terça-feira, 26 de maio de 2015

Crítica: A Família Bélier (2014)


Na excêntrica família Bélier, todos os membros são surdo-mudos com exceção da jovem Paula (Louane Emera), filha mais velha do casal Rodolphe (François Damiens) e Gigi (Karin Viard). Por conta disso, ela acaba sendo a intérprete da família em quase todas as situações, sendo de extrema importância para a relação da família com o mundo exterior.



Vivendo em uma fazenda, a principal rotina de todos é cuidar dos animais e das plantações da propriedade, mas Paula ainda precisa reservar um tempo para os estudos. Apesar de ser tímida e viver uma vida quase reclusa, ela não deixa de ser como todas as outras adolescentes de sua idade: tem uma melhor amiga inseparável, um namoro mal resolvido e o mais importante de tudo, sonhos.

Incentivada pelo seu professor Thomasson (Eric Elmosnino), Paula descobre um dom seu até então desconhecido: o de cantar, e a partir de então começa a sonhar alto na carreira musical. A partir desse momento você vai ouvir muita música. Muita mesmo! E todas de extrema qualidade, graças à voz de Leouane Emera, conhecida por ter participado da edição francesa do programa de televisão The Voice.



O enredo faz uma análise bem humorada de pessoas que vivem na situação de completa surdez, e boa parte dos diálogos do filme são feitos através da linguagem de sinais, o que o torna ainda mais interessante. O clímax final é uma cena belíssima e inesquecível, e responde uma grande questão que permeia todo o filme: como apreciar o talento musical de sua própria filha sendo fisicamente incapaz de ouvi-la?

Sobre o roteiro, o único problema foi ter dado mais atenção à parte musical e ter deixado algumas histórias paralelas sem conclusão, como o próprio namoro de Paula com um colega de canto ou a eleição do pai para prefeito da cidade. Mas nada que tire o brilho e a graciosidade de tudo que é mostrado na tela, principalmente pela qualidade das atuações. Nessa questão vale ressaltar que Luca Gelberg, o irmão mais novo de Paula, é o único ator realmente surdo na produção, e todos os demais tiveram que aprender Libras para viverem seus personagens.



Fenômeno de público na França, A Família Bélier é o trabalho mais sensível até então do diretor Eric Lartigau. Seu bom humor e sua originalidade em contar uma história aparentemente simples é o que transforma ele em um dos filmes mais bacanas do último ano. Com certeza vale a pena!


Nenhum comentário:

Postar um comentário