que muitos casais hoje em dia tem que passar, e o espanhol Carlos Marques-Marcet conseguiu captar isso de forma única, sem ser nem um pouco apelativo ou piegas, em seu primeiro trabalho como roteirista e diretor.



Alexandra (Natalia Tena) e Sergi (David Verdaguer) formam um jovem casal espanhol cheio de sonhos, que vivem juntos em um apartamento em Barcelona e levam uma vida normal. O dias vão passando até que um dia Alexandra recebe uma proposta irrecusável de emprego no outro lado do oceano. No início eles relutam em aceitar, mas por uma questão profissional ela decide aceitar, e parte então rumo aos Estados Unidos onde ficará um ano.

A partir de então, o contato que eles mantém é apenas através da webcam. Aliás, é bastante interessante como o filme transcorre daí para frente. A maioria das cenas são dentro dos próprios computadores, onde eles conversam quase todos os dias para matar a saudade. Porém, o sentimento de solidão é imenso mesmo com essa ajudinha da tecnologia, e aos poucos, como era de se esperar, a relação vai se desgastando.



Esse desgaste da relação é muito bem mostrado em cena. Nos primeiros meses tudo que eles queriam era se ver, mas aos poucos cada um vai dando mais importância a suas próprias coisas, principalmente Alexandra. As conversas vão ficando cada vez mais curtas e os assuntos já não são mais os mesmos.

O egoísmo e o ciúme de Sergi, que não consegue se sentir bem vendo Alexandra curtir a vida com os amigos na nova cidade enquanto o "deixa de lado", é um ponto importante nesse distanciamento. Porém, antes de julgar sua atitude, devemos pensar se não faríamos igual na mesma situação. Eu particularmente não sei responder.



Quando os dois se reencontram, já não existe mais aquela paixão de antes. Pareciam na verdade dois estranhos que mal tinham do que falar. A cena final é extremamente dolorosa e mexe fundo na alma, principalmente de quem já teve que passar por algo assim. O que mais chama a atenção no filme é a química que existe entre os atores. Aliás, atuações impressionantes, onde eles conseguiram mostrar a maioria dos sentimentos apenas através do olhar, com o uso de poucas palavras.

Por fim, apesar da premissa ser aparentemente simples, 10.000 Km é um filme diferenciado e de extrema competência, principalmente porque foge de qualquer esteriótipo do gênero. Vale a pena cada segundo mesmo sendo um filme parado, o que pode incomodar muita gente que não gosta de filmes assim.


6 comentários:

  1. Eu n entendi bem o final, eles apenas se tocaram que n era mais a mesma coisa? que tudo estava acabado?

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  2. Então Maeve, foi exatamente o que eu entendi. Eles tentaram até o limite, e o choro na cena final foi justamente por perceber que aquele momento, no fundo, seria uma despedida definitiva.

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  3. Não vejo assim. A relação sofreu um desgaste pela distância, isto é certo, mas o amor dos dois é tão forte que superarão. Imagino que resolvam passar mais um ano em Los Angeles, juntos desta vez e em buscar de uma gravidez.

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  4. Isso que é o mais legal nesse filme: a subjetividade do final.

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  5. Acabei de assistir no Netflix e o final me remete a despedida definitiva. Eles transam, não terminam e não veem mais o sentimento que eles tinham. O choro representa a decepção e a tristeza de que um momento tão duradouro, 7 anos que tiveram em barcelona, se acabou com 1 ano de distância.

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