quinta-feira, 19 de março de 2015

Crítica: For Those Who Can Tell no Tales (2014)


Ainda desconhecido no Brasil (tanto que não possui nem previsão de um nome em português), o bósnio For Those Who Can Tell no Tales, da experiente diretora Jasmila Zbanic (de Em Segredo) é um retrato fidedigno de como as cidades se reerguem depois de uma guerra mas nunca deixam para trás seu passado sangrento.



Kym (Kym Verdoe) é uma jovem australiana que gosta muito de viajar. Porém, diferente da grande maioria, ela prefere conhecer lugares exóticos e pouco explorados, e isso acaba levando-a à Bósnia-Herzegovina. Admirada com as belas paisagens do país, ela vai seguindo as indicações do guia ilustrado que comprou antes da viagem, inclusive na parte da hospedagem.

Dias depois, de volta à Sidney, ela começa a pesquisar melhor sobre os lugares que visitou e algo a deixa extremamente chocada. O hotel na cidade de Visegrad, descrito pelo guia como um "hotel romântico", foi utilizado durante a guerra como campo de concentração de mulheres, que eram estupradas e mortas diariamente em quartos como o que ela dormiu, muito possivelmente em cima das mesmas roupas de cama que ela usou.



A partir de então Kym não será mais a mesma. De volta à Visegrad e decidida a desvendar mais a fundo os segredos que as gélidas paredes dessa cidade guardaram por anos, ela vai filmando e tirando fotos de tudo, o que chama a atenção da polícia e dos habitantes locais, que passam a enxergá-la com desconfiança.

O enredo é bastante interessante, principalmente por nos fazer pensar no quanto de história cada cidade carrega em si, muitas delas terríveis. Detalhe para os closes em pedaços de paredes e ruínas, mostrando de perto as cicatrizes que a guerra deixou. A personagem é bastante carismática no começo, registrando toda a viagem em vídeos, e aos poucos vai sendo afetada duramente pela verdade dos fatos. Como ela mesma diz, "a ignorância é uma benção", e as vezes é melhor não saber de tudo.


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